Mira...Mira...

Na sala das funcionárias, lá no cafofo onde trabalho, tem um espelho que é  adoração da mulherada. O dito tem a capacidade de, quanto mais ao longe nos colocamos, mais magras aparecemos no reflexo. A chatice é que, só mesmo na disntancia a coisa alegra o ego...conforme nos aproximamos a verdade aparece ali nua e crua: pneus e celulite. Portanto, não é nada do outro mundo eu entrar em algum momento e encontrar alguma colega mirando e remirando a sua imagem ideal numa distancia cautelosa e  apreciadora... pra meu desgosto de ver tanta mulher em cuecas, e menos do que isso, sonhando com aquilo que não alcançam. AFFFFFF!!!

Por isso, não é nada invulgar termos a ideia um bocado distorcida de que a imagem que vemos é fidedigna com a realidade. Mesmo que o espelho venha com defeito e a imagem não seja real...a malta baralha-se toda e deixa-se levar pelo melhor que lhe agrada ou aquilo que satisfaz em primeira mão as questões que não se colocam.

Muitas vezes divirto-me bastante com a imagem que as pessoas costumam fazer de todos... inclusive de mim. Na maior parte das vezes distancia-se bastante da realidade e outras apenas arranha a superfície. Há uns tempos que frequento o LivrodaTromba, e o meu modesto mural, já se vê, está pejadinho de música. Mas não é nada de panorama musical comercial, daquelas estações que durante um ano inteiro passam aquela meia dúzia de músicas irritantemente chatas. De certa forma divulgo justamente aquilo que nunca ninguém ouve, u porque há critérios pouco justos ou pela simples conformidade de uma carita laroca ou de uma ousadia debochada que faz render mais.

Os Tonys Carreira internacionais (e se eles estão por aí destilando dores de corno pra dar e vender) passam-me ao lado. Por outro lado, dado que desde que me conheço por gente fui criada a ouvir musica clássica e muita música tradicional de vários países... há uma certa faixa de músicas actuais que me agradam.

O Doom, Dead Metal, Dark Metal, Symphonic Metal , Epic Metal, Gothic em todos os seus géneros...porque na sua grande maioria apostam num bom suporte musical, numa parte lírica bastante apelativa (pelo menos pra minha sensibilidade sim) e da atmosfera em si. Gosto de um bom som que nao se prenda a coisas repetitivas, batidas e conhecidas. Embora não conheça só isso de múicas e coloque outras coisas, como por exemplo, os últimos trabalhos do guitarrista Peter Frampton, Caetano, Chico Buarque e Rita Lee... tenho um fraquinho pelas músicas num tom mais escuro.

Daí que foi com uma certa risota que uma vez recebi um comentário do tipo:

-Tu és uma pessoa triste..

- Eu??? Porque dizes isso...

- As coisas que colocas no mural...

Por isso, sem mais delongas, sou uma séria candidata a anti-depressivos e cortes nos pulso...é bem verdade que a vitória do João Jardim me fez perder a fé na inteligência das pessoas, mas nem por isso vou ali  cortar os pulsos a dentada...

É a tal história do espelho lá da nossa sala das funcionárias... uma imagem distorcida, mas que se aplica a torto e a direito. À distancia a imagem que aparece no meu mural é da esmorecida e lacrimosa. A realidade? Bem, depois de duas semanas calada pela perda da voz, depois de ter pregado uma partidita inocente (tenho um fraco por chagar pessoas que estão na casa de banho) larguei uma das minhas gargalhadas... e ouvi ao fundo : "Pronto, ela já voltou ao normal!". Porque o meu estado normal... não tem naaaada de depressivo. Realista e frontal...mas depressivo... isso não.

Ficam agora com duas prenditas musicais, gostem ou não, pelo menos conhecem outras coisas...

Peter Frampton foi conhecidíssimo nos anos 70, quando tinha montes de cabelo e uma carinha de anjo... Baby I Love Your Way foi um dos grandes sucessos da altura....voltou melhor do que nunca.. com a mesma voz e a mesma perícia ao dedilhar a guitarra...

Tristania...um vício meu... e como já disse antes, perante o meu percurso de musicalidade é normal que me sinta atraída por este tipo de músicas... de Turandot à Madame Butterfly, não há ópera que não seja uma tragédia pegada. A única diferença... é que aqui numa fica uma soprano a cantar durante 20 minutos que está a morrer.. e nunca mais morre!!

Apareçam....

Rakel