Frases do Nosso Descontentamento III


As frases feitas que normalmente escutamos, aquelas que faz a gente revirar as unhas dos pés, essas mesmo, que a gente sabe no que dá, são uma colecção imensa...

"Não é nada contigo... são coisas minhas..."  Se isto sai da boca de alguém emburrado, acabrunhado, estranhamente silencioso, de certezinha absoluta o problema é realmente consigo e não com a pessoa que disse a frase. Uma sugestão: se quiser ouvir uma data de coisas que fez há pelo menos uns 11 anos, aperte a pessoa em questão para que lhe diga ao certo o que são as tais "coisas minhas". Se quer continuar a ter um dia sossegado, faça justamente o oposto e dê espaço...deixe passar a birra. Porque tão certo como depois da domingo vem a segunda feira, a pessoa em questão vai arranjar espaço e argumento pra lançar pra fora o tal assunto que era "coisa minha" e que passará a ser "culpa tua". É tudo uma questão de tempo ou de capacidade de escapatória.

"Aqui nós somos como uma grande família!" Se na entrevista de emprego foi isso que ouviu, tem 90% de chances de, se integrar essa "família feliz", há de ter o espaço daquela tia solteirona que todo mundo crava para fazer coisas que ninguém quer. Como toda família que se preza, há uma faixa bem definida dos que levam uma vida mansa e ninguém os aporrinha, assim como tem os lambe - botas assumidos. Nessa família laboral que vai entrar, talvez se veja perante uma data de ambiguidades e a balança pende sempre para o lado... que não é o vosso.

"São apenas um par de quarteirões, nem cinco minutos de caminho" Isso se você for de carro, isso se não for  6 da tarde, isso se a pessoa em questão pensa que o número da porta é aquela que pensa... e não estás na Av. Almirante Reis em hora de ponta... e a repartição vai fechar dali há uns 10 minutos...
Já fiz uma caminhada nesse estilo dos "cinco minutos e é logo ali" logo ali o tanas!!! Mesmo a pé, em passo apressado (se não fosse a minha raiz paulistana, seria pior, hábito de andar depressa), ainda a desviar de andaimes, tapumes, buracos mil, passadeiras que são verdadeiras touradas, os cinco minutos levam 20 por que o raio da repartição fica lá beeeeem no fundo da avenida... ó sorte...

"Esta roupa fica- lhe mesmo bem!!" Se está numa loja, se tem um par de vendedoras de olhinhos brilhantes, de mãos postas, se elas se desfazem em elogios e a peça em questão é uma blusa estrambótica, cara como a prestação da sua casa, de certezinha que lhe fica mal...
Por uma questão de colocar a verdade no seu lugar, temos que dizer que quando uma peça de roupa nos fica mesmo bem, daquelas que nos deixam "prontas pra matar" as vendedoras são mais lacónicas. Perguntam apenas o número que usamos e dizem a cor que tem disponível. Quando falam demais, precisam da comissão, de se desfazer do mono e depois comemorar. Depois não reclame se comprar aquela blusa estampada de seda, estranha e muito chamativa que não combina com nada. Aquela que fica sempre por estrear lá no fundo do roupeiro, que custou os olhos da cara e que não tem coragem pra dar um funeral digno  à ela...



"Achas que estou gorda?" Esta é um clássico, que na minha modesta opinião é uma verdadeira cilada para  os homens. Todos à quem esta pergunta foi feita, dão uma paradinha e ficam a pensar... até dá pra ouvir o Tico e o Teco a conversarem na cabeça, tentando arranjar uma saída airosa.
Poupo-lhes o trabalho...não há saída airosa. Pra já, a pessoa que pergunta isso, já sabe por si mesma que não precisa da resposta. Ou o botão da calça, já bem longe de chegar perto da casa que lhe convém, lhe deu sinal que é hora de parar com os chocolates, ou se deu conta que não pode comprar nada do que gosta para vestir, porque não há tamanho para ela. Aliás factor interessante da evolução social. Antes a gente comprava roupa que nos servia, hoje a gente tem que servir pra roupa. Algumas marcas obrigam mesmo que a gente faça um apanhado geral corporal e se consciencialize que temos que mudar de marca. Com imensa pena nossa. Continua a minha guerra com os botões de camiseiros...   :P
Se quem me lê diz que não, não está nada gorda, ela há de dizer que você a quer ver badocha, cheia de pneus, porque é um grande ciumento.
Se disser que se perder uns quilitos não lhe faziam mal nenhum... bom, de certeza vai ouvir um repertório que vai do insensível ao bruto (e por aí a fora)  e vai passar uns tempos sem nada a ganhar...se é que me entende.
Se pensa, que ao dizer : "tu que sabes" se safa... piorou. Aí ela vai dizer que você não lhe liga nenhuma... que ela até poderia sair de casa com uma saca de farinha como roupa que você nem se daria conta disso... e lá vai ser a semana de dormir no sofá pra aprender a ser sensível.

