Fechando as Contas


Um frio do catano, um céu azul e limpo. Um momento de reflexão depois de pensar em vários assuntos juntam-se com o escorrer dos dias desta semana. Aliás...o ano tá mesmo aí a porta e por isso mesmo me vi a pensar... demais.

Olhando bem no plano geral, as coisas foram mesmo complicadas este ano. Desemprego a subir em flecha, o descontentamento geral da população cada vez mais espoliada nos seus direitos... e um mundo conturbado.
Mas tirando isso tudo de lado, fazendo contas, dei-me conta que:

Aprende-se muito quando estamos dispostos a isso, aprendendo a lidar com os problemas, encontramos fatalmente soluções, do erro pode nascer a aprendizagem. Eu aprendi mesmo muito, inclusive comigo mesma. Encontrei em mim capacidades que, sinceramente, não sabia que as tinha. Ou então, nunca tive oportunidade de as ter. Aprendi a lidar ainda melhor com a hipocrisia, com lidar com modos de vida habituados a fatalidade e hábito. Uma vez me disseram "Tu não sabes viver a vida" .  Porque segundo consta, saber viver é baixar a cabeça, aceitar o que não está certo, pelo simples facto que é assim que toda gente faz. Chatice... eu não sou toda gente...

Por isso mesmo, aprendi que, quando uma coisa não está certa, quando uma coisa prejudica muita gente, mas mesmo assim aceita-se "porque é preciso saber viver a vida", é preferível fazer pé firme e teimar. Fatalmente, mais cedo ou mais tarde acabamos por ter razão. É verdade que aí, os nossos "superiores" jogam o dito por não dito, aliás,o ovo da ideia até foi deles. Aprendi a lidar com a arrogância alheia não só com o meu humor factual, mas também com a minha própria arrogância. Ninguém nos respeita se não nos damos ao respeito, daí que uma pontinha de arrogância calha bem. 

Vi como facto que a vida mais cedo ou mais tarde, nos dá na justa medida o que semeamos, daí que vale a pena pensar umas quantas vezes antes de tomar uma atitude que pode repercutir mais lá na frente. Ta aí, aprendi a ser mais estratega, de pensar de que maneira uma acção minha pode vir a se virar contra mim. Já tive a minha dose de impulsividade e o costumeiro "que se lixe, a vida são dois dias". É que depois é mesmo lixado... e pra mim.

Nunca a frase "a necessidade aguça o engenho" foi tão presente na minha vida. Numa altura em que a contensão de despesas é uma realidade muito pesada, aprendi que mesmo com pouco vivo na mesma, que reciclar roupas até tem o seu lado divertido e que aprendemos a ser mais auto-suficientes. Minha última façanha deste ano aconteceu ontem. Assunto cabeludo a precisar de arranjo... e falta habitual de fundos. Daí que me socorri ao lugar habitual (Internet) e aprendi com os muitos "faça você mesmo em casa" a cortar o meu próprio cabelo. Engraçado foi que quando fui comprar uma tesoura para o efeito (um custo que se faz pagar durante muito tempo) a moça implorou pra que eu não fizesse isso: "teu cabelo tá tãããão bonito, há um tanto assim de mulheres que matariam pra ter um cabelo igual ao teu...não faças isso Rakel!!". 

Pois é, mas com a franja a bater na base do pescoço, cabelo precisando de cortar um bom bocado de pontas e reforçar o escadeado...meti mãos a obra. E ficou bom, nada como uma tesoura em condições, e andar cansada de ficar com o cabelo sempre preso e com franja a entrar na boca quando venta e temos as mãos ocupadas com sacos de compras. Resgatei a velhinha máquina de costura, e agora os fechos das calças apertar pernas, fazer barras, deixou de custar os tais 11 ou 12 € e passaram a ser façanha própria. Isso e as máscaras de limpeza de pele caseiras os iogurtes caseiros, os rissóis e compotas, o sabão e outras coisas que saem mais barato e dão uma inchada no ego.

Porque ter uma certa consciência de auto suficiência faz um bem danado aqui dentro da gente,faz-nos sentir menos dependentes de outros ou da contingência da carteira. Aguça a criatividade...e não é por nada, mas amassar pão a moda antiga tem qualquer coisa de libertador. É como uma terapia que se faz, porque enquanto nos concentramos nessas coisas... os problemas encontram uma solução. Viver num apartamento não é limitativo nem razão para desistir de projectos. Tanto que, ando a juntar material para fazer uma mini-horta numa das varandas. Ando a estudar aqui na net sistemas de rega gota-a-gota, quais os legumes mais apropriados e será o projecto com os meus filhos na próxima primavera. Iremos brindar a entrada de 2012 com uma ginjinha que aprendi a fazer e que ficou...supimpa! 

Aprendi realmente a ter cuidado com o que peço à vida... ela dá mesmo isso que pedimos, mas dentro da óptica desse grande plano superior. E daí fico a pensar se, será que eles são irónicos, ou fazem as coisas de maneira para vermos o que é REALMENTE importante? Uma coisa a pensar...

Não vou meter o pau na humanidade, das suas coisas menos boas, do lado mais cretino do ser humano, porque para cada cem cretinos e idiotas... há pelo menos 3 almas iluminadas que compensam grandemente os anteriores. Há coisas fantásticas feitas todos os dias, por pessoas anónimas, por cada um que se dá ao trabalho de fazê-las. Todos os dias há a oportunidade de aprendermos a ser melhores e fazer melhor. Portanto, ainda aposto as minhas fichas na humanidade, vale a pena investir um bocado na nossa espécie, acredito que ainda tenha possibilidade de acordar e aprenderem que coisas são menos importantes que nós próprios.

No resumo? O ano de 2011 deu luta, foi complicado de equilibrar, fora as gripes habituais, cá em casa estamos com saúde. Os amigos, aqueles de sempre continuam de sempre, constantes, fiáveis e "marados" como sempre. A vida se encarrega de nos mostrar aqueles que estão sempre connosco, os que desaparecem é porque justamente tem mesmo curta duração.... não são pra ser uma constante na nossa vida. Até nisso o ano foi positivo. A constância dos amigos de sempre e dos novos que chegaram. 

Da minha parte, dentre as poucas resoluções que formulei para 2012, alem da horta de varanda, vou investir numa "bicla", para me deslocar pela cidade, fazer exercício e melhorar o meu bem estar. E meu maior desejo para quem me lê, é que tenham fé em si mesmos, que não se deixem ir abaixo logo na primeira  rebordosa, porque a gente pode não ser e ter tudo, mas podemos e devemos escolher ser felizes... e pra isso, vale a pena fazer uma lista do que é mesmo importante na nossa vida.

Tudo de bom pra toda gente em 2012!!

Apareçam

Rakel

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