Tem o 300...e faço aqui o 500


Olhar para trás na história é como ver o caminho que já se palmilhou. Infelizmente, embora ainda de boca cheia nos vemos como seres inteligentes e pensantes, os bípedes de grande cérebro, ainda fazemos as mesmas cagadas, erros e injustiças que em tempos idos já existiam.

Ainda hoje se luta para impor uma fé, ainda hoje existe os infiéis, os pagãos e há de faltar pouco para que se acendam de novo as fogueiras e se queime em praça pública aqueles que ou incomodam pela sua maneira de estar na vida ou o simples facto de se temer as suas ideias. Ainda guardamos um pouco dentro de nós esse gene campónio, supersticioso e bélico. Somos tecnologicamente avançados, damos umas voltas espaciais, olhamos para os confins do universo, espiolhamos o interior do nosso corpo...mas ainda trememos na base em cada temporal, olhamos de esguelha tudo aquilo que saia do normal e desconfiamos de quem não é igual à nós. Outro dia estava  a conversar, e dizia que se Jesus voltasse aqui pra  este mundo de delícias..certamente seria crucificado outra vez.

Mas consigo também entender, que mesmo com os poucos avanços que vamos fazendo pelo percurso histórico, há que ter alguma esperança que um dia a humanidade acorde e se dê conta de que pode melhorar as coisas. Então, como qualquer pessoa que se interessa pela a história, foi uma bela surpresa a Feira Quinhentista em Torres Novas. Como comemoração dos 500 anos do foral atribuído por D.Manuel I à então vila de Torres Novas, houve uma recriação de vários momentos da época. A organização deste evento esteve de parabéns, uma vez que tanto os trajes como as diversões correspondiam à época de então... 1510.



Mesmo com um calorzinho bom pra uma Primavera, os participantes não se escusaram de passear-se pela cidade vestidos a rigor. E todos os visitantes que assim quisessem poderiam alugar um fato e participar nessa festa de modo activo.
A primeira parte, foi a chegada dos mercadores para a então festa pré anunciada da chegada real à vila...


...do Oriente vieram mercadores e músicos...vendiam sonhos, danças e suas mercadorias. Outros de diferentes parte do país traziam os seus produtos para negociar

A música sempre a tocar, grupos espalhados estrategicamente ofereciam música celtibérica...que até fazia mexer as pestanas. Jograis, cuspidores de fogo e pantominas... além dos comes e bebes..claro.


E quem foi que disse que a malta não gosta de coisas culturais?? Na verdade a malta não gosta é de coisas rascas e feitas em cima do joelho...foram 3 dias em que a cidade encheu-se e era complicado caminhar...


Os nobres e a plebe misturaram-se sem problemas nenhuns..ok, ele estão de óculos, mas ser míope é dureza e já não se fazem pajens como antigamente e nem o povo se arreda pra nobreza passar. Mas nos desfiles, no Baile Quinhentista... tudo foi respeitado ao rigor.

Dentro do Castelo, podia-se assistir ao treinos militares (com uns soldados bem jeitosos...diga-se de passagem...)



Poderiam os visitantes ver como eram os ofícios da altura.. em que ferreiro significava entre outras coisas, dentista, e cauterizador de feridas...


....não... ele não está a assar sardinhas....

Adoraria colocar aqui umas fotos da Stela vestida nos diferentes fatos em que participou nesta Feira Medieval, mas ela me disse que se eu o fizesse ficava sem um rim....e a pesar de ter dois, gosto muito deles, sem distinção e não queria me separar de um deles assim de forma tão abrupta né?

Mas ela ficou giríssima de plebeia, depois no Baile quinhentista foi uma elegante dama da corte e depois um nobre... assim pro lado do gay... mas tava gira. No domingo, dia da chegada do Rei, a Stela envergava um traje de nobre mesmo catita...tipo Dama de Branco dos trovadores... ao ponto dos visitantes perguntarem se ele era a Rainha ou se era uma noiva :P



Ela bem me desafiou pra participar, mas pro ano garanto que vou, até porque vi um fato que é mesmo a minha cara...e já que a Feira conseguiu mesmo fazer as coisas direitinho... porque não participar mais activamente nas coisas que a minha cidade oferece né?

Houve o jantar real...infelizmente, como faço parte do proletariado em crise não pude participar, com iguarias e a presença do Rei.. que segundo a minha grande amiga era pra lá de jeitoso e seu sobrinho que também era assim pro lado da maravilha...

Um apontamento giro foi o final da festa...mesmo durante o mal fadado Benfica -Porto (hoje não há quem ature a gaja...), mesmo diante da porta principal do Castelo...um grupo de música celtibérica deram uns acordes que eu e uns amigos conhecemos logo...Smoke on Warters...numa versão bestial... :) e como estava a praça vazia já que os doentinhos do futebol estavam lá torcendo pelos clubes deles... tocaram essa pra nós.
Depois houve o fogo preso... sensacional.. acompanhado de músicos e cuspidores de fogo...

Só dois contras: de noite foi muito complicado filmar ou tirar fotos do Baile Quinhentista para nós, fotógrafos não credenciados...porque ou havia um candeeiro aceso mesmo na nossa frente ou um cabeção inoportuno. E eu bem que saltei muros e trepei (salve seja) por onde podia par poder pegar um bom ângulo. Resultado, dois joelhos esfolados e uma mão esfolada...e algumas fotos queimadas...enfim...

Apareçam

Rakel.

Comentários

  1. Minha querida, não foi Feira Medieval...foi Feira Quinhentista!!!Estás pior que o outro...

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  2. Já tinha ouvido dizer que tinha sido engraçado.
    Tive pena de não poder ir.
    Que tal combinarmos e para o ano vamos as duas, vestidas as rigor, obviamente?
    E já agora não houve nenhum auto de fé? Porque se houver para o ano é lá que nós vamos parar, as duas!!!
    Jinho

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  3. Stelaaaaaa.... estás viva, caraças!!! Olha, se não me engano... a época quinhentista ficava na era Medieval...ou era o quê? Era Clássica?? humpfff...xiça... que gaja mais conta-gotas...vê lá se queres que eu espete aqui aquela foto tua lá no Castelo...

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  4. Catekista.. devias ter vindo, ias adorar. Mas auto de fé?? Xiça...churrasco não é comigo, principalmente se for a carne a grelhar... tens cada ideia...

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  5. K eu saiba, era mesmo na época quinhentista em Portugal que eles adoravam um churrasco.
    Mas não deu mesmo para ir.
    Deve ter sido bonito.
    Fazem falta mais iniciativas deste género.
    E têm de se aproveitar os recursos e o património que existe.
    E sabes que ideias destas só desta cabecinha.
    Jinho

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