Rivalizando com este clássico, só mesmo o : "Vê lá se notas alguma coisa diferente em mim!"
Raros... aliás raríssimos são os homens que reparam em mudanças visuais numa mulher. Essas nuances que passam ao lado da estética masculina, embora tenha sido fatal os uniformes cor de rosa do Benfica. Muitos deles fazem um esforço titânico para, por eles mesmos, encontrarem as mudanças ligeiras e elogiar...
Embora a minha irmã me possa matar depois, a verdade é que meu cunhado, um rapaz sensível e atencioso, já fez dois reparos dignos de alguém que se preocupa...mas é bola na trave.
Como só em cima da hora ele avisava que iam sair, a minha irmã muitas vezes tinha que se arrumar em cinco minutos, porque já estava tudo combinado com mais amigos para sair. Portanto, numa das vezes em que ela tomou banho, se vestiu, penteou e maquilhou em 5 minutos...assim que ela entra no carro, ele olha pra ela e diz: "Nossa! Como você está linda!" (um querido né?). Minha irmã, satisfeitinha da vida coloca o cinto de segurança e lá vão os dois a caminho do tal programinha entre amigos. Com o sol a bater nos olhos, ela baixa  a pala do lado dela (tem sempre espelho né?) e ela olha pra imagem dela... com um olho pintado e o outro não. Poderia-se dizer... bom nem se notava. Mas ela usava sombra e Kajal... no pintado.  :)
Ela há uns tempos atrás, tinha o cabelo comprido.. e tal como meu cheio de jeitos. Daí que tem aqueles dias que o nosso cabelo sabe que precisamos, desejamos fazer dele algo de jeito... mas ele resolve não colaborar. Impossível, indomável e nem chapinha resolve. Ela entrou noutro dia no carro com o cabelo assim... e o rapaz larga um "O teu cabelo tá tão bonito hoje!"
Ela me diz que o amor é cego... e eu acredito. Acredito mais ainda que ele seja um querido e goste dela do jeitinho que ela é...


Apareçam

Rakel.

Comentários

  1. frases em k homem algum ker k lhe sejam feitas....

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  2. E aquela: "Ainda gostas de mim?"
    Quando geralmente a pergunta sai não num momento de franca falta de auto-estima, mas de conhecimento e leitura de sinais de qual seria a verdadeira resposta.
    E se depois se ouve um, "sim!" e a alma sossega no confortável som do que se queria ouvir, mesmo que seja mentira?
    Verdades, meias-verdades? Serão as duas necessárias? Talvez.
    Prefiro chorar baba e ranho com a verdade...e amadurecer "com a pancada".
    Até porque a verdade se sente de qualquer forma.

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  3. Anita... sabe, até podem gostar mesmo. Gostar é fácil, eu por exemplo gosto de gelados, de dormir o dia todo e de andar a pé. Mas não que tenha saudades disso, não é uma coisa que me faça falta. Gosto e pronto. Daí que quando sai essa pergunta, muitas vezes até dizem a verdade, gostam, mas também do Benfica e de sandes de torresmos ou de caracóis com imperiais.
    ... e também tens razão, muitas vezes diz-se que sim por não querer enfrentar a consequência de um não...
    ...porque a verdade, apesar de nem sempre ser bonita é sempre melhor do que viver uma mentira, ou como diz o ditado, mais vale um desengano na vida do que viver a vida toda enganado...

    Este post foi escrito e publicado há 2 anos atrás. Para mal dos meus pecados, ando agora num notebook e tanto eu como o rato temos problemas de personalidades inconciliáveis e nem sei como cargas d'água o post veio agora ser resposto ontem.

    bjo miúda... e vai lendo mais para trás, é capaz de gostares :)

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  4. Sim, mas neste "ainda gostas de mim" referia-me mesmo "ao tal" contexto particular.

    Vou ler sim Rakel. :)

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  5. Ai Anita... nesse contexto particular falam mais os olhos que a boca... :)

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  6. Ah pois é ;)...por isso não enganam, ai ai :)

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