Não fosse esta uma era completamente revirada, paradoxal e multi facetada, falar de revolução, seria um lugar comum, corriqueiro e sem graça. Mas revolução não é engraçada. A meta da revolução é mudar aquilo que está pré-estabelecido e fazer vigorar uma nova vaga. Até aí, tudo certo e direitinho naquilo que se percebe sobre o assunto. As diferentes maneira de revolucionar a sociedade, pode não só passar pela mini saia (Mary Quant foi uma verdadeira revolucionária) como passar por uma música que sirva de símbolo para uma geração que anda a rasca ou já no basta. Bob Dylan, Joan Baez cantaram a revolução, assim como Geraldo Vandré, Caetano, Chico Buarque ou Zeca Afonso. Pode ser apenas um poeta inconformado como foi Paul Éluard, que em plena invasão alemã na França escreveu poemas de coragem e revolução.
Acho que a grande revolução começa na cabeça de todos nós, o revirar desse T-Zero que pode ficar decadente, poeirento e cheio de teias de aranha. Quando se instalam estes pequenos desleixos, começamos a ficar acomodados à sociedade e não mudamos nada, tudo em nome de um conformismo e comodismo pobre.
Portanto, se revolucionar é mudar, não há mudança que não seja dolorosa. Aliás, a história da humanidade está repleta de revoluções sangrentas, violentas e brutais. A Queda da Bastilha não foi uma acontecimento só de vivas, beijos e vinho. Correu muito sangue, culpado ou inocente, mas sinceramente, acho uma monstruosidade total usar armas e violência para mudar algo. Assim estamos ao mesmo nível de quem oprime e manda, fazendo as mesmas asneiradas.
Uma destas noites, em conversa no chat, numa daquelas noites mornas e sem grandes pretensões, falou-se de Guevara, a Baía dos Porcos e de Fidel... poder, contra poder, invasão e revolução. Dados históricos, documentos, eu na minha (teimosa como um raio, eu sei) com um filme interno de Guevara a ser traído pelo invejoso Fidel, me perdoem, mas eu quando tenho uma coisa na cabeça...tem a sua razão de ser. Bom, no resultado de tudo isso e que me perdoem os leitores, demo-nos conta que o poder em si é uma merda e que já não se fazem heróis, não há símbolos nem quem seguir ou nos guiar. Pior, o poder corrompe até os melhores que se dedicam às nobres causas. É um facto.
Hoje, ninguém dá a cara para nada, raros são os grupos que se dedicam a revolucionar e que o façam com alguém na dianteira. Agora é uma massa anónima de pessoas mascaradas que se dedicam a revolucionar a sociedade de formas bastantes diversas. O alcance cibernético, permite não só ao acesso rápido de informações, como ao mesmo tempo de poder intervir directamente. A clandestinidade tomou outra forma, já não há reuniões em bares obscuros ou caves mofentas. Agora um IPad, um PC ou até um telemóvel serve de ponto de encontro. As bases são as mesmas, o meios é que mudaram. Em questão de segundos, é-se capaz de mobilizar uma quantidade considerável de pessoas para uma passeata ou manifestação.
Foi dentro do meu tempo de pausa que me deram a conhecer um grupo internauta que me passou ao lado. Anonymous. Como muitos que são contra-poder, são chamados de anarquistas, e neste caso, são um grupo bem organizado, sem apetites violentos e que usam a cabecita e os meios mais light.
Não serão menos contundentes por isso, nem menos presentes pelo facto de ter a Net como arma maior, mas actuam em várias frentes que vão do ecológico ao social. O meu grande dilema sempre foi o facto das pessoas esconderem-se atrás de máscaras e disfarces. O Activismo na minha maneira de ver teria que ser uma coisa mais ou menos como foi nos anos 70 com os Hippies ou até um bocado antes, com os activistas dos direitos igualitários entre brancos e negros na América do Norte. Fosse como fosse, davam a cara e o corpo ao manifesto, levavam porrada, iam presos, mas assumiam as suas ideias e lugar. Já naquele tempo, a chancela "Anarquista" ficava colada à estes grupos. Basta sair do certinho e direitinho e fazer um bocado de agitação e já é apelidado de "anarquista".
Black Block, outra mobilização activista e bem conhecida, que se move pelo mundo vestidos de preto e neste caso, usando da violência pura e simples para se fazer notar, é outro fenómeno revolucionário destes tempos conturbados. O lema deles é arrasar com tudo que seja poder, embora passem por cima de quem não tenha culpa de nada. Na maior parte das vezes questionam o poder vigente usando bastões e pedras e destruindo. Passaram por Lisboa na última cimeira. Verdade seja dita, colocam o dedo na ferida, embora eu nunca tenha conseguido aceitar que, para fazer valer o meus direitos, tenha que partir tudo e andar a pancada.
Os tempos de Guevara, Simon Bolívar, Garibaldi, Malcolm X, Luther King, Ghandi...já se foram. Agora o que progride é uma massa enorme e anónima que se mobiliza num estalar de dedos, mascarada e que procura por todos os meios mudar o poder vigente. Se são ou não um fenómeno para continuar, só o tempo o dirá, mas será tão válido como foram outros movimentos revolucionários que fizeram não só a história deste país como outros movimentos dispersos pelo mundo. E cada um deles, afiançando que são contra poder, fatalmente irão ser chamados Anarquistas... porque desrespeitam a lei a ordem estabelecida.
Coloquei is links, para que cada um possa ler e avaliar por si mesmos no que se baseiam estes dois fenómenos revolucionários.
Não pretendo de forma nenhuma glorificar ou deitar abaixo os movimentos revolucionários, aliás a pasmaceira e o comodismo me chateiam mais do que tudo. Apenas tenho uma certa alergia à pessoas que se comportam como neandertais, porque pra mim, violência é a palavra de quem não tem um argumento válido. Por muito que respeite a PETA, um movimento de protecção animal, os meios que usam não são os que considero de alguém com inteligência. Mas isso, é apenas a minha modesta opinião. Tão válida como a sua ou a do seu vizinho...
Apareçam
Rakel.
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