Caminhada


Sábado de noite:

"Amanhã de manhã...caminhada!"

"Define amanhã de MANHÃ...faz favor, temos noções diferentes do que é manhã num Domingo"

"Quando é manhã pra ti então?"

"Sei lá... umas 11 horas..."

" Então 10 horas"

" 11"

" 10:45"

"Não me lixes Stela...11 horas tá?

"Então eu começo mais cedo e depois nos encontramos no lugar do costume"

Só pra contrariar, as 10 e 30 estava já na rua telefonando pra amiga e largando o habitual : "Meké? Tás despachada ou não?"

"Tu disseste 11 horas!?!"

Afinal, a madame se atrasou com as lentes de contacto (uma guerrinha recém adquirida), e tive que esperar um bocadito por ela.

Uma caminhada que fez bem à alma, numa manhã espectacular de Domingo, de céu azul, sol com fartura e um ventinho jeitoso para não ficarmos suando em bica. Acho que cada vez mais esta cena das caminhadas tem o seu quê de interessante. Um exercício simples, que não é dispendioso, adicionando o facto de que, morando numa cidade pacata, com muito verde, dá um bem estar enorme.

Não há mais limitações do que o nosso limite físico, ou horário e agora com o bom tempo, com mais horas de luz, só não faz uma boa caminhada quem não quer.

Depois da banhoca e almoço leve, aí sim , fazer exercício de esplanada: conversar, beber uma água, houve quem desse uma facada na dieta e se rendeu à um gelado, quem se lixou pra saúde e fumou uns cigarritos, mas tudo sem stress. Porque a semana ainda por vir adivinhava-se complicada...como sempre.

Fomos para o jardim com os putos, e mal de mim que tinha a máquina fotográfica na mala... a Stela tem alma de paparazzo (plural da palavra é paparazzi) e deu-lhe pra tirar fotos até encher o cartão. Saíram umas poses estranhas, muitas gargalhadas e uma tarde bem passada. Caí na cama como um calhau.

E bem nos soube esse Domingo pacífico, porque deu pra enfrentar todos os trancos da semana:

Stela cheia de trabalho até às orelhas, nas idas e vindas de buscar os putos, tratar da casa, mais trabalho levado pra casa pra concluir.

A nossa amiga, a ter que aturar as alarvices do seu futuro ex, que não se coíbe de discutir na frente dos filhos, de a insultar e ameaçar. Sem contar com o trabalho, a casa e todas essas coisas maravilhosas.

Da minha parte, mesmo não estando com a vida em cinco estrelas, nem me posso queixar: andando de um lado pra outro resolvendo os pepinos do costume, reuniões de escola, esperando ansiosamente que a papelada fique pronta pra tocar a vida. Porque agora, além do almejado emprego, tenho um novo objectivo: uma licenciatura em arqueologia.

Sempre foi meu sonho a arqueologia, foi sempre a minha profissão de eleição. Por motivos que agora não vem ao caso, deixei de lado este sonho. Mas de vez em quando, muito de longe em longe, eu abria essa gaveta dos guardados na minha memória e olhava pra esse objectivo que nunca realizei. Uma daquelas coisas que sempre ficou no arquivo " e se..."

Agora, racionalizando bem as coisas, tendo as coisas bem organizadas na minha cabeça... me perguntei: "porque não?". Não sou assim tão burra e tapada que não consiga tirar em 3 anos essa licenciatura. Fazer sacrifícios pessoais para concluí-la, não é novidade. Daí que, com os putos já crescidos, mais independentes,
sobra-me mais tempo pra me dedicar à uma possível profissão que pensei que ficaria sempre arquivada na minha vontade.

Ao pensar nisso, lembrei de uma coisa que sempre digo às minhas amigas e amigos que passam por situações que parecem o fim do mundo: "Há sempre tempo de começar de novo, há sempre possibilidades de realizarmos os nossos sonhos."
Mas eu sempre dizia isso aos outros, nunca disse pra mim. Este mau hábito de só dar essas boas dicas aos amigos, nunca me fez olhar pra mim e dizer o mesmo. E nesta última caminhada, enquanto olhava as giestas em flor, ouvia os meus passos no chão em conjunto com a minha respiração, pensei que:

Não vou deixar me levar por derrotismos, por desistências, porque isso é fácil demais. Sair por uns tempos de campo, tomar balanço e fôlego, pra depois entrar com toda a força de quem tem as suas certezas, é a melhor opção. Vou ver este tempo todo que passou sem apostar em mim como isso: uma paragem momentânea, só pra tomar fôlego. E atrás deste sonho adiado, outros se concretizarão, por uma razão muito simples e egoísta: eu mereço isso. Mereço que todos os sonhos, todas as coisas boas que estão por vir se realizem, porque eu quero e porque eu mereço.

E não é discurso bota-a-baixo que me vai mudar de ideia. Se vocês aceitam de cabeça baixa os tapas da vida...eu não vou aceitar mais. Temos pena. Muitas vezes disse que, tem hora, tempo certo para que muitas coisas aconteçam, muitas pessoas surjam na nossa vida. Todas essas coisas tem o seu motivo próprio de ser. Seja bom ou mau, tudo tem o seu motivo e o seu lugar na nossa vida. Nem que seja para aprender com os erros, com as falhas. Mas tudo é útil.

E partindo desse princípio que eu sempre preguei aos sete ventos, vou fazer disso uma máxima de vida:

"Tudo depende da minha vontade"

Fica aqui uma das fotos que.. bom, decapitei com um programa próprio...de uma das muitas tiradas no Domingo...



...nem é preciso ser muito esperto/a pra saber quem é a Rakel né?  :)

Apareçam

Rakel.

Comentários

  1. É claro que não é preciso ser muito esperta para saber quem é a Rakel!!!
    Fiquei muito feliz por saber k vais deixar de ser uma ex futura arqueóloga frustrada (era assim não era? acho k não me enganei, mas se me enganei desculpa).
    Já que tomaste a decisão, agora o resto é fácil.
    Sabes k para subir a montanha o que custa mais é o primeiro passo.
    Como dizia alguém "força aí na maionese"
    Jinho
    P.S. Ainda não começaste, mas era giro ir à tua benção das fitas.
    O.K. Agora fui má!!!
    Mas pronto, se não puder ir à benção, pelo menos o traje académico, certo???
    Jinho

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  2. Catekista.. é força na peruca!!! Escorregar na maionese é divagar....
    Mas pronto, subir montanhas é meu lema agora, e por muito custosa que seja a subida...devagar e sempre, vai ter que ser...
    Qto à bênção das fitas...porque não?Pra mim é como Melhoral: nem faz bem, nem faz mal...

    te cuida

    Bjos

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  3. Publicidade agora?
    Mas olha que gostava mesmo de ir, não pela missa em si, porque a essa vou todos os Domingos, mas porque seria um sinal de que já estarias a terminar a caminhada (e se calhar a prestes a iniciar outra) e o concretizar de um sonho. E aqui entre nós, independentemente da idade e da crença de cada um, é um momento marcante na vida de quem está a terminar um curso.
    Jinho

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  4. ...então espera lá que já te digo...idade não é sinal de que se perdeu uma certa inocência ou deslumbramento por coisas novas...e justo eu, que até choro com desenhos animados pá...

    jocas

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  5. Por isso mesmo, a benção das fitas é um momento marcante na vida de qualquer estudante, nem que tenha (e especialmente se tiver) 80 anos.
    Ainda bem que continuas a ter a capacidade de te comover.
    É muito triste quando já não sentimos, e já nada nos afecta..
    Jinho

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