Ciência, Genética e os Cigarros...


Ao mesmo tempo que tento me colocar séria pra poder falar de saúde, eis que uma propaganda que fala de um pãozinho quente e fabulosamente cheio de pepitas de chocolate belga, entra pelo olhos adentro só pra sabotar tudo. Não há direito!!!

Pra falar a verdade, esta que vos escreve hoje se sente entre a espada e a parede sobre o assunto. Porque pra começo de conversa, a caminhada que tinha ficado agendada para hoje foi substituída por um lanche de se tirar o chapéu, na casa da minha amiga que se deixou dormir depois do almoço na sua chaise long...
Portanto, a caminhada foi pras urtigas e fiquei na conversa a debicar amoras e framboesas (porque já tinha arrebentado a minha cota de calorias com uma fatia de bolo de chocolate),  conversando sobre a vida. Até que veio a frase do costume:

"Tu e a Ana deviam deixar de fumar, só vos faz mal!" -  isso enquanto barrava uma fatia de pão de forma com queijo e acomodava-se com jeitinho rodelas de salame em cima.

A velha batalha de sempre entre saúde e os nossos vícios, a nossa inércia ou melhor dizendo, a nossa santa preguiça. E depois a T.V não colabora nada nessa senda sofrida de quem quer controlar o que delicia o paladar e depois aumenta os lugares errados do corpo. Colocam essas coisas em segundos mas apelativos quanto baste, fazem as nossas bocas inundar sem darmos conta que, se respirarmos mal, ainda nos afogamos.

Na RTP2, ontem e hoje, passaram dois documentários interessantes sobre os assuntos mais controversos do mundo moderno : a batalha com o peso, a longevidade e a genética. Será que estão ligados entre si, será cultural, ambiental ou os genes mandam em tudo e que se lixe a taça??? 

Na questão de peso, ninguém se entendem, há quem defenda que cada um nasce com um tipo genético próprio, se nasceu pra ser gordo vai ser mesmo gordo, se nasceu pra ser magrelo há de ser a vida toda. Outros acham que é uma questão de hábitos culturais. A mania de se atafulhar de comida e depois aterrar no sofá e ficar como uma gibóia a fazer a digestão, poderá ser um factor? Já há quem fale que o dormir pouco seja um factor preponderante para o aumento de peso, ou que vem do tempo em que tal como os animais, o homem primitivo acumulava gordura para os tempos das vacas magras.

Cada estudo prova e desarma outro estudo, contrapõe, desdiz... sem chegar a lado nenhum.


Falar de peso,leva a falar de longevidade, porque ligar gordura com problemas cardiovasculares é um saltinho, portanto o que se pensaria que tornaria fácil o assunto, acaba por complicar mais ainda. Aqueles que passam a fasquia dos 100 anos não tem um ponto comum : há quem seja gordinho, há quem nunca tenha bebido, há quem tenha bebido o seu copinho, nunca fumou, outros fumavam 40 cigarros por dia.  Uns eram vegetarianos outros mantinham distancia dessas coisas ditas saudáveis. Portanto não havia o factor ambiente/tipo de vida, o que levou à uma única hipótese: a genética. Aquela loteria que não escolhe raça, cor, credo, nacionalidade. Mas o que achei engraçado foi que, além de geneticamente existir factores importantes (o colesterol bom mais alto que o colesterol mau, a ausência de diabetes) o factor atitude era crucial.

Uma das coisas que os mais velhos reclamam (e com alguma razão) é aquela coisa que, tá velho fica aí quietinho no seu canto e descansa. É aquele passar atestado de incapacidade total àqueles que antes eram autónomos e donos do seu nariz. A maior parte, aceita o facto sem reclamar, mesmo que isso os leve ao estado de zombi em frente de uma T.V com a mantinha pelos joelhos e o olhar perdido... em tempos que lá vão.

Um dos estudos que achei mais interessante, foi aquele que pegaram num grupo de seniors e colocaram numa casa com objectos de há 20 anos atrás, os programas e musicas e todos os utensílios da casa datavam de 20 anos atrás, quando eram activos membros da sociedade. Durante uma semanita, o grupo que antes mal se mexia, que dependia dos outros para tudo arrebitou. A mobilidade, a auto-estima, a atitude melhorou mais do que se esperaria em tão pouco tempo. Ficaram mais independentes, andavam mais aprumados... o que revela que apenas o facto de na cabeça o tempo ter recuado 20 anos (e assim, a lembrança de nessa época terem sido pessoas capazes), fez com que o corpo retomasse o controle e "rejuvenescessem".

Portanto aquela senhora que na foto comemorava os seus 100 anos, que na altura até tinha um namorado mais novo (um puto de 85 anos), rindo e enchendo um copo com vinho... era genética? Atitude perante a vida? Factores alimentares?

Acho que há uma conjunção certa de todos esses factores que fazem com que uns, mesmo fumando uns cigarritos, bebendo o seu copito, dançando e se fazendo mais activo...ou preguiçoso tenha a sorte de avançar nos anos, com cabecinha lúcida, activos e sem vontade de jogar a toalha no chão e dizer:

"Tragam a mantinha e liguem a T.V pra que eu veja a novela das 6..."

Não sei se é isso que tenho no meu futuro, mas a coisa que mais ambiciono é poder chegar à velhota e com a cabecinha em condições. Porque com a cabeça no lugar, meio jogo já tá ganho... com ou sem cigarros...

Apareçam

Rakel.

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