Balanças Oportunas


Há mais ou menos uma vintena de anos, assisti meio que aparvalhada, uma manifestação dos agentes da P.S.P em Lisboa, exigindo entre outros direitos, o de poderem ter sindicato. Lembro-me como se fosse hoje os comentários populares, que na altura achavam um escândalo essa coisa de polícia exigir direitos e fazer greve. 

Na cabeça de muita gente, um agente da lei, mais não é do que um cumpridor cego das suas hierarquias superiores, e se vive mal ou bem, isso seria lá com eles. Esquecendo-se de todo, como costumam dizer os próprios agentes, que por baixo da farda há um ser humano.

Conheci um dos que lá andou a levar com jactos d'água em cima, de braço dado com os outros colegas, aguentando a pressão e o não querer tirar pé, lutando por aquilo que considerava o mais justo como qualquer cidadão do mundo. O Alexandrino, um tipo lá do Norte, destacado mais para o Sul, trocando os Bs pelos Vs e vice versa, contava-me ainda de nariz pingão e uma pontada de febre essa tarde emblemática. Um polícia que cumpria o seu dever, mas que também pedia alguns direitos como toda gente. 

Pra falar a verdade, nunca mais vi o Alexandrino, mas desde esse tempo até agora, os agentes da P.S.P conseguiram alcançar alguns dos seus objectivos. Sintomático será dizer que, a grande projecção e este protagonismo ganharam a custa dos média: jornais e televisões procuravam os cabeças do movimento para entrevistas e debates, além de passarem a imagem do dito banho público de agulheta, durante muito tempo.

Provavelmente, uma boa faixa etária que agora ronda perto dos 40 tenha passado ao lado de todo esse burburinho mediático em que a P.S.P andou. Adolescência e outros apelos da altura, teriam varrido de todo esse episódio marcante na história do país. 

Mas verdade seja dita, entre polícias e jornalistas, há como em todas as profissões bons e maus profissionais. E a as relações entre essas duas profissões nunca foi muito pacífica e linear. Foi sempre uma questão de necessidades. As mesmas necessidades e sentido de oportunidades que levaram o actual Governo a não cortar com salários e progressões de carreiras ao Exército e forças de segurança do país. Não fosse isso dar lugar à uma nova e revolta ou que um novo Salgueiro Maia surgisse e levasse todos até à Capital. Seria o mote oportuno para que o povo mais uma vez se juntasse às costas largas dos militares para reivindicar um novo Governo ou gritar por Revolução.

E isso... exactamente isso que me dana a cabeça: o oportunismo que leva com que uns aproveitem o que lhes mais convém e esquecem outras épocas, em que a ajuda de quem agora levou porrada não é mais precisa.....até ver.
Memoria do povo? curta, mais parecida com as dos peixinhos dourados de aquário: uns míseros três minutos, principalmente daquilo que mais lhes diz respeito. 

Apareçam

Rakel

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Sabe-se lá a razão, mas o post acima, não é exactamente aquele que publiquei há coisa de 20 minutos. Não, isto é apenas o rascunho daquilo que depois afinfei com mais uns poucos parágrafos em que falava da relação quase promiscua da Democracia com o Absolutismo, das cassetes cheirando a Cunhal e bitaites agrestes e gestos farfalhudos de quem bota faladura... e vai-se a ver ... o post leva chá de sumiço....
Sorte minha que, nos escassos minutos que a publicação ficou no seu ar original, uns poucos amigos leram, e depois constataram que sumiu mesmo. E garanto que não fui eu.... até porque as palavras exactas para repetir a postagem se me varreram... eram inspirações momentâneas e agora passivas de se verem aumentadas a perguntar quem raios foi o cabrão que andou por cá a mexer no meu blog....

Dasssss....

Xau!

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