Lá diz o adágio : "Cuidado com o que desejas" , quer quer dizer: " vê lá o que pedes que pode muito bem acontecer e terás uma surpresa". Mas a gente pede, somos uns pedinchões, sempre almejando mais e melhor pra vida e atazanando a cabeça da providencia divina ou não.
Há uns tempos, tinha dito que gosto da noite, que não me importava nada de trocar o dia pela noite e que passava as minha noites insones a ler, ouvir música e a escrever. Realmente adoro ver aquele momento de troca do dia para a noite e vice-versa. São momentos mágicos e únicos, aprecia-los dá uma paz interior enorme e parece que nos transformam um pouco. Mas as minhas noites de corujice não aconteciam por obra e graça do divino...perde-se o sono pelas preocupações que a arranjamos na vida.
Nada acontece de graça, os problemas que temos são resultados das escolhas que fazemos e das nossas ambições ou acomodações, por isso, a causa maior da minha insónia militante era o desemprego. E eu, com esta boca santa, disse uma data de vezes que adoro a noite e que não me importaria nada de trocar a vida diurna pela nocturna. E quase naquela base da história da Lâmpada Mágica...o pedido foi concedido. O meu trabalho tem como base o Apoio Social, uma das coisas que andei aqui a gastar os dedinhos em posts a cutucar toda gente a fazer um bocado sob a forma de voluntariado. Portanto, a colocação que consegui encaixa bem no meu modo de visão de vida. E por disponibilidade minha, aceitei os turnos nocturnos. Gosto do que faço, aceitei as responsabilidades com gosto, gosto de toda a equipa (que aliás trabalha toda muito bem) e acho que o lugar apareceu como uma luva.
Mas, lá está, com o pedido concedido, eis que a cabeça relaxou, o corpo cedeu à pressão da falta de solução... e ando agora às aranhas com o problema da noite. Há ali um limiar entre as 4 da manhã e as 6 que é um problema bicudo. A minha sorte é frio... saio um bocadinho pra rua, levo aquela chapada de 0º na tromba e acordo logo. No Verão vamos ver qual será a minha estratégia. Saio às 9 da manhã do turno e vou pra casa.. coisa de 10 minutos a pé, e ao chegar ao "lar, doce lar", tenho o meu gato a minha espera no sofá, exigindo o básico: atenção, mimo, comida e brincadeira. O bichano sente a falta aqui da Rakel, meu filho mais novo diz que farta-se de miar a noite, não quer outras pernas pra dormir que não sejam as minhas... temos pena.
Chego já mais pra lá do que pra cá, desatinada da cabeça, desabo no sofá e durmo pesado... acordo umas 4, 5 horas depois farta de ouvir o aspirador da vizinha de cima, os berros dela com os putos, as brigas com o cônjuge... não há paz e escuridão que me embale. Completamente azamboada, faço as coisas normais de quem tem uma casa e responsabilidades...embora já não tão bem quanto antes, mas, vamos com calma. Aliás, uma das coisas que ganhei com isso tudo foi uma calma anestésica enorme. Quando abro uma carta de amor da EDP, do gás ou das águas... não me ralo nada. É a fase piloto automático fantástica que surge assim que acordo e dura um par de horas.
Descobri que tenho, como resultado desta calma, da anestesia de par de horas, a fantástica prova que os dois lados do meu cérebro trabalham numa harmonia jeitosa. Consigo pintar as unhas com o gato nos joelhos a querer mimo, ao mesmo tempo que respondo aos mails acumulados. A gaita é quando na distracção (meu filho chama de "peso da idade") guardo o pacote dos guardanapos no frigorífico e a manteiga vai pra despensa... Assino os testes e as comunicações da escola dos rapazes (e coloco a data de 2009, vai se lá saber o que esse ano me diz) ao mesmo tempo que faço 3 tipos de refeições diferentes, para deixar já as coisas encaminhadas por um par de dias... ser gaja é mesmo fora de série...
Escrever aqui?? Bom, quando der e puder, as coisas já não encaixam bem no molde diário. Mas com boa vontade... as coisas acontecem. E o que aprendi nisto tudo?
Nada acontece por acaso, cada vez isto reforça mais a minha crença que tudo tem uma razão para acontecer. Se eu tomei decisões que melhoraram ou pioraram a minha vida, é lógico que a única responsável por isso tudo sou eu. Não é o azar, os outros, um Judas qualquer que eu pegue pra justificar a minha falta de sorte e desditas da vida.
Há sempre uma chance de um novo começo e melhor,mas se queremos isso, é preciso ter consciência de que há coisas que não resultam, que há coisas que não nos fazem bem e portanto é necessário mudar. Por nós, não para agradar ninguém ou apenas conseguir algo. É uma coisa mesmo muito, mas muito pessoal. Essa mudança interior no meu T-Zero é responsável em parte (a outra parte é fase anestésica) pela calma interior, mais positivismo da minha parte e uma certeza que, as coisas que escolhi pra mim, como modo de vida irão acontecer.
Que não há NADA que derrube o meu sentido de humor e a capacidade de rir de mim, nem da confiança e apoio que tenho dos meus filhos e amigos mais chegados e presentes (mesmo ausentes fisicamente sei que estão sempre a torcer por mim). Que aguçou-se a minha vontade de aprender e saber mais coisas, ver que o tempo, bem gerido estica-se e dá pra muitas coisas... e já não tenho surpresas que me assustem.
Outra coisa que aprendi: nunca mais comprar verniz pras unhas espanhol numa loja chinesa (a conjunção do mal), fiz isso e ando agora nesta fase divertida e ir pintando de cores diferentes. O dito verniz que comprei... era preto, saiu das unhas?? Não... nem com um frasco grande de acetona ele cedeu...
Agora ando numa fase divertida de cada 2 dias pintar de uma cor diferente (perco logo o verniz nas pontas das unhas e fica feio né?) até o raio do preto sair definitivamente... E tomar cuidado quando for comprar tinta pro cabelo... não vá ter que andar com uma cor estranha por um mês inteiro.. :)
Apareçam
Rakel
Comentários
Enviar um comentário
Estamos ouvindo