Desconheço por completo o que vai na cabeça dos políticos e por arrasto, os autarcas. Se a economia do país anda pela rua da amargura, o comercio tradicional anda a tentar sobreviver a custa de muito trabalho e teimosia.
Talvez também seja este costume enraizado, que pegou de estaca, o facilitismo e comodismo. Não tenho nada contra o progresso, se não fosse ele, não estaria aqui agora a deixar no siber spaço estas minhas reflexões. Mas há coisas que realmente fazem falta, uma delas é o contacto entre cliente e quem está atrás do balcão. Por exemplo, eis que a pega da panela de pressão partiu, ou a borracha da tampa foi-se. Aí a gente se dirige ao hipermercado da zona onde mora e tem lá uma data de apetrechos e nós temos que nos virar. Se chamamos um colaborador, este sabe tanto quanto nós e ficamos na mesma.
Mas como fomos às bandejas de carne já cortada, a salada já lavada e cortada, porque não levar a borracha da panela de pressão.. que depois não é da medida e ficamos a ver a coisa mal parada?? As pessoas pouco se dão ao trabalho de dar uma volta pelo local onde vivem, andar a pé oferece não só a oportunidade de conhecer melhor o local onde vive, como poder encontrar verdadeiras jóias esquecidas: a simpatia e a atenção de quem vende.
Aqui onde vivo, Torres Novas, oferece uma data de coisas que simplesmente passam desapercebidas de quem se desloca de carro. Daí que o facto de teimar em andar a pé me dá todos os dias a oportunidade de conhecer cantinhos novos e coisas geniais.
Uma das casas de comercio tradicional mais antigas, daquelas que tem do tachinho mais pequeno à copos, louças e todos os apetrechos de patuscas e panelas de pressão, é a do Sr. Jacinto. Simpaticamente não só consegue arranjar justamente aquilo que nos procuramos, como além disso, se não tem, arranja maneira de encomendar. É daquelas coisas que uma pessoa muitas vezes precisa, uma opinião e alguma atenção.
Logo ao lado, fica a loja da Dona Fernanda, uma loja de armarinho, com tudo aquilo que podemos imaginar, além de alguns tecidos e .... lá está simpatia e disponibilidade para arranjar o que queremos.
Com as minhas andanças já encontrei uma loja onde fazem arranjos de roupa ou confecciona aquilo que queremos. O que vem dar um jeitão nestes tempos de carestia, em que me vejo tentada a remodelar algumas coisas e reaproveitar outras. A tal da reciclagem. Seguindo um pouco mais à frente, numa rua de pouco movimento (infelizmente, diga-se de passagem), há a tal loja de vão de escada com CDs de música alternativa (que merecia espaço mais arranjado e cuidado) há lojas de decoração, de mobiliário, de lingerie e uma loja que descobri...porque sou cara de pau. Eu quando tenho curiosidade de saber o que é ou tem, entro e pergunto.
A loja em questão tem uma variedade boa e de bom gosto de tecidos para forrar sofás, cortinados e quadros originais pintados pela Célia, dona da loja. Formada em Decoração de Interiores, apaixonada pela raiz tradicional portuguesa, oferece não só os materiais quem tem à venda, como também sugestões de decoração. Ela também pinta murais temáticos e faz ela mesma motivos pintados a mão em cortinas. Eu veria isso se fosse ao Shopping ou ao Hipermercado? As pessoas muitas vezes vão ao Shopping apenas para uma ida ao cinema e ao hamburguer de ocasião. As lojas andam às moscas... sinceramente nãos sei como sobrevivem. A ideia de puxar o povo para esses espaços onde há tudo a mão, mas que custam os olhos da cara, não é boa ideia. E deixam em total desamparo os lojistas tradicionais.
É bem verdade que o investimento apostado nas grandes superfícies comerciais justifiquem o facto que, a publicidade nos transportes urbanos só sejam para eles. Que o lojista tradicional tenha que se valer por conta própria, isso a gente já viu. Que o povo anda numa de comodismo e preguiça tosca... também. Podem gastar uma tarde inteira na mesa de um café, em frente de uma bica já tomada e meio copo de água, mas dar uma volta?? Nááááá´... gasta as solas. Depois reclamam que a cidade não tem nada, que quer colocar umas meias solas e não podem. Por preguicite aguda.
Já agora, seja a cidade onde viva, dê uma volta com a família e amigos pelas lojas, garanto que não vão se acotovelar, nada de filas intermináveis para embrulhar uma caixinha de bombons. Isso, sim, é o cúmulo do comodismo e facilitismo. Vão às livrarias, lojas com pequenas lembranças...
Já agora, se alguém estiver com vontade de me dar uma prenda, lá na loja do Sr.Jacinto tem esta lamparina dos tempos do antigamente que fica a matar na minha sala.... :)
...já pra não falar na economia de luz, já que aqueles santos da EDP vão nos
Passeiem
Apareçam
Rakel
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