Anda uma pessoa a desfazer sapatilhas em caminhadas, a beber água e nunca mais a tocar numa coc@col@ e seguindo os 12 passos de todo o chocólatra que se prese. Tal como um ruminante cascudo, vive na salada e na premissa nutricional de que "quanto mais colorido é o prato, mais saudável é", e depois sobe na balança e fica desmotivado/a. O raio do ponteiro está de pedra e cal no mesmo peso ou teve a pouca vergonha de nos mostrar que ainda por cima, depois de tanto esforço.... subimos um par de quilos. Não há direito...
Por um lado no motivamos a pensar que, a ronda de abdominais, as voltas de bicicleta (e quem vive numa cidade como a minha que é feita de subidas e descidas mil sabe o quanto a gente sua), as caminhadas, alongamentos e tudo que foge do sedentarismo pensamos, dizia eu, que as células adiposas se transformaram em massa muscular. Daí o tal peso medonho na balança. Mas não... tá lá aquela pochete pendurada na frente da barriga...
Há pontos básicos na vivencia humana que não nos dão uma nesga de escapatória e convém lembrar que não há luta mais inglória do que tentar batalhar contra a natureza programada há milhentos anos. E as mulheres, só pra variar, tem um papel muito desgraçado nesse campo, pois tudo tem um motivo.
Pra já, logo de caras há o factor gordura boa e a gordura má. E nos temos que ter gordura no corpo, querendo ou não, ela nos serve de combustível para casos de necessidade. A gordura boa, ou castanha como a chamam, é aquela que serve de reserva energética para manter a temperatura do corpo regular. Por outro lado nas mulheres, essa gordura castanha serve também como reserva durante a gravidez, para que não tenha problemas em ficar mais cansada e com pouca energia.
Mais uma vez, convém lembrar que no básico somos animais, portanto, aquilo que eles fazem naturalmente, de comerem feitos uns alarves quando há fartura e guardar reservas no corpo, se passa também connosco. A única diferença... é que o camelo guarda essa reserva nas costas e nós humanos guardamos em mais lugares por culpa da nossa verticalidade: é o pneu indesejável abdominal, é a anca generosa bamboleante e a papada ou três queixos. A malvada da força da gravidade, outra lei da qual não escapamos, começa a puxar para baixo esses excessos adiposos sem dó nem piedade, causando o desaparecimento do cinto e a percepção de que temos pés embora não podemos vê-los.
Depois tem esse tal do metabolismo, que depois dos 35 anos de idade começa a ficar lento, a passo de caracol e se fazendo de besta pensando entrar na reforma tão cedo. Daí que não é aconselhável comer dois frangos assados, porque aos 19 anos fazia isso e não engordava um grama, porque agora só de olhar pra um pastel de nata o raio da balança acusa logo 200 gramas de culpa. Só de olhar...
Portanto, podemos ter IPOD e Andróides e o raio que o parta, mas o corpo, esta máquina milenar funciona na programação do tempo do porrete e da caverna e não há sistema operativo novo que nos valha. Porque tal como acontecia com os nossos antepassados (e o raio da caraga genética é uma gaita) chegado o Verão, das colheitas, da frutificação da terra... era um tal de comer até arrebentar e guardar reservas. Porque o Inverno seria duro, longo e com privações. Estamos a falar de tempo que não havia conservação de alimentos no frio, nem comida em lata ou em pó. E o corpo guardava tudo, até a última azeitona ou uma baga de amora. Mais tarde, nos rigores do Inverno, iam fazer um jeitão pra não ficarmos depois um picolé humano no meio do bosque.
É verdade, o tempo passou, somos civilizados e vivemos em casas aquecidas, conservação de alimentos, temos a possibilidade de, no hemisfério norte, poder comer abacaxi no Natal, graças a importação e livre comércio. Mas o raio do programa interno está-se nas tintas pra isso tudo. E eu, pelo menos, fico me chutando por não ter herdado genes dos índios amazônicos. Porque esse povinho, como não tem Inverno, não fica gordo, não da maneira do civilizado. Aliás, quando fica, é porque andou a comer a nossa comida industrializada. No seu habitat pode ser entrocado, mas de pança pendente não é. Aí a programação genética foi feita em paralelo com o ambiente...se não há Inverno, pra quê guardar gordura?
E aqueles mal fadados 4 quilos que se ganha, chegado o Inverno (no meu caso pelo menos é assim) desaparecem e deixam-me outra vez nesse incha e esvazia sem graça nenhuma. Estudos recentes querem transformar a gordura má (a branca) em gordura boa (a castanha) e para isso há de se fazer manipulação genética e outras façanhas deste cérebro vertiginoso e que tenta driblar o programa inicial.
Não quero com isso dizer, que já que é uma batalha inglória, vamos comer e viver felizes no nosso santo sedentarismo. Não, como já disse antes, espero viver até aos 120 anos de cabecinha lúcida e com rodinhas nos pés, e para isso tenho que manter a mente sã e o corpo são, principalmente a máquina cardíaca.
Fazer exercício faz bem à circulação, ajuda a ter um bom descanso na hora de dormir, regulariza o intestino, dá mais capacidade respiratória e melhora a oxigenação do cérebro. Fazer exercício deveria ser uma cultura, uma regra básica de vivência, e não uma obrigatoriedade quando o médico manda fazer depois de um enfarte ou de uma outra moléstia causada por artérias entupidas e a máquina estafada.
Mas voltando ao assunto em questão: a programação estival que nos lixa a vida. Factos são factos e temos que encarar a realidade. A conjunção estival + metabolismo pós 35+ herança genética pode até não ajudar, mas há de se fazer os possíveis para não deixar atrapalhar. Sem que com isso se cheguem aos extremos de "fechar a boca" e quase entrando no irracional anorético. Porque nesse caso, o de fechar a boca e entrar no regime nazista de só beber água e comer 20 gramas de salada, faz que um verdadeiro alerta vermelho entre em funcionamento no corpo. Um alarme gritando "FOME, FOME, FOME!!!" dispara cá dentro... e não é raro o caso de pessoas que perdem um exagero de peso rapidamente passados uns tempos ganha-os de novo... ou até mais. É que o nosso corpo é inteligente e sabe que funciona mal na penúria...
Há uma coisa que se chama Bom Senso que serve pra contrabalançar os excesso do mais e do menos. Fazer-se esses sobe e desce de balança radicais, acabam pro estragar o bom funcionamento desta máquina inteligente.
Eu cá da minha parte, continuo com os abdominais, com as caminhadas e com uma alimentação regrada ( cigarrinho é que ainda não consegui colocar de lado) regada a água... mas sem dizer que não à UMA cervejinha, um petisco de vez em quando... ou um belo pedaço de pudim. Sempre detestei fundamentalismos que levam a pesar medir e controlar até o número de cerejas que posso comer ou não. Não calculo o meu bem estar a partir de números e tabelas feitas por outros que nem me conhecem....mas dou valor ao meu bem estar....
...e vocês??? vão sair daqui da frente do PC e vão dar uma voltinha???
Apareçam
Rakel
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