Mais uma vez, a população foi "chamada" para colaborar na campanha de angariação de alimentos para o Banco Alimentar Contra a Fome, mal ou bem, cada um fez a sua contribuição de forma que desta vez, mais toneladas de alimentos fossem recolhidos.
O bonito desta campanha é o anonimato, não há cá nada de jornais e revistas de fama a tirar fotos de galas bem intencionadas de gente de "bem" de copito alto com alguma bebida colorida e exótica a arreganhar os dentes em foto. As pessoas fazem-no porque lhes apetece e mais ainda, pelo facto de não saber se um dia mais tarde, não há de o destino ou o nosso miserável governo trocar-nos as voltas e precisarmos de uma cesta básica de alimentos.
Embora estas manifestações altruístas aconteçam de tempos a tempos, há muitas fábricas ou empresas que colaboram fora de agenda nestas recolhas. As instituições de solidariedade agradecem estes gestos, uma vez que o estado está no fio da navalha em termos de ajudas e apoios. Mal sustentam a gaze e algodão nos Hospitais públicos, quanto mais o resto. Chega-se ao ponto de, material descartável, que em princípio deveria ser deitado fora depois de utilizado, é reaproveitado... lavando. Não tarda nada, voltamos ao tempo das seringas de injecção de vidro e das agulhas que eram fervidas ou metidas em estufas de esterilização. Ou até voltaremos ao tempo da Rainha Vitória, substituindo os anestésicos por éter pras cirurgias...já faltou mais.
Mas o que realmente faz falta neste país, e dentro de todas as profissões liberais, é o uso do modo Pro Bono, tanto quanto se sabe, os que mais usam esse modo de serviço voluntario são os famigerados advogados. Eu cá fico a pensar se não será uma forma de penitência pelos desmandos resultantes de alguma causa pouco confortável de ser defendida. Mas... adiante!
Médicos em geral , psicólogos e demais profissionais, aqui neste país, que se saiba, não exercem muito, ou mesmo nada o Pro Bono. Aqui abro um espaço a parte para explicar umas coisas:
Embora a Terra Brasilis seja um país emergente a nível económico, há pobreza... e muita. Embora pelas estatísticas seja visto como uma dos maiores países de profissão católica no mundo, na verdade é a maior comunidade espírita do mundo. Os centros espíritas existentes no país seguem a linha de pensamento e de conduta que Chico Xavier não só pregou como viveu: ajudando o próximo. Chico Xavier tinha o seu emprego como funcionário público (o que no Brasil se traduz com um salário sofrível) mas fazia a sua obra de ajuda à quem precisasse.
Quase na sua totalidade, os centros espíritas fornecem entre outras coisas, não só as cestas básicas de alimentos como também apoio psicológico, farmácia (medicação gratuita) cuidados de enfermagem, alfabetização, aulas de puericultura e nutrição. Quem oferece esses serviços são profissionais dessas áreas que dão seu tempo e a sua sabedoria em prol de quem precisa. Isso é trabalho Pro Bono. Anonimo, feito de coração.
Por isso, que quando saiu aquela série num determinado canal de TV tipo "Querido/a mudei de tromba e fiz uma lipo" com a carinha laroca de um dentista como cartão de visita e chamariz... não vi nisso "grandes coisas". Até porque conheço o caso de uma moça, dos seus 20 e poucos anos, a acabar os estudos, vinda uma família sem muitos recursos... e que precisava mesmo MUITO de ajuda. Apelou-se à todos os canais de TV, do Goucha à Fatinha... e a moça não teve sorte. Ela e muitos mais que provavelmente não se encaixavam naquilo que pretendiam. Ou a Tia traumatizada ou então o verdadeiro mundo cão.
Pra falar a verdade... desconheço quem faça serviços Pro Bono que não sejam aqueles que aparem na TV. Agora estou a me lembrar... tem um veterinário cá do brugo que todas as terças feiras dá o dia todo consultas sem cobrar. Estava a ser injusta com este profissional. Sei que existem organizações que ajudam crianças com vários problemas de saúde a realizar sonhos, a gente já viu na TV isso também. Mas não conheço nenhuma organização que tenha um tipo de bolsa de profissionais que façam serviço Pro Bono.
E isso faz falta, imensa falta.
Não sai na TV, não sai na Trombas e nem noutra revista catita, mas faria toda a diferença na vida das pessoas...
Apareçam
Rakel
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