O mundo parece injusto, parece mesmo. Fazemos tudo direitinho (pensamos nós), temos as certezas numa mão, o sonho na outra e jogamos alto nas apostas da vida... e tudo há de correr bem. Correcto? Não, errado.
A gente contorna com alguma mestria as bases de uma convivência sã e normal em prol das nossas necessidades. Jogamos com as nossas armas naturais, na falta da beleza o encanto natural e a inteligência, forçamos de um lado, ajeitamos de outro e apostamos que tudo há de correr sob feição. E a gaita é que não corre. Mesmo planeando ao milímetro as coisas, há o tal do imprevisto que mela tudo. No nosso troninho interior, julgamos saber como cada pessoa é e reage perante as nossas façanhas. Mas as pessoas são feitas de múltiplas facetas, de incontáveis pulsões, muitas delas camufladas em uma acomodação serena.
Muitas vezes tenho assistido da bancada esse jogo interessante. Por um lado, quem pensa que pode controlar tudo e todos, que pensa que sabe das fraquezas e forças de cada um e joga com isso. Por outro, quem se acha joguete da vida sem se dar conta, que cada passo e escolha que faz é responsabilidade própria. Manipulação é dos jogos mais complicados e mais tristes de se fazer. É o jogo dos covardes, dos que comodamente puxam os fios mais sensíveis de cada um a seu bel prazer e fica a ver as reacções. Só que isso não corre bem. E inesperadamente para eles (eu que tou na bancada já vejo de longe) o reverso e o tombo são enormes.
Há uma lei básica na vida, daquelas que eu respeito acima de tudo, a minha lei máxima:
"Faças aquilo que fizeres, desejes aquilo que desejares, faça-o com cuidado, pois tudo aquilo que desejares e fizeres retornará 3 vezes mais forte para ti"
Chamem de crendice bacoca, chamem de manifestação pessimista, mas já na ciência, mais precisamente na Física, que quando há uma acção acarreta uma reacção, é uma lei. Toda acção provoca uma reacção, mais cedo ou mais tarde ela chega e quando ela dá o ar da sua graça é retumbante. Inesperado será para quem nunca se deitou a pensar no assunto, quem sempre viu tudo como uma brincadeira inofensiva.
Tá aí pra quem quiser ver: o país está a colher os frutos de um povo que se abstém de votar, que prefere ir pra praia, que acha que nem vale a pena mudar nada. Retumbantemente chegam os cortes, o desemprego, fome, injustiças, tudo resultado de uma preguiça imensa e de um "ego de umbigo" monumental. Viveu-se tempo demais das aparências.. e as aparências são só isso mesmo, uma imagem que desvanece quando não tem alicerces sólidos e próprios. E sim, toda gente é responsável. Responsabilidade é aquela filha única de mãe solteira que nunca acha o pai.
Aprendi a aceitar a minha cota de responsabilidade dos meus actos, de saber que o que me acontece é o retorno de escolhas MINHAS. E o que vem de troco, pago e não reclamo.
Falei do país em modo macro, mas muitas vezes, na maior parte, vejo no modo micro. Com as escolhas e modos de vida que as pessoas decidem fazer, que não se responsabilizam pelas atitudes que tomam e o resultado que recolhem. Milhentas vezes que revejo percursos idênticos, do mesmo egoísmo, falta de sensibilidade e humildade. De brincar e jogar com as situações e pessoas, com as fraquezas e vicissitudes, da manipulação descarada... e ver depois receber tudo isso de volta, mas em dose triplicada. Muitas vezes, eu lá na bancada, aviso que isso vai se voltar contra quem está a fazer isso. Nem ligam, pior, acham que fico a agourar. E a vida vai mandando sinais, vai dizendo que não tarda nada a colheita do que se semeou está protinha a ser feita.
Nessas horas saio da bancada, deixo de assistir o jogo, melhor assim do que ficar a ver ao vivo e a cores como tanta garganta, tanta mania de controle acaba mal... muito mal. Não vá quem leve com o troco, olhar pra mim e achar melhor deitar-me as culpas, não aceitando a sua responsabilidade. É mais fácil culpar os outros das próprias falhas né?
Tenho colegas de trabalho que estão mal de saúde, pelo simples facto de não terem levado em conta alguns sinais evidentes, uma delas me preocupa bastante...
Vejo gente que tinha tudo pra ser feliz de inúmeras maneiras, mas escolheu brincar muito e aceitar de menos as responsabilidades, e agora... a levar em cima com tudo aquilo que nunca esperou levar.
A vida não é perfeita, ela é um reflexo de quem a vive. Injusta? Não acho (bom, tem dias que acho injusto acertar nos números ao lado do euromilhõers, mas passa-me logo), a vida dá na justa medida aquilo que nos cabe em merecimento. Pode demorar muito tempo, pode demorar pouco tempo... e só lamento ter que assistir a situações que seriam completamente evitáveis... se houvesse um bocadinho mais de humildade, de compaixão, sensibilidade.. e pelo amor da santa... um bocado de inteligência!
Apareçam
Rakel
Rakel, perfeitas foram suas considerações. Concordo com sua frase:
ResponderEliminar"Faças aquilo que fizeres, desejes aquilo que desejares, faça-o com cuidado, pois tudo aquilo que desejares e fizeres retornará 3 vezes mais forte para ti". Cada um de nós está no lugar certo e na hora certa. Estamos sempre colhendo nossa própria semeadura.
Grande abraço!
Obrigada pela sua visita e pelo simpático comentário aqui no nosso espaço... Espero que seja uma visita assídua e que, acima de tudo, divirta-se por aqui...
ResponderEliminarBjos