O mundo continua girando como sempre sem dar grande importância das coisas mais comezinhas da vida como as tendências da moda, com o dia do Sushi (eu li que tinha dia do sushi... dia mundial??) ou se a balança assinala algum exagero da nossa parte.
O Sol e a Lua fazem os seus turnos pelos céus, indo e vindo conforme o movimento deste planetinha azul, chove quando assim lhe parece bem, venta como tudo em dias que não se contava com isso. Podemos dar-nos ao luxo de ir para o campo e largar a vista na paisagem que se estende a nossa frente. Da mesma forma, podemos ir pra uma praia, só pra poder olhar o ir e vir das ondas e deixar a mente divagar ao som da água batendo nas rochas e o silencio cutinho entre uma vaga e outra.
Temos tudo como um facto adquirido. Basta apenas um gesto já automatizado e ligamos uma luz, abrimos a torneira e já sabemos que dela sairá água. Tudo é nosso, tudo é fácil e está ali para o nosso conforto, sem nunca pensar bem nas consequências dos nossos abusos e negligencias. Negligência é uma forma de abuso, porque saber o mal que se faz e colocar de parte é ser activamente um agente silencioso.
E enquanto o mundo continua girando a volta das greves, do jogo de Quinta- Feira (onde.. sei lá, talvez subam o salário e se esqueçam de mais medidas de austeridade só por causa de Portugal ganhar a Espanha), enquanto tu dormias em cima disso, houve no Rio de Janeiro uma Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, o Rio + 20. Passou-nos ao lado por óbvias razões, já que carecem de explicação, pois que o que estar a dar são as propagandas motivacionais, motivação essa que se espera reflectir na vida socada e empobrecida do país.
Embora os participantes estivessem apostado num factual modo de vida e de leis que saiam do facilitismo do slogan, em que o "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" tem sido uma constante no que toca a protecção e utilização racional de recursos naturais....o resultado não foi nada animador. Porque cada vez que o avanço e as boas intenções ganham terreno, povos e culturas estão a desaparecer. Estender as linhas de desenvolvimento nas regiões intocadas, traduz-se sempre numa industrialização, numa má gestão de recursos naturais e a perda irrevogável de culturas ancestrais e frágeis. Feito um Pac-Man , o desenvolvimento e a globalização engolem tudo e não deixam rastro de mais nada. E bem me parece que, os exemplos anteriores não tenham servido de nada para exemplificar que o respeito pelos povos e as suas culturas deve ser preservados.
E não foi sem consternação, que fico a saber que aquela inútil mão de pântano chamada Dilma, ex- terrorista e actual Presidente, anunciou que uma área de mais de 400.000 hectares de território em Monte Belo será inundado para a construcção de mais uma hidroeléctrica. Mais de 40.000 indígenas locais serão desalojados, privados das suas terras em favor de um progresso que, quase sempre no meu país, vem embalado por mãos sujas e sempre ganhando alguma vantagem nisso. Nessa conferencia, chocou-me ver a desesperança no rosto de um dos chefes tribais ao ouvir essa "anormalidade" , já que o Brasil, tendo imensas horas de sol, poderia apostar não só na energia solar, como também na das marés e eólica. Mas assim, talvez querendo concorrer com a China, aposte em fazer uma das maiores barragens do mundo. Só pra constar no livro dos Recordes. Absurdo.
E o mundo gira de novo, o Sol aparece e desaparece no horizonte, e mais uma vez, o povo do Tibet luta pela conservação da sua soberania e cultura, mesmo que a polícia nepalesa lhes aperte o gasganete e mais prisões, torturas e mortes se façam. Mas... infelizmente o Tibet (que se saiba) não tem petróleo, senão o E.U.A já teria feito mais do que fez no Iraque...ahhhhh... pois, não pode, deve milhões à China, e não se pode colocar à quem deve com raiva...não é??
Morreu o George, a última tartaruga da sua espécie, mas não tarda nada, mais alguns irão atrás. Afinal, Darwin dizia que quem não se adapta morre e não há como adaptar-se se não se encontra sequer lugar onde o fazer. O progresso exige, a ganancia exige, a consciência adormece-se com outras distracções...
...e o mundo gira, o Sol dá o lugar à Lua, um novo dia, uma nova noite... e a gente vai passando ao lado de uma data de coisas em nome de uma vitória que não enche a barriga de ninguém. Ou melhor, só de alguns.
Apareçam
Rakel
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