Quem já tem assim uns anitos em cima e gostava de cinema, decerto lembrará dos desconcertantes filmes onde o jovem actor dava seus primeiros passos, um tipo espadaúdo e de olhos claros chamado Mel Gibson. A saga Mad Max fez as delícias das gerações que ainda frequentavam os cinemas e enchiam as salas nos anos 80. Nessa saga, mostrava um futuro catastrófico onde o petróleo já quase desaparecido, fazia com que a luta por um mísero litro de gasolina fosse um combate de via ou morte.
Tirando o facto de uma violência brutal e crua, não deixa de ser interessante ver que seria preciso uma série de adaptações sem o uso dos combustíveis de origem fóssil. Estamos dependentes de tal forma do petróleo, que isso dita a nossa economia e modo de vida. Por outro lado, ao lembrar da Revolução Industrial, da ajuda inestimável dos engenhos movidos a vapor, o começo da nossa civilização moderna por assim dizer, parece um passado muito distante, mas não é. O sonho da humanidade de chegar a Lua, de se mover mais depressa dos que os seus passos ou do trote do cavalo, e conseguir vencer isso tudo, é de um passado muito recente comparado com aquele que temos em idade desde que usávamos porretes e vivíamos em cavernas.
Júlio Verne, um romancista com uma imaginação pra lá do inimaginável, conseguiu de forma surpreendente fazer com que seus personagens fossem até ao Centro da Terra ou navegassem por 2000 Léguas Submarinas...até foram da Terra à Lua! As máquinas tidas na altura, feitas de muitas engrenagens e vapor (não esquecer que foi o florescer dos caminhos de ferro, com as máquinas a vapor que levaram a humanidade pra todo lado) e uma boa dose de imaginação, permitiu que tudo fosse tão verossímil como fantasticamente irreal. Um paradoxo do pensamento humano, não conformado pela impossibilidade de voar e que procurava os seus limites.
Não é de estranhar por isso mesmo, que muita gente veja o inevitável: um regresso ao passado, uma vida de volta a simplicidade e dificuldade de origens mais básicas e sem o apoio incondicional do petróleo.
Os SteamPunks são uma tribo interessante por essa mesma ideia. Imagine-se sabedor do que conhece hoje e que queira implantar esses conhecimentos sem o plástico e demais derivados do petróleo. Mas mesmo assim, existir e sobreviver uma tecnologia avançada. Imagine-se viver em meados do século XIX, com a figura de um apinocado Dandy ou Dama cheia de laços e folhinhos, mas munidos de uma guitarra movida a vapor ou até um computador todo feito em madeira movido a corda?
Talvez tudo isso pareça demasiado fantasioso ou irrealista, mas dado que os japoneses já invetaram baterias para telemóveis que recarregam com urina ou cocacola...já nada me espanta. Daí não ser nada por aí além pensar num mundo alternativo, sem apoios maiores do que o engenho, metal e umas quantas engrenagens. O passado, presente e futuro estão sempre ligados pela mesma linha condutora, a da imaginação da mente humana. Olhar para trás e pegar dela o que melhor poderemos usar hoje para um futuro promissor é, ou deveria ser, uma das nossas grandes apostas de sobrevivência e inteligencia. O passado guardava em si uma certa inocência e educação que hoje se perdeu quase que por completo. A paixão pelo avanço e conhecimento despertou a necessidade de desbravar caminhos e mares deste mundo, imaginando-se até com outros mundos fora do nosso alcance.
E talvez, de certa maneira, os escritores desse passado não tão distante, nos alertavam de que, esse poder de ir mais além, não nos deveria permitir a fazer coisas que mais trade poderíamos nos arrepender: Mary Shelley fez isso, ou não fosse o monstro criado pelo Dr. Frankstein, uma tentativa do homem tentar ser um deus que cria vida e depois a destrói.
Entre filmes, animes e livros, recomendo vivamente que resgatem Júlio Verne, Mary Shelley ou mesmo Mark Twain das prateleiras das bibliotecas, que se divirtam com Desert Punk (este além do petróleo...era a falta de água) ou Full Metal Alchemist (um anime que passou na SIC Radical) ou se deliciem com um Van Helsing ou a Extraordinária Liga de Cavalheiros... ou vejam como era Mel Gibson num Max que ficou Mad... o segundo da série talvez o melhor de todos.
E pensem num bom investimento que seria em energia solar ou eólica... é que o futuro...é já no segundo seguinte a este que acabou de ler o post.
Apareçam
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