Bloco de Notas

Segundo o Dicionário Ilustrado Luso - Brasileiro, edição de 1972 diz que:

Depravação, s.f (lat. depravatione) Acto ou efeito de depravar. Corrupção: depravação de costumes. Med: Alteração. Acto ou efeito de perverter.

Perverter, (lat. pervertere) Alterar, mudar a ordem das coisas, desarranjar.


Não sei quem foi a inteligência rara que um dia deve ter visto numa revista, ou foi um sopro de espírito santo de orelha...e resolveu associar a palavra Cabala com armadilha. Um tipo de "todos se armam contra mim e fizeram-me a cabala". Como se fosse um tipo de ritual pra ferrar a vida de alguém, com galinha preta, velas e símbolos estranhos... Na verdade, a Cabala é um estudo de uma outra interpretação da bíblia, feita pelos judeus. Segundo consta, é uma tradição passada desde Abraão até aos dias de hoje.

Mas não é raro encontrar um técnico de futebol ou político que usa essa palavra de cada vez que sente os tintins apertados em algum problema. E lá vem a Cabala a baila.  A palavra foi pervertida por uma ameba mental, que achou-a sonante e usa na maior...

O dicionário serve justamente para sabermos como se escrevem as palavras, o que significam e qual o uso mais apropriado. E foi na escola primária, que um dia  a professora disse que deveríamos de ler todos os dias uma palavra do dicionário e entender o seu significado. Uma palavrinha por dia, é quanto baste... e foi um hábito que peguei. Não só de ler como de querer saber, querer entender.

Mas tanto o hábito de querer saber como o de procurar caiu desde que as teclas surgiram e a informação se tornou mais rápida. Não há vagar pra nada. Mas ainda teimosamente existem alguns que não se desagarraram dos livros, das letras impressas no papel, da vontade de esticar as perna na companhia de um bom livro.

E aí fica essa coisa que a gente vê, as palavras que tinham um sentido inicial se tornaram noutras bem diferentes. Porque os tempos mudam, as pessoas também e as mentalidades.
No tempo da edição do dicionário que eu usei aqui, ser homossexual no meu país dava direito a internamento em sanatório, porque era considerado um comportamento anormal, um problema mental. e não foram poucos aqueles que passaram pelos tratamentos de choque, medicação pesada e alguns até pela lobotomia. deixou de ser uma depravação e passou à um acto normal do ser humano. Perdeu-se então a associação da palavra ao efeito.

E quem não se lembra de ouvir as velhas histórinhas de masturbação? Que fazia crescer pêlos nas palmas da mão, provocava cegueira ou até mesmo loucura. Porque era uma DEPRAVAÇÃO.

Sinceramente... a Marineusa tem o seu nadinha depravado mesmo. Não gosta de coisas muito arrumadinhas, certinhas, na linha recta. E se uma situação está pesada demais ela arranja maneira de aligeirar. Agora pensarem que ela vai arrancar a roupa de um gajo a dentada ou amarra-lo num poste, barra-lo com tulicreme e depois lambe-lo todo...vai uma grande diferença. Não é que seja má ideia...mas trocava o tulicreme por outra coisa....

O que quero dizer é que... não tenho feitio de seguir o rebanho, e isso significa muitas vezes o rótulo de marginal, fora da ordem estabelecida e feita na medida dos outros. Seja isso em forma de pensar e viver a vida.

E de resto... todo