O Cão do Medo... é a SOPA (bem diz a Mafalda.. abaixo a SOPA!)


Diz o ditado, que quem tem medo compra um cão, mesmo que seja um daqueles ratos arraçados de cão, que latem muito e mordem pouco.

Desde a semana passada ando um bocado chateada com as burradas e arbitrariedades tomadas por pessoas supostamente inteligentes. A justiça de uma lei só é valida quando o benefício é realmente de muitos e não uma âncora para que alguns não percam o poleiro que estão agarrados.

O medo de perder a credibilidade, a posição e outras particularidades de quem não as tem realmente, leva aos extremos como este do  Pedro Rosa Mendes, jornalista despedido por dar a sua opinião sobre um assunto pertinente. Viver num estado onde se julga ser democrático e com uma Constituição que em princípio defende esse direito, é no mínimo caricato ou patético este caso. Já acusaram jornalistas de malucos, quiseram desacreditar toda a classe, em nome da preservação de informação sensível.

Artigo 37º


Liberdade de Expressão e Informação


1 - Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento 
pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de 
informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos ou restrições.


2 - O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer 
tipo ou forma de censura.

in Constituição da Republica Portuguesa





Mas se nesta primeira década do século XXI, ainda se sente na tentação de calar e modificar tudo aquilo que não fica bem em falar é tão absurdo, como voltarmos no tempo dos casamentos arranjados a nascença.Para quem como que eu nasceu em plena ditadura, que sabe o quanto a repressão posiciona o pensamento e a informação no beco da marginalidade (estar a margem é não fazer parte da corrente aceite) sim, fez com que se procurasse outras formas criativas e sublimadas de divulgar as situações.

Se um Estado democrático intervém de maneira tão incisiva num assunto que até por acaso era verdade, nada mudou então nos usos e costumes desta terra pós 25 de Abril. Da mesma forma que o direito de manifestar publicamente o desagrado, ainda vale o sr. agente da PSP ou GNR a pedir identificação e algumas prisões, quando o tal direito de expressar e divulgar fica apenas bem em programas com jornalistas da TV, com público escolhido a dedo pelo convidado e que faz um vistão. No final, cá ficamos a nos perguntar meio baralhados, se somos nós que estamos malucos ou os políticos estão cheios de razão.

A minha embirraçao militante contra a  actual lei S.O.P.A e PIPA deve-se ao facto da lei começar inocentemente como meio de proteger os direitos de autor e na sua extensão ser uma forma camuflada num controle de informação. Não é a toa que a organização não governamental Repórteres sem Fronteiras estão a fazer forte oposição contra estas duas leis. Até a forma de definir uma legalidade ou ilegalidade tornou-se um mar de cores cinzentas e pouco definido.




Julgo que não estarei a ser injusta ao dizer que Geraldo Vandré não se sentiria ultrajado ou menosprezado se fossem feitas imensas cópias da sua canção "Para Não Dizer Que Não falei das Flores". A canção passada num Festival da Canção lá na terra Brasilis, nos idos da Ditadura Militar, foi um hino não só da oposição como de uma juventude insatisfeita.  O importante era que a música corresse de boca em boca e que acordasse as consciências. O preço que se coloca nas obras é relativo, Mozart morreu pobre, funhanhado e na maior miséria. E o mais irónico disso, é que o seu famoso Requiem foi uma encomenda muito bem vinda para colmatar a mais básica das necessidades: a fome. E não será pelo facto de ele ter sido esquecido pelas modas da época, nem pelas vontades volúveis dos mecenas, que deixou de ser um génio da música clássica.  A gaita foi que o Requiem acabou por ser tocado no funeral do Mozart... 

Por isso, quem acha que o preço da sua arte passa por uma cifra bem gordinha, muitos zeros... desenganem-se. As Spice Girls ganharam montes de dinheiro, mas foram apenas mais um cometa que riscou os céus da fama e que se foram. O que imortaliza de verdade um artista, um músico ou qualquer outro que usa a arte como forma de expressão...é a forma como viu o mundo e deixou alguma mensagem ou uma forma de visão inovadora. O talento é a maior arma, a mais valia para qualquer pessoa. Camões, outro que morreu na miséria, é mais um daqueles que não foi completamente compreendido no seu tempo, mas que deixaram uma marca perpétua na história e nas artes. E o resto é conversa.

Com essa treta toda, não se admirem se um dia, se lhe der na gana de tatuar um Snoopie na bunda, ou a cara do sorridente Mickey no braço, se veja perante um processo por uso indevido e sem permissão de imagem de marca registada. E aí vai ter que pagar multa, tirar a tatuagem com laser e ainda por cima, dar cabo do negócio do desgraçado do tatuador conivente  e que participou no crime.

...mundo absurdo este...

Apareçam

Rakel

PS: julgo ser pertinente que se dêem ao trabalho de ver o vídeo aqui publicado...

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