Montras e Vendas


Um dos meus piores defeitos é uma incapacidade de saber vender, ser comerciante e fazer render os meus talentos. Se me dessem como emprego vender água no deserto, levaria sem dúvida nenhuma o negócio à falência...sou incapaz de aproveitar-me da necessidade de quem quer que seja. Não sei vender e pronto. 

Ainda nos meus tempos de jovem empreendedora e começando nas lides "trabalhisticas" me meti nessa coisa de vender aquilo que ninguém precisa, mas que com alguma "agressividade" publicitária poderia ganhar bons lucros. Falhei redondamente, tentar vender a quem não tem muito, e aquilo que não precisa, não é o meu forte. Há quem consiga vender gelados no Pólo Norte, mas eu nem água no deserto...não vendia, dava mesmo.

Uma coisa é alguém que quer comprar sapatos entrar numa sapataria e escolher o que mais lhe agrada, outra bem diferente é tentar impingir algo que não nos faz falta. Nos dias de hoje, em que a ameaça de uma subida do IVA já fez subir astronomicamente os preços de tudo, os gastos e ganhos são controlados ao milímetro. Não há espaço para esticadas de orçamento, esticado está ele ao limite! Portanto, qualquer ganho que venha é bem vindo né? Mais ou menos...

Em vários blogs e sites vejo uma carrada de anúncios que torna pesado e difícil por vezes abrir, e por cada vez que vamos à esses sites e blogs, os honoráveis donos ganham um tantinho por essa gentileza de ceder o espaço. Já por várias vezes a BlogSpost tem-me mandado convites para aderir à moda dos anúncios aqui no espaço do Teorias. Mesmo que me faça uma certa massagem no ego esses convites (porque segundo eles o blog é muito visto), dá-me uma certa dor de barriga fazer daqui um espaço publicitário. Há qualquer coisa que não se encaixa bem na minha visão idealista. Todo dinheiro que venha de forma honesta é bem vinda, mas assim...sei não, sei não...

Já bem me basta o nó mental que já me estar a dar só de pensar no dia que vou colocar ali no canto direito o anuncio de onde podem comprar o livro que ando a escrever... Há uma verdadeira revolução no meu T-Zero só de pensar nisso, e carinhosamente, chamam-me de parva. Numa época que por dá cá uma palha qualquer motivo há para se vender a própria imagem e experiências, que os tais quinze minutos de fama são exprimidos até ao bagaço, fazer-se rogado à uns dividendos limpos até parece sacrilégio.


Todo mundo vende alguma coisa: a tristeza na capa das revistas por exemplo, com as duas ex-angélicas vendendo cada qual as suas saudades do moço que virou mesmo anjo, a dor e a angústia, mesmo na praia ou nas discotecas da moda...ou o mais recente divórcio de uma apresentadora que em cada entrevista empocha mais um bocadinho de trocos. Outros vendem formas de perder peso depois de um programa de TV. Com uma possível subida de 3 pontos de IVA...quem precisa de livro????

A lei da oferta e procura mudou um bocado de uns tempos para cá. Mesmo que não procures a oferta entra-te pelos olhos adentro e mal dás pela coisa já tens uma mensalidade do tipo: "até que a morte nos separe."
Mete medo a forma como nos impingem constantemente as coisas, por isso mesmo, talvez seja  um bocado parva a minha forma de pensar, mas gosto do espaço aqui do Blog sem traquitanas de anúncios. É um espaço pra ler, distrair um pouco as meninges e mais nada.

Há uns tempos, uma empresa de pesquisa de mercado me pegou para saber que coisas me chamavam a atenção na T.V, as propagandas e tal... e a coisa correu mesmo mal. Não lembrava de uma única propaganda que me chamasse a atenção, nem com gente famosa nem nada...piorou mais um bocado quando me perguntou quando via jogos de futebol na TV (ri tanto nessa parte) se eu prestava a atenção aos anúncios dos placares móveis... Fala sério.. porque raios me perguntam essas coisas??? Só não correu pior porque falei de marcas que já conhecia mas manifestei desde o começo que não ligo muito pra TV. Ouço mais o que se passa nela da boca das colegas do que a minha pronta disponibilidade de adormecer diante dela.

Pronto, tá decidido: lamentavelmente não vou ganhar mais uns trocos (com a chegada de Setembro e o começo das aulas...seria tão bem vindo...), mas o espaço fica livre apenas para o que foi concebido: escrever e ler. Ainda não consegui evoluir ao ponto de fazer disto uma montra do Google. Há hábitos difíceis de largar ou modernizações que ainda me custam um tantinho... paciência.

Apareçam

Rakel.

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