A Pergunta que Vale Um Milhão de Euros


Estive a ler o post da Bad Girl e como neste momento a minha vivência laboral é feita de miúdos e futuros adultos, para mim a resposta é bem simples: permissividade.

Além do culto fortemente enraizado do "coitadinho" e  "nervoso", ainda temos aquele velho problema da falta de tempo para os filhos. Como não há tempo há que compensar o facto com "coisas", de preferência caras e muitas se possível. No caso da "criança nervosa", passa-se demasiado tempo a permitir comportamentos aberrantes, deixar que extravasem o  mal humor e a sua falta de educação de base... e temos perfeitos hunos nas ruas e instituições. Aqueles que deveriam educar, deseducam ao confundir amor e afecto com "deixar fazer tudo". Aí os meninos crescem, começam a entrar na adolescência, e os pais começam a ser confrontados com os primeiros problemas: roubos, dias e noites inteiras passadas fora de casa, a família já em si completamente disfuncional (álcool, violência doméstica) e aí entram as Instituições em campo quando as escolas começam a não ter como controlar estes terramotos ambulantes.

O mais caricato desta situação é a seguinte, o Estado, na sua representação na Segurança Social, agarra neste meninos (entre os 15 e 17 anos) e com a ajuda de psicólogos e assistentes sociais tentam encontrar uma solução. Em Tribunal, é dada ao jovem a possibilidade de escolher para onde quer ir: um Lar de Acolhimento de Regime Aberto ou para um Estabelecimento Educacional (um eufemisto para Casa de Correcção ou Reformatório) para ter a chance de se reabilitar.

Como é óbvio, ao jovem em questão, quando lhe é dado escolher, as únicas palavras que ficam no ouvido é  Regime Aberto... e a escolha é óbvia. Mas nesses lares também estão crianças que tem todas as possibilidades de ter um futuro prometedor, que tem imensas chances para evoluir, mas terão que conviver com os hábitos, ou falta deles, de jovens habituados a roubar e a consumir drogas. 
A palavra de ordem é ter muita paciência com estes jovens problemáticos, falar baixo, procurar ser firme sem levantar a voz e deixá-los estar quando estão de mau humor e começam a quebrar tudo quanto vêem...

Pensam que estes jovens aproveitam o facto de lhes dar, não só um tecto estável, actividades, possibilidades, para fazer um novo começo?  Nas minhas contas talvez 1% deles... e mal medidos.
Aí, quando a situação está num verdadeiro caos, em que os miúdos que potencialmente seriam aproveitados e poderia fazer-se um bom trabalho já estão a entrar na linha dos desvairados... chega a senhora Segurança Social e diz que é preciso fazer alguma coisa.... Jura?? Mesmo?? Nossaaaaaa...

Posso dar umas pequenas sugestões?

Putos que são violentos, que se metem nas drogas e roubam, já tiveram imensas chances de mudar... se lhes dão mais uma chance e queimam-na... meus amigos, temos pena, mas não é para estragar a vida de outros que estão indo bem e no caminho certo. Tem que ir para outros lugares mais apropriados às suas necessidades. Isto de pegar num miúdo viciado em drogas e coloca-los em Regimes Abertos não ajuda em nada. Peguem nestes miúdos e façam primeiro que tudo um trabalho de desintoxicação. Desloquem os miúdos de Distrito, para que não hajam contactos com "amigos" que lhes forneçam produtos. Tirem-lhe os telemóveis, façam-nos trabalhar, saber o que custa a vida. Durante tempo demais confundiram afecto com "ter coisas", fazê-los merecer o que querem. Nós que trabalhamos e fazemos pela vida sabemos que não é ao estalar dos dedos que conseguimos ter as coisas. 

Há uma situação que me incomoda demais. Casais que querem adoptar crianças passam por um escrutínio pesado e muito exigente da Segurança Social para ter uma criança. E nessa pesquisa avaliam tudo, até mesmo o tempo que esses casais dispõe para a criança.
Mas qualquer badameco/a , que já a partida não tem condições para cuidar de si, que tem uma vivência nada abonatória podem ter filhos as dúzias. Nada lhes impede ou tolhe para que ponham filhos no mundo, que não lhes dê condições de crescerem, e só mesmo quando está tudo num caos completo, entra a Segurança Social para tirá-los da família e lá temos nós tudo aquilo que escrevi lá em cima.

Pensam que é uma forma de separatismo? De selecção da espécie? Pergunte ao pai do rapaz, lá de Santarém que tem o filho em coma. Pergunte se acha bem que o rapaz, que estava no jardim com amigos, que estava na conversa, que foi confrontado por membros de um gang vindos da Capital e que não soube dar as indicações que pediram e viu-se agredido a marteladas...

Pergunte-se você, que educou seu filho como deve de ser, com bases boas e que fez dele um jovem socialmente integrado, se quer que ele seja confrontado na escola com a agressões, roubos e pior ainda, por miúdos que estão na lista do "coitadinho é nervoso". Pagos pelo bolso de toda gente pra ter um lugar melhor que não sabe aproveitar...

...e já agora, quem trabalha com eles são mal pagos como tudo. Falo por mim.

A resposta para os miúdos mal educados: permissividade dos pais, do Estado (que só vive de estatística e são uns líricos) e da sociedade que não exige nada dos seus direitos. Dos Juízes e leis desajustadas, que permitem escolhas para quem deveria ter a vida pouco facilitada, porque vida facilitada tiveram há muito tempo. 

Apareçam

Rakel

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