Com Boas Intenções o Inferno Está Sem Vagas ou Como Matar Uma Relação parte 2




Há diversas enfermidades ligadas ao fracasso amoroso entre pares, doenças essas que  detectadas a tempo, antes de colocar dentro de casa o seu grande e único amor, vale a pena travar a fundo e repensar a estratégia...


Síndroma da Gabriela (eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim Gabrieeeelaaaa)

Discretamente, como não quer nada, ele deixa a toalha molhada do duche em cima do edredão novinho, deixa a casa de banho tal e qual um aquaparque e ela deixa montanhas de roupa em cima da cadeira despencando em mangas, sapatos desirmanados pelo chão e aquele velho hábito de ter a bijuteria toda espalhada em cima da cômoda.  Ou então ele despeja os bolsos vindo da rua naquele amontoar de moedas, o maço do tabaco, as chaves e uns recibos de gasolineira...em cima do frigorífico. Ela então tem os tupperwares em equilíbrio precário que assusta qualquer cidadão que se aventure a abrir o armário...ou deixa o secador de cabelo bem na bordinha do lavatório da casa de banho pedindo pra cair ou dentro do dito ou no chão.

Toda gente tem as suas manias, os seus hábitos e a adptação com esse meio envolvente de vida a dois leva uns abanões valentes. Porque se os dois são bagunceiros a coisa ainda aguenta-se já que o caos faz parte da vida de cada um (embora não conheça mulher nenhuma que tolere toalha molhada em cima da cama) e vão levando. Mas a vida é irónica e tem sempre o condão de juntar em pares um bagunceiro militante com um agarradinho  a ordem. Conheço mais pares assim do que ambos caóticos ou ambos sofrendo de transtorno obsessivo compulsivo. Ou até o agarradinho ao dinheiro (não é pão duro é controlado, como dizia Chico Anísio) se junta com um desvairado das compras. A tal história dos opostos que não sei que, que se atraem. E ambos, de uma forma sentida e confiante, cada qual acreditando que a sua fé é a certa, pensa que com o tempo... ele ou ela mudam.

Tá provado... não mudam. Ou melhor, mudam sim pra pior, já que com o passar do tempo as bocas foleiras substituem os sermões bem intencionados e as zangazitas de amuos. Aí, começam um a fazer pirraça ao outro. Quando a novidade de viver junto começa, ele ou ela até acham piada a como ela ou ele se zangam e como tudo passa com uma beijinho e mimos. Mas ninguém muda assim do pé pra mão, só muda se QUER. Seja no que for, bagunceiro, preguiçoso, caladão, organizado, o ser humano que se distingue por alguma coisa só muda se quer. Se não muda... refina nos procedimentos. Começa a fazer por pirraça pura e simples  e depois começam aquelas brigas sem jeito nenhum. Até que lotam a paciência ao limite e há rotura.

Síndroma da Dona Flor e Seus Dois Maridos (quando há um falecido ou falecida pelo meio)

Há esse velho hábito de falar dos que já se foram da vida em comum por morte, assim como os falecidos em vida, já que morreu o relacionamento. Não há nada que mate mais um recém relacionamento do que falar do/a falecido/a. Ela era má como as cobras, ele era o pior dos canalhas. Ou ela gostava de puré de maçã ou ele adorava fumar cachimbo... e só por isso ela adora o cheiro do tabaco. Ou quando chega num lugar qualquer e dizem: ahhh já estive aqui antes com o meu ex e foi muito divertido... 
Deixam assim bem claro que o falecido não está devidamente enterrado ou colocado no arquivo dos solucionados e volta e meia são ressuscitados pelos ainda vivos. E fica sempre aquela indelével sensação que o falecido/a está ali presente toda hora, até na cama. Não há quem aguente essa lembrança perpétua, até porque denota que não está ali a 100%.

Síndroma Mãe Querida ou Pai Herói  (ambas músicas de doer a alma)

Ninguém na face da terra consegue fazer uma feijoada como ela, nem tão pouco há pessoa mais cheia de paciência do que ele. Os pais são uma das maiores referencias que temos. São eles que nos passam a imagem daquilo que mais tarde consideramos o nosso ideal. Porque é fatal como o destino que toda filha dá a volta ao paizinho com a maior pinta. Assim como todo filho joga aquela cantada certeira que leva na seda toda a mãezinha. Manipulamos quando filhos (embora esta que vos escreve não tenha tido sucesso nesse campo) e somos manipulados depois pelos nossos filhotes. Só que, em alguns casos, o cordão umbilical, vai se saber porque, nunca foi cortado. E na comparação com essas super-mães e pais, a gente acaba sempre a perder. E não me venham com tretas: comparam sim. Numa vida a dois em que o outro telefona ao pai ou a mãe para pedir conselho em uma decisão (que pode ir desde a gravata que vai usar no dia seguinte até ao carro novo que quer comprar) o outro é o quê ao fim de contas??? Um espectador dessa "bonita" cumplicidade??? Ou pior... o fatalismo de todo Domingo comer na casa dos sogros...e passar lá TODA A TARDE. Não tarda nada estão a fazer férias, todos juntos na Praia da Consolação ou ir às noites dos Bailes da Saudade. Este síndroma não fica nada longe do acima citado, onde o papel do par é meramente acessório.


....continuo a avisar que o assunto acima citado é meramente obra da observação e de opinião puramente pessoal, carecendo sempre de qualquer aspecto científico. Mas que até dava um bom estudo antropológico dava...

Rakel.

TO BE CONTINUE...


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