A Formiga e a Cigarra Vão à Casa de Doces da D. Merkel




Se há algo que mais gosto são comentários espirituosos e bem atirados, sem aquela linguagem hermética de quem quer passar por intelectual tecnocrata e diz em bom português aquilo que pensa. Deve ter sido da chuva, da chegada do Outono ou da igualidade que o equinócio proporciona para que breves e humoradas frases saiam da boca de alguns iluminados.

Não foi sem espanto quando então li esta notícia tão bonitinha, saída da boca do Ministro da Administração Interna, onde diz que "Portugal não pode ser um país de muitas cigarras e poucas formigas". Mal de nós que afinal de contas as cigarras todas andem pelos gabinetes ministeriais e chuchando tudo que as poucas formigas ainda produzem. Até porque é da toca das cigarras que saem medidas que proporcionam que alguns formigueiros fechem portas e matem aos poucos as trabalhadoras incansáveis que sustentam este país. 

Por outro lado, as cigarras asseguram que a vidinha delas continuem a levar a suas mordomias sem pejo nenhum da afronta que é para a simples formiguinha que luta pra apanhar o cacilheiro as 5 da manhã. Isso se quiser chegar a horas no trabalho mal pago e sem qualquer tipo de segurança de continuidade. Mas as cigarras em vez de pegarem na sua cantoria e emigrarem como o chefe falou.. resolvem encher-se o mais que podem, abrem fundações mil pagas pelos bolsos das formiguinhas e levam a vida em permanente festa. E temos que ser honestos, este país pela-se por festas e uma boa patuscada... a chanfarrica não fecha enquanto houver, nem seja uma solitária formiguinha, que alambe nas costas os custos de toda essa cigarrada bunda mole.

Mas esta pequena fábula da qual o nosso país está sendo personagem, não poderia de forma nenhuma trabalhar assim sem a conivência e permissão da dona da Casinha de Pão de Gengibre, a bruxa encapotada de velhinha boa, D. Merkel. Com um banco no território dela que manda e desmanda na economia européia, permite que todas estas cigarras desavergonhadas tenham espaço para fazer o que bem lhes der na gana, em nome de uma tal de austeridade, que afinal de contas só bate na porta das formigas. Mas, provavelmente, tudo faça parte de um plano mais ambicioso do que uma Europa unida economicamente e socialmente. Visa comer o que foi engordando, o que se desprezou em atenção e que possa ser usado como saque depois da guerra.



Porque é interessante reparar, que depois da Segunda Guerra nasceu aquilo que nós conhecemos hoje como União Europeia, depois da derrota estrondosa da Alemanha, aquele país onde um austríaco metido a ariano, com um bigodinho ridículo, pensou dominar o mundo e fazer uma nova era ao estilo Wagneriano. A glória alemã, idealizada pelo Adolfinho, por portas e travessas lá vem chegando aos poucos, a passo a passo como quem não quer nada. (essa de portas e passos não foi intencional, mas calhou bem)

Adulados como os pais de Rapunzel, que em troca de uns rabanetes entregam de mão beijada o país nas mãos de outros, sejam eles de África ou da China, Portugal vive a sustentar cada vez mais cigarras. Os génios da lâmpada, tal qual a história das Mil e Uma noites, os representantes do FMI dão com uma mão e tiram com a outra, estrangulando uma economia e permitindo que a toca da cigarra continue em festa e sem perder nada.


Parece que toda fábula tem um fim moralizante, algo que transmita uma lição de vida e um exemplo a seguir. Desta junção de fábulas contadas e repetidas mandato após mandato governamental, embora os personagens troquem de papéis, a fabula não muda. Há mais cigarras, bruxas e toda essa corja do mal, do que as formiguinhas trabalhadoras e poupadas. Senhoras cigarras, aprendam com as formigas aquilo que realmente é poupar e trabalhar, lembrem-se do tempo que viviam nas 3 assoalhadas num subúrbio mequetrefe do cu do Judas, lembrem-se do transporte público e da vida que se vivia com um salário 10 vezes menor...

...talvez aí e lembrem de algo para nos dizer que não sejam aumentos, cortes de direitos e pouca ou nenhuma segurança na vida. E já agora senhores e senhoras cigarras, peguem na vossa traquitana e vão cantar pra outro lado... lá pra casinha de gengibre de Dª Merkel, por exemplo...porque é assim amiga cigarra: CANTAS BEM, MAS NÃO ME ALEGRAS!!!

...isto cada vez menos parece um país sério... e não se vê ou adivinha um "... e viveram felizes para sempre."

Apareçam

Rakel

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