Segundo dizem os entendidos, neste caso os Sr.s Médicos, uma atitude positiva leva vantagem em qualquer caso de vencer a batalha contra qualquer doença. Esse saber quase que popular de manter o pensamento positivo, de pensar com algum optimismo nas possibilidades que se nos apresentam é um facto.
Também é facto que nem sempre conseguimos ter essa benesse de sorriso rasgado e peito feito pra enfrentar as adversidades. É preciso mais do que saber que isso nasce de dentro de nós, é preciso muitas vezes uma pontinha de incentivo. Até porque bem estar é um assunto deveras pessoal. Bem estar é um sentido único de cada um, não pode rivalizar entre ser mais ou melhor; bem estar é diferente pra cada mortal deste mundo.
Nem há objecções de que isso tudo do positivismo e bem estar está sem dúvida virado para o nosso interior e vivências. Se perguntar para alguém que ficou o dia todo de pé a atender ao balcão, num dia quente e sufocante, dirão que o seu melhor presente seria um banhoca, sentar-se com uma bebida fresca nas mãos. Se por outro lado se combate uma daquelas doenças peganhentas e ruinzinhas de lutar, muitos dirão que um dia sem dor é tudo o que poderiam pedir.
Porque me deu pra isto agora??? A minha mágica caixa de correio electrónico trás-me sempre umas surprezinahs agradáveis de vez em quando. Um tipo de Workshop de "conheça a ti mesmo e encontrarás a cura" ou "encontre a cura dentro de si". Sintomático nos dias de hoje que uma pessoa economiza em tudo, que se vira como pode em mil malabarismos pra esticar o ordenado de forma honrada, procurar esse tipo de soluções baratuchas cai como ginjas.
Mas pergunte à quem está com um dente com o nervo exposto, em que cada respiradela significa que lhe dói até o cabelo e não será descabido que o mande pra um sítio pouco recomendável pela sugestão de : "vamos nos alegrar que a coisa melhora!" É inegável que uma dor de cólica renal não nos deixa a disputar o título de Miss ou Mister Simpatia, mas uma coisa é certa: ninguém tem culpa do nosso mau humor e nem das nossas desventuras pessoais.
Mas vamos fazer de conta que não temos assim nada de físico que nos apoquente a alma, nem uma unha encravada, nem uma dor de ouvidos ou enxaqueca. Mas, pelo contrário, nos sentimos derrubados por dentro, afogados em mágoas mil, desesperados por falta de esperanças no amanhã. Pois, tem gente que sofre por antecipação do que ainda nem sequer é certo, quanto mais sabido. Mas o mau humor se instala, sentimos como nos desenhos animados, como se tivéssemos assim uma pequena nuvem a chover em cima das nossas cabeças e nublando o nosso caminho. Ontem encontrei uma pessoa que, sem brincadeira, o mau humor e pessimismo era palpável. Daquelas que procuro falar pouco (até porque quando começa a falar nunca mais pára) e dei em ouvir as desarticuladas mas sentidas palavras de desconforto. E se ontem, Segunda-Feira, fez um dia glorioso de sol e céu brutalmente limpo e azul...
Não havia nada, absolutamente nada que fizesse aquela alminha reconhecer que há um ponto positivo na vida, que o dia até chegar a hora de dormir o sono dos justos, poderá ter algo de positivo. Absolutamente nada chegava até dentro daquele coração empedernido. nem o facto de estar viva e com saúde. Poderia dizer que esse tipo de atitude me desmoraliza, mas não. Como disse antes, estava um dia pra lá de lindo, morninho, céu azul, limpo de nuvens. Só isso alegra uma pessoa, embora a pessoa em questão me tenha alertado para todos os malefícios do bom tempo. E tive pena.
Pena maior tenho eu de que seja preciso fazer Workshop pra ensinar a curar-se através de si mesmo. Cura física, além do nosso optimismo, deverá sempre ficar nas mãos de profissionais, não da divina providencia. Mas a nossa cura interior de aspectos mais chegados à alma, deveria ser um exercício ensinado desde criança. Encontrar o lado positivo de tudo, sem perder com isso a perspectiva da realidade. Ninguém precisa armar-se em bobo alegre e fingir que tudo está bem, mas apenas ver tudo sob vários prismas. Se as coisas andam mal cá por dentro, com muitas amarguras, vale tudo: então agora que disseram que chocolate faz bem à saúde, não se pode dizer que o caminho da felicidade seja amargo.
Sou 100% a favor do dia nacional do EU, em que nos damos permissão de nos atulhar de tudo quanto é porcaria doce, calórica e bem gordurosa pra nos animar. Vale até andar de pijama o dia todo, dormitando e lendo. Pode-se intervalar com uns filmes pelo meio, onde se chora feito uma Madalena arrependida e depois desafogar naquelas outras Madelanas com recheio de morango. No final dessa bagunça toda de açúcar, satisfações papilares, uma descansadela sobre o assunto, toma-se um bom banho com sal grosso e já está meio caminho andado. Poderá, muito provavelmente, bater um certo sentimento de culpa por ter comido aquela travessa toda de leite creme com açúcar queimado, ou as duas caixas de sorvete com bolachas de chocolate mais uns quantos pastéis de bacalhau. Mas que diabo! Um dia não são dias e uma pessoa não é de ferro! Faz-se mais uns quantos abdominais e mais uns quilómetros na passadeira!
É aí que está o grande lance: mimar-nos. O raio do tempo que nos sobra durante a semana é bem pouco, por isso, nem que seja uma vez por mês, há de se instituir o dia do Eu, o dia egoísta e hedonista, aquele que se solta a franga e fazemos aquilo que em princípio nos escusamos de fazer, em honra de uma certa civilidade. O dia do EU pode ser passado num SPA, gritando com o árbitro num jogo de futebol, enchendo-se de calorias ou simplesmente dormitando o dia todo entre o sofá da sala e a cama, passando pela cozinha apenas para comer algo que não dê trabalho. Pode apenas ser o dia que resolve não ficar em casa o dia todo, que faz um safári fotográfico, que deambule pelas lojas todas. Algo que dê prazer...mas que não prejudique ninguém.
E já tá quase no meu dia EU, preciso dele tal como de respirar, a falta de tempo e de ocasião está mesmo pedir, já quem nem tempo pra cá vir dedilhar um post tive...
...e quem não se mima, não saberá mimar os outros.
Apareçam
Rakel.
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