Escalada


O pano de fundo pode ser diferente, mas a verdade é que procuramos subir na nossa vida privada e social. Tenho por hábito fazer analogias com o que me rodeia, talvez pelo facto de fazer associações, sempre foram uma ferramenta útil para compreender. Este mau feitio que tenho de não me deixar convencer logo de caras dá nisso. Preciso mesmo entender as coisas, comparar e analisar. Daí que muita gente pense que vejo as coisas de modo frio, calculista e desapaixonado. Muito pelo contrário, é justamente na vontade de tentar compreender as coisas que analiso, penso e tento encaixar aqui no meu T-Zero. O dar de ombros e dizer "Ok, se é assim tudo bem" não me satisfaz. 

Por isso mesmo, sempre imaginei a minha vida como uma escada, e nela, estou sempre a tentar subir um bocadinho mais. É verdade, por uns largos tempos me sentei num dos degraus pensando eu que era confortável. Tomei a inércia como descanso e errei brutalmente. Depois, pra falar a verdade, dediquei demasiado tempo num lado só dos degraus. Me enchi de teorias, de análises, estudos... é bom crescer num nível de entendimento, só que deixei de lado o lado prático da vida. Portanto, nesse degrau em que parei, fiquei imersa nos meus devaneios "pensadores" e vivi só isso. Andar só num lado da escada, desequilibra, ela começa a pender para um lado e começa a ruir aos poucos. Se escolhesse só andar no outro lado, fatalmente o mesmo aconteceria.

Decidi levantar do degrau, olhei pra cima e vi que a escada é longa, mas se não começar a colocar um pé em frente do ouro, a subida nunca mais acaba. É o que tenho feito, embora a minha escada não seja larga e recta permite a mesma subida que as outras.

Sexta-Feira dei um passo à frente na minha escalada, mais um degrau e mais uma pequena vitória. Tratei das coisas para que, dentro de uns poucos meses prestar exame à duas disciplinas em atraso. Por isso, vou me dedicar a estudar Sociologia e Psicologia B . Daí, com a minha fé de que vou passar nesses exames, vou fazer os pedidos de bolsa de estudo para uma licenciatura. 

Nesse dia, literalmente fiquei com os pés funhanhados (lembrei-me de levar sapatos de gaja e deu nisso), andei a tratar de fotocópias, preencher processos e todas essas coisas divertidas e que gosto muito. Achei peculiar e lugar comum a cara da responsável pelo gabinete quando viu as minhas habilitações. Perguntava-se como raios foi que eu consegui, naquela época (século passado) fazer o 12º ano sem ter completado duas disciplinas em atraso. porque é mesmo peculiar o meu currículo. tenho o 12º completo, 2 cadeiras do 11º trancadas. Isso equivale para todos os efeitos a que as minhas habilitações actuais sejam o 9º.  :) Fixe né?

Sem dúvida as coisas comigo sempre tem esse sabor de aventura (já pra não falar de alguma azelhice da secretaria do Liceu que aceitou a minha matricula assim), mas já me habituei a essas coisas.
Embora o Governo empurre pela garganta a baixo dos portugueses as Novas Oportunidades, essa, do ponto de vista dos empregadores não convence. Fazer em um ano 3 anos de escolaridade apenas falando da própria vida é absurdo. Mas o estado quer mostrar estatísticas, mostrar empenho no grau de escolaridade do país. Mesmo que seja de maneira precária e sem uso. 

Por isso optei pelos exames, terei que provar o que sei em pé de igualdade com os alunos de ensino curricular, sem mais benefícios que eles. Talvez o único seja mesmo não ser obrigada a aturar os professores... mas se todo o mal fosse esse...

Daí que agora com a constatação que em tudo tenho que investir o lado prático e teórico, as coisas vão indo, vou subindo e completando tudo aquilo que me falta. Mas sem dúvida estou a olhar bem lá no alto tudo aquilo que sei que tenho direito. E mainada!!

Apareçam

Rakel.

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