Aquele Momento... Em Que Mais Valia Ficar Calado



Você até sabe a verdadeira face do acontecido, presenciou de maneira invejável o acto, mas por um sexto sentido milagroso, ficou de boca fechada e deixou a alegoria contado por outro passar. Isso porque as alegorias são muito mais interessantes e condimentadas que propriamente o facto em si. Se fosse contado de  forma concisa e escorreita não tinha graça e não vingaria no seu sentido lato.

Há momentos em que a nossa intuição nos aconselha vivamente a manter a boca fechada e não mandar bitaites ao ar... só porque fica engraçado, porque geralmente o que é engraçado para nós não tem piadinha nenhuma para os outros.

Num mundo como de hoje em dia que toda gente procura o seu bocadinho de protagonismo não é difícil encontrar quem use sem tino nenhum as palavras. Umas, porque se acham no seu direito absoluto (e muito bem) de expressar a sua opinião, até é um direito consagrado na Constituição e nos Direitos Humanos : a Livre Expressão. Mas é digno assumir as palavras debitadas cá pra fora, porque surgem de dentro de uma pessoa e do uso da sua intelectualidade (parca ou extensa, tanto faz) tornando-a única.

Assumir aquilo que pensa e diz não é só uma tomada de posição, é uma necessidade de ser verdadeiro consigo mesmo, uma forma de respeitar não só a si mesmo, mas a forma como as pessoas verão e entenderão aquilo que somos. Opinião a gente tem de tudo, eu que o diga, as vezes que me seguro e faço das tripas coração para não jogar cá pra fora aquilo tudo que penso. Pra já, seria este espaço um palco de polémicas mil, coisa que não é esse o objectivo deste blog. Aqui pretende-se que as pessoas vejam um outro ponto de vista e que façam elas mesmas o seu próprio ponto de vista. Não há absolutos, nem leis que governem a mente humana e as várias formas de pensar e formar opiniões.

Opinião é uma coisa tão pessoal, que um hoje um cidadão já na casa dos 40 e muitos, diga aos filhos e netos que era um grande revolucionário nos tempos do antigo regime.... só pelo facto de ter gritado uma vez, no auge da bebedeira atómica um "Abaixo a Ditadura" e ter fumado um charro na Associação de Estudantes. Alega ainda que teve um poster do Comandante Ché no quarto e que foi da pá virada. Talvez na cabeça dele isso tudo faça imenso sentido, embora nunca tenha dado o corpo ao manifesto e nem tenha sido um engajado na causa realmente.... e realmente, só uma avançada idade permite dizer tudo o que nos apetece e que se lixe a taça.

Mas quando uma pessoa de um certo estatuto, conhecido por uma faceta de cultura manda um bitaite destes, com uma memória curta demais pra lembrar de uns meses atrás... fica francamente mal. Perdeu o meu respeito. Se for pela mesma lógica, diremos então que devemos persuadir as editoras a não deixar traduzir para várias línguas as obras de Saramago, se querem ler as obras do nobilado autor... que aprendam português!!! Então o que diremos de Amália... que cantou em inglês, senhor Vitorino??? OU COMO O SENHOR VITORINO MESMO FEZ POR CONTA DE UM CHORUDO CACHÊ, MESMO COM TROMBAS AMARRADAS NO ANUNCIO??? Não lembra??? Deixe-me só refrescar a memória:



Lembrou???  Ahhhhh... que bom  :)

Sabe senhor Vitorino, a minha avó materna era alentejana e dizia um ditado que cabe bem pra si:

EM BOCA FECHADA, NÃO ENTRA MOSCA NEM SAI ESTUPIDEZ.


Apareçam

Rakel.

PS: a verdade que essas propagandas de duetos improváveis surtiu em mim o mesmo efeito que as vuvuzelas... neura!

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