No dia 5 de Maio de 1789 o povo cansado de aturar os gastos das sucessivas guerras (porque é sempre a lambujinha que paga por tabela) e pela necessidade incontornável de mudar o sentido de pensamento e orientação menos agarrada ao dinheiro, deu-se a Revolução Francesa.
Uma burguesia endinheirada (uns poucos eleitos como de costume) um reinado feito em base do absolutismo ferrenho e um clero sentado em cima desse bolo todo confortavelmente escorado pelo papado. O povo, aquele que ia pras guerras e depois ainda contribuíam para os cofres do Estado, começou a sentir os calos apertados e com muito descontentamento. A célebre frase atribuída a Maria Antonieta "se não tem pão que comam bolos", quando lhe foi dito que o povo não tinha pão, muito dizem ter sido uma intriga da oposição. E a oposição estava nas mãos de um punhado de revolucionários, partidários do Iluminismo e com ideias pra lá de avançadas. Igualdade, Fraternidade e Liberdade foi o mote de um país que viu as colheitas não vingarem e a fome grassar.
Nas mãos dos novos revolucionários, os princípios do Iluminismo ganhou força, já que viam a destituição dos três Estados e a transformação de um único e equalitário Estado. É bem verdade que um meia leca da Córsega, chamado Napoleão Bonaparte, viu-se como defensor desta nova luz que viria iluminar as mentes e que faria a queda da Bastilha e o fim do despotismo. O mais caricato é que depois, o tal do Napoleão, se auto proclamou o Imperador de França... mas isso é daquelas coisas que só se explica com a queda do anjo, como Camilo Castelo Branco contou.
Este resumo meio caótico do que foi uma revolução baseada na fome, vai bem ao encontro dos tristes episódios de ontem, o 1º de Maio. Em jeito de anedota, no LivrodaTromba, apareceram inúmeros posts e foto-montagens de zombies em jeito de Walking Dead e falando da Gota Açucarada.
FOME, preços absurdamente altos, impostos e endividamento geral da nação, os ingredientes básicos para que uma turba se junte apenas e tão somente por comida. O tal supermercado Gota Açucarada (desculpem lá, mas tempo de antena e propaganda aqui decido eu a quem ofereço), como outras grandes superfícies, não deram o 1º de maio aos seus funcionários e decidiu que as portas deveriam estar abertas. Sendo que, os únicos feriados que essa malta que trabalha lá tem é o 25 de Dezembro e o 1 de Janeiro, acharam por bem que, como não tinham o direito de descansar no feriado atribuído aos trabalhadores....deram por prenda que cada cliente que gastasse mais de 100euros de compras, pagaria só metade.
E sem a pieguice pedida pelo Sr. Primeiro, sabendo-se que há mais bocas a alimentar do que aquelas que o Banco de Alimentos consegue suprir, o povo foi atrás dos bolos e deu no que deu. Se me perguntarem se acho bem a estratégia da alma iluminada que teve esta ideia, posso dizer que sim. Afinal, o dono da Gota Açucarada escolheu mover os seus capitais para outro país como forma de poupar e pagar menos impostos. Estratégia essa que empobreceu o país e deu clara ideia de falta de fraternidade. Se ele pode poupar uns valentes milhões de euros, porque não poderia o povo fazer o mesmo???????
Se o consumo dos combustíveis baixou, se as verbas arrecadadas nas portagens baixou, não será um claro sinal de que estamos literalmente na penúria?? E se temos que comer obrigatoriamente e se conseguimos encontrar onde podemos poupar mais, é lógico que se junte e que hajam mais clientes num lado. A única coisa que foi mal nisso tudo, foi a falta de EDUCAÇÃO popular, a ganancia pura e simples e que não souberam pensar em mais nada do que no próprio umbigo.
Com uma contagem por baixo de UM MILHÃO DE DESEMPREGADOS, com os subsídios base na ordem de 419,32 euros, casa, filhos, farmácia e demais despesas a entrar, é natural que todas as oportunidades possíveis sejam aproveitadas.
Mas gostava de ver se Tios Belmiro e afins levassem com uma "campanha" desta de vez em quando, talvez assim se sentissem desmotivados a aumentar os preços antes e depois das subidas de IVA e combustíveis. Façam tudo pela metade uma vez por mês.... e assim fariam um acto fraterno e cristão.
E valha-me a peruca da Maria Antonieta, antes ver isso, um povo descontente e com vontade de virar a mesa de jogo, do que o apático e bonacheirão que gosta de levar... e sem vaselina.
Apareçam
Rakel.
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