Há de ter humor, mais não seja para ouvir as notícias que invariavelmente caem nos nossos ouvidos, ou no meu caso, a passar pelos olhos.
É que isto de viver nas inúmeras situações aberrantes que se passam no país, ainda por cima temos esta incrível veia cómica dos governantes. Talvez esperam assim fazer com que a nossa vida fique mais animada perante estas ideias saídas de ilustres e brilhantes cabeças.
Mas algo me diz que nos fazem de personagem circense, com direito a nariz vermelho e pintura branca na cara.
O Governo diz, na voz do Sr. Primeiro, que este ano vai ser complicado, mas que iremos heroicamente passa-lo com nota máxima. Do tipo de discurso feito antes de uma batalha por um general de peito estufado, que debita frases feitas de encorajamento, para aqueles que dão a cara na guerra. Longe vão os tempos que os generais iam na frente dos soldados, dando eles assim exemplo não só de bravura como de engajamento pela causa. Hoje em dia, os generais ficam-se pelos acampamentos, planeando o que os outros vão fazer, resguardados da chuva e das necessidades, porque acham-se melhores e maiores que os demais. Digamos que dão a si mesmos maior importância do que aquela que realmente tem. Pois a história está cheia de pessoas substituídas conforme a necessidade.
Por isso, com esta treta toda de "unidos venceremos" vimos o IVA aumentar para bens alimentares básicos para 23%, os impostos a subirem como foguetes, o desemprego e deslocalização a ser uma constante... e nos pedem pra ter mais filhos. Sim, porque isto de andar a dar preservativos e pílulas nos Centros de Saúde, teve um resultado perverso para a demografia nacional.
Aquela velha canção imortalizada na voz de Simone (a portuguesa) com letra de Ary dos Santos, dizia que "quem faz um filho, fá-lo por gosto". Indiscutivelmente assim será, mas hoje antes do gosto, há um pensar profundo nas despesas das fraldas, papinhas, iogurte (tudo coisas que levaram com 23% de aumento em cima), mais as consultas do pediatra, vesti-lo, dar-lhe escola e condições para formar um cidadão de bem. E não há esperança assim tão grande que enfrente o embrulho de estômago de pensar nesta responsabilidade de colocar um outro ser humano no mundo. Não é por nada, mas fazer um filho até é fácil, mas depois, cria-lo... são os cabos dos trabalhos.
Aquele costume antigo de ter uma ninhada a correr pela casa, em colocar os mais velhos a criar os mais novos, enquanto a mãe bamboleava dentro de outra prenhez, com os restantes filhos no campo a ajudar o pai na lavoura... já se foi há muito. Dos idos da década de 50 do século passado, onde as escolas surgiam como cogumelos em cada aldeia e cidade, hoje vemos o abandono em que elas se encontram, porque as pessoas deixaram-se de fazer filhos com tanta gana. Criou-se uma maneira mais razoável de ver a vida e dar melhor qualidade de vida à menos filhos.
Só que agora, passadas décadas de menos filhos à pátria, a situação da Segurança Social anda precária, por culpa nossa, dizem eles. Não fazemos filhos desalmadamente, não damos sangue novo ao país, e isso se vai reflectir nas receitas públicas. Culpa nossa que não entendemos como ex-ministros passam a encabeçar as glórias de empresas públicas a ganhar chorudos salários, nem como os governantes precisam muuuuito de 5 ou 6 motoristas privados ao serviço, nem nas demais mordomias que TODOS nós sabemos. A culpa é nossa e portanto, toca de fazer filhos, jovens do futuro do país que mais cedo ou mais tarde verão, sem outra alternativa, a necessidade de sair do país para ter trabalho.
Olhem lá.... eu tenho pé grande (calço o 40) mas não me vejo com nariz vermelho e a fazer de alegre apenas porque suas excelências assim o pedem. Então, vamos desatar a ter filhos, com o engodo dos subsídios, pra depois nos vermos a nora com as despesas, com as subidas dos preços e a queda vertiginosa do poder de compra??? Mas esta gente bebe logo de manhã ou é tudo uma palhaçada pegada???
Dizer que o Governo não é inteligente perante o descontentamento popular é um erro. Sabiamente souberam contornar alguns obstáculos possíveis de acontecer apenas com uma medida tendenciosa. Sendo que, o 25 de Abril surgiu perante o descontentamento da classe militar, não foi sem grande aparato que surgiu esta notícia. Portanto, minha gente, se esperavam que os militares tomassem de novo a cabeça do pelotão de descontentes e marchassem para a Capital pedindo revolução... estão enganados. O resto dos portugueses e não só, se aguentem com os salários congelados, com as carreiras profissionais paradas onde estão e com a instabilidade anunciada. Ando aqui a dar a volta ao puto mais velho, já que gosta tanto de jogos de guerra pra ir pra tropa. Teria o futuro garantido...
Sobra para nós, a lambujinha, o papel de pagador das cagadas governamentais, do descalabro nas contas e despesas do país.... e toca de fazer filhos. Pra exportação.
Apareçam
Rakel
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