Mudanças...


De manhã sempre a mesma rotina de levantar, acordar os putos, fazer o pequeno almoço. O primeiro cigarro da manhã ainda semiconsciente, ligar o rádio pra saber do transito e se vai chover.


Depois no trabalho, sempre a mesma mesa, a mesma rotina. Olhar para o relógio controlando o passar das horas até chegar o almoço, muitas vezes sacrificado para uma ida rápida ao banco, ou para uma reunião surpresa na escola dos putos.


Acaba-se o dia no mesmo bar, com as mesmas pessoas com a bebida de sempre na mão, ou tomando um chá numa esplanada de café. A ida ao supermercado, correria de chegar em casa e começar a despachar o jantar, o banho dos putos, a roupa na maquina por estender...


No dia seguinte se repetem as mesmas cenas, o bitoque comido ao lado do trabalho, as mesmas conversas e os mesmos problemas. E o mundo é tão grande. Na T.V, se repetem as mesmas novelas, com os mesmos enredos, a boazinha e a vilã, o bonzão vilão... e a estragação de certas músicas....





Tem dias que a rotina nos apanha de jeito, e a gente anestesiado como anda, nem se dá conta das repetições continuas. Deixamos que um dia entre noutro e nem olhamos à volta. Sempre a mesma marca de pasta de dentes, o mesmo médico de sempre... tudo como sempre. Isso me dá angústia. A falta de vontade de mudar um pequeno traço da rotina. O medo da mudança. E tá aí na nossa frente, um governo que novamente manda, mal mas manda, por medo ou por como quem diz, falta de opções. Apareceram partidos novos, mas mesmo assim, ninguém se sentiu com vontade de mudar.


Vai se vivendo nesse carrocel vagaroso, de dias iguais uns aos outros....e a paisagem que corre na vista é sempre a mesma...


A rotina mata os sonhos, mata a vontade, o amor e a paixão, a descoberta, mata a consciência...exaspera-me essa falta de tudo, de todas os impulsos congelados no mesmo galão com um queque do café do costume. Onde se come de pé e muito rápido, porque o dia passa sempre igual, com as horas contadas.


E eu que não consigo viver na rotina, de fazer sempre as mesmas coisas no embotamento do dia a dia. Que tenho que forçosamente que trocar o dia pela noite, que varo as horas de silencio enchendo de música e palavras,  lidas ou escritas. E sumir pra depois voltar, de experimentar e depois me arrepender ou me encher de felicidade.


O medo de mudar é o que nos tolhe, a incerteza do desconhecido que assusta, pois não sabemos a capacidade dos nossos limites, das nossas certezas.


Isso é quase viver meia vida...é quase ser sonâmbulo de um sonho recorrente que sabemos como começa e acaba, mas nunca podemos pará-lo.


E a vida é tão cheia de coisas, de pessoas e lugares, de desafios e sonhos.


E eu ainda não desisti de ser feliz.


Apareçam


Rakel 

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