Definitivamente... nasci na época errada!! Não vou aqui dar uma de revolucionária contra a tecnologia porque seria a maior hipocrisia do mundo. Mas há certas coisinhas que amarrotam a minha imaginação e modo de vida.
Nem vou dizer que acho que tudo que era de antes era tudo bom, maravilhoso e coisa e tal. Mas há certas coisas que acho que cada cidadão do mundo deveria ser capaz: de uma certa auto- suficiência.
Isto tudo começa numa conversa absolutamente inocente com uma amiga minha, consumista assumida, com a qual contava a novidade de ter descoberto por meio de pesquisas como preparar, fabricar, algumas coisas de uso diário. E tudo ecologicamente correcto!!! Uma das coisas mais atractivas é o facto que se poupa uma boa parcela de dinheiro e se reaproveitam coisas que seriam deitadas fora e poluentes. E começou com uma coisa simples:
"Encontrei uma receita caseira de desodorizante bem catita... e que dá certo!"
"Qualquer supermercado vende...até no chinês, deixa de ser sovina Rakel"
"Mas nem é uma questão de sovinice... sabes que os desodorizantes levam aluminio...para controlar a transpiração? Isso é um metal pesado e logo um gatilho para cancro..."
"Lá vens tu com as tuas tragédias, mas todo mundo usa!!"
Não insisti mais e mudei de assunto. Nem expliquei que as demais vantagens seriam não só o facto de não ter perfume nenhum, ( e portanto não briga com o perfume do nosso gosto) como também não mancha a roupa e é fácil de fazer. Ela prefere pegar num frasquinho da marca XPTO e jogar no cesto com o resto das compras.
Me pergunto, como as pessoas pensam que se fazia no tempo das nossas avozinhas, ou há uns 3 séculos atrás... andava tudo a feder? Andava tudo porco e badalhoco?? Acho que não. Muita gente fazia o sabão e sabonetes em casa. Uma das receitas que encontrei é impraticável para quem mora num andar como eu, e mesmo que more numa vivenda... não estou a ver a juntar sebo dos animais e mais tarde misturar com as restantes coisas pra fazer sabão. Esse sabão ficava depois ou em barra ou era ralado como o sabão em pó que a gente conhece. Descobri que a cinza das lareiras eram aproveitadas e feita um tipo de lixívia, só usando a água e oxidação.
Mas encontrei uma receita muito interessante a base de óleo de frituras... sim, o óleo usado pra fritar batatas e croquetes...acabam por substituir o sebo animal. Podem pensar: mas que raio... óleo para fazer sabão? É verdade, por processos químicos simples e fáceis consegue fazer um reaproveitamento útil. E sabem que mais? Um único litro de óleo que se joga no ralo do lavatório da cozinha polui cerca de mil litros de água potável.
Em sites como o Greenpeace encontram-se boas dicas ecológicas de aproveitamento, de reciclar e economizar. Em outros encontram-se receitas de detergentes para chão, vidros, louça, sabonetes, amaciantes de roupa, velas... muitas coisas. Tudo fazendo em casa, em boas quantidades e saindo mais barato.
Tenho uma certa atracção pela auto-suficiência, de sermos capazes de nos virarmos em situações agudas. Lembro de relatos do tempo na guerra, em que muita gente na Inglaterra , deixou de lado plantar flores no jardim e preferiu as ervilhas, tomates e batatas...
A Bellona costuma dizer, que a coisa que a acalma mais é amassar pão, à mim é fazer biscoitos e compotas...
Quando há as doenças simples cá em casa, uso bastante as receitas tradicionais e naturais, o chás e xaropes das nossas avozinhas... que dão certo.
Nem vou bater mais na tecla das cartas, dessa coisa que cada vez mais cai em desuso, felizmente, ainda tenho uma amiga adepta das cartas, que ainda se dá ao trabalho de ir ao correio e que me faz fazer o mesmo.
E no seguimento das cartas, li uma coisa interessante num livro que falava nos costumes dos séculos anteriores. A linguagem das flores. A maneira galante e velada de dizer o que se é ou que se sente através das flores. Achei uma delícia. Da mesma forma encontrei coisas interessantes sobre a linguagem dos leques, ou do beija mão. O beija mão não é bem aquilo que se pensa... o cavalheiro beija sim, mas era o próprio polegar da mão que agarra a mão da dama. Da mesma forma, o beijar os dedos de uma dama era tido como algo muito íntimo e meio pecaminoso... E nunca se beijava a mão de uma moça solteira...
Ok, ando de MP3 arrolhado nos ouvidos, leio EBooks, me viro bem no PC, brigo com a impressora, não tenho problemas com máquinas... mas não me sinto dependente da tecnologia. No momento da necessidade, enrolo meu cigarro, leio um livro à luz de velas, não tenho problemas pra cozinhar ao ar livre, me direcciono bem sem GPS...prefiro um bom mapa.
Essa coisa de ser um pé no antigamente e outro mais à frente é muito complicado. Mas não deixo de encontrar um certo encanto nas coisas de ontem e adapta-las ao presente. E minha gente, quando fizer sabão e sabonetes aqui na minha modesta morada, tiro fotos e coloco aqui.
Apareçam
Rakel.
Adoro receitas caseiras pelos benefícios sem malefícios. E a receita caseira do desodorizante? Interessante,já tentei encontrar sem alumínio e não consegui. De resto, na sabedoria popular encontram-se soluções muitas vezes capazes de contornar algumas situações sem recorrer a produtos químicos.
ResponderEliminarAloe...prometo que daqui um par de dias, colocar aqui, não só a receita de desodorizante, como também a de pasta de dentes caseira. :)
ResponderEliminarBjos e continua por aqui