"Libertad" *


Seja em que língua for, tempo ou espaço, a palavra expressa a necessidade de ser livre. A livre escolha, a vontade sem a prisão de mais nada do que a nossa própria opção.
Aparentemente, a simplicidade da ideia poderia nos fazer supor que, a realização de tal acto natural da humanidade não trouxesse mais consequências que algo de bom ou não aconteça.

Mas, como vivemos numa sociedade aparentemente aberta, "culta" e avançada, as nossas tomadas de posição, baseadas na nossa consciência e na nossa liberdade de escolha deveriam ser respeitadas (no mínimo) como tal, uma escolha feita de livre vontade. E quando as nossas tomadas de posição, depois de devidamente ponderadas, depois da nossa reflexão atenta, adicionada com uma pitadinha de "cara dura", são colocadas a público, nem sempre corre bem.

Há dois factores pesando aí no meio: ou somos nós que perdemos a coragem de continuar na nossa tomada de posição, ou pesa-nos a sociedade em cima. Tanto um como outro, venha o capeta e escolha o pior. A nossa auto-censura, a pior das censuras, faz com que as nossas opções de vida se tornem pesadas e não uma escolha pensada ponderadamente.  Pra já, pensar é essencial, pensar demais...estraga tudo. Os "e se" começam a surgir uns atrás dos outros como bolas de sabão sopradas por uma argola... e acabamos por dar umas "argoladas" sem dar conta.

Por outro ado, temos o peso social, dogmático e quadrangular que nos empurra sempre para o mesmo modelo de conduta. O certo para toda gente, aquele que nos foi ensinado desde pequeninos, não dá grandes espaços e margem de manobra para liberdades e tomadas de posição. Bater de frente continuamente contra a parede social cansa e magoa. E na maior parte das vezes, torna-se um processo um bocado solitário. Os moinhos não mudam de lugar só pela nossa vontade e ser D. Quixote cansa. Portanto, para evitar galos na cabeça e uma data de nódoas negras, mais vale contornar os obstáculos, ser teimoso como uma mula e seguir o caminho da forma menos desconfortável possível.

Pego numa frase que a Bellona deixou no Face e que achei fantástica:

"Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela." 

 Einstein



Toda ideia tomada com base na nossa liberdade, que saía dos parâmetros sociais é já de si a maior "absurdidade" possível. Vivê-la então... é de uma coragem avassaladora e incomum. Justamente aqueles que romperam as paredes sociais com as suas ideias absurdas e sem nexo, foram os mesmos que mudaram um bocadinho as coisas. Mas passaram-se gerações e mais gerações para que a o absurdo mudasse de face e virasse algo com imenso sentido.

A liberdade de mudar ideias e concepções de vida não são coisas desapaixonadas, esterilizadas ou desprovidas de dificuldades. Mas a maior dificuldade é dar o primeiro passo, aceitar que o melhor para mim, não é necessariamente o melhor para outros. Mas que raio, não podemos escolher? Não temos esse direito tão simples de vivermos durante este pequeno espaço de tempo da maneira que mais nos convir? 

Embora a maior parte das pessoas pense que a sociedade actual é aberta e evoluída, na verdade é um misto de falsas aparências e muita hipocrisia. Peguem em qualquer livro do Eça e veja se a sociedade do tempo dele não é a cara chapada da actual...pequena, mofenta e batida.

Daí que, o facto de pegar na nossa liberdade, nas nossas escolhas e amarrota-las numa bolinha bem feita e atira-las num lançamento ao cesto que valem 3 pontos, desistir delas em favor da sociedade... é melhor? Levar 100% em conta o que os outros pensam, aceitam ou querem de nós, fazer disso a nossa linha de limite acaba por ser tão cansativo e frustrante como andar a dar uma de D. Quixote. 

Então... em que pé a gente fica??

Mal por mal, antes um D. Quixote um bocadinho almolgado, que um certinho frustrado...e bem haja Einstein e todos os começos absurdos...

Apareçam

Rakel

* o título do post é assim por culpa dos Velvet Revolver... o álbum deles com o mesmo nome foi a minha música de fundo   :)

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