O que tu dizes faz sentido, a sério que faz, nem estou agora jogando com a minha mania (que tu chamas de picuinhas) de analisar tudo e usar como dizes, como motivo de troça. Nada disso, respeito profundamente tudo o que dizes, embora não me sinta capaz de ficar caladita ao ver que a irónia da vida (vá, pronto... karma, destino, whatever...) apanhou-te em cheio.
É isso que me deixa verdadeiramente maravilhada...
De todas as possíveis escolhas e gostos que uma pessoa pode dar-se ao luxo fazer, de todas elas, daquelas que sempre colocaste como imprescindíveis e necessárias, não vejo nenhuma encaixar nela. Nem uma sequer. Até o teu horror, e vamos ser claros, uma certa parvalhice repetida por um Macário do sul, que repetiu uma frase de Kim Basinger num filme dos anos 80, dizia eu, o teu horror ao tabaco se vê espelhado nela, que fuma como uma chaminé. E te deixou assim, completamente atordoado e sem acção.
Não meu amigo, ela não é uma mulher dependente de um braço forte, nem tão pouco há de ficar em casa a espera que tu voltes do jogo da bola, nem se veste discretamente e com elegância. É vê-la há uns bons 500 mts de distancia com cores bem chamativas e pintura de guerra. Tu rapaz discreto, dado às caminhadas pela natureza, essa cena que agora meteste na cabeça de descida de rios e caiaques, tu que esperavas ter uma mulher que te acompanhasse nessas subidas e descidas naturais... calhou-te ficar assim completamente em Gravidade Zero por uma mulher que usa unhas contra desporto e sinteticamente arranjadas na manicure.
Agora entendes quando te digo que planear em quem vamos apaixonar-nos é uma ciência tão certa como a meteorologia? Sabes daquilo que te disse tantas vezes, que desejamos uma coisa muito muito, a vida nos dá... e depois nos calha exactamente aquilo que nunca quisemos e é isso que precisamos? Tua vida sistematicamente calculada em pormenor, sem grandes solavancos e em modo de cruzeiro pedia mudança, cor, um abanão. Já te perguntaste a razão de, num estalar de dedos, passar-te assim pela vista de fazer canoagem em rápidos? Lá bem no fundo do teu inconsciente pede batidas rápidas de coração, vertigem, emoção. Os sinais estavam todos ali... e ela também.
Eu sei, eu sei meu amigo, que estás um nadinha apavorado, mais pela mudança radical que aí dentro se fez em ti do que por ela. Tu me dizes que não é coisa para durar, que não pode ser... mas sabes lá bem isso. Ninguém sabe, nem ela, que se calhar.a vida viu que vocês dois teriam que inevitavelmente encontrar-se pelo simples facto de serem tão... como são.
É verdade, eu faço troça de toda gente que faz uma data de planos muito bem arranjadinhos, que detesto a ordem, que acho um tédio a repetição de situações. Adoro o caos, acho imensa piada na capacidade de improvisação, da adaptabilidade humana, na nossa capacidade de rir no momento mais impróprio. Tudo coisas que fogem do teu credo. Tu amas a ordem, as coisas previsíveis...e o amor é imprevisível!!!
Sabes, é que não querendo ser má ou coisa que o valha, aprendi a ver estas coisas interessantes dos opostos e oposições. Quanto mais pedem distancia, mais atraídos se sentem...
Já vi oposições mais parvas, tipo, diferença de idades, diferenças políticas ou até de futebol, coisas para justificarem o medo que dá cá dentro, essa miúfa de que agora é a sério, estatelado na mente e na alma e fora dos planos cuidadosamente traçados.
Olha amigo, eu sei que não deveria dizer isto, eu sei que pensavas que tu, dentro dessa tua mente metódica e perfilada em pressupostos tinhas toda a razão. Mas olha, azar, não tens, tenho-a eu. :)
Isso quer dizer que, nesta altura do campeonato, se eu tinha razão e tu não... eu ganhei a aposta. Pronto, já disse, agora já sabes, cá espero o prometido.
Mas... mais do que tudo.... pah... vive o momento, não te desfaças em simulações ou uma data de talvez ou porventura. Pelo amor dos deuses... por uma vez, afrouxa a gravata e relaxa... a vida é curtinha. Parabéns.
Apareçam
Rakel.
PS: ok, ok.. se eu perdesse teria que escrever sobre isso e dar o braço a torcer,mas vê bem, acho que o momento pede para ficar para a posteridade...
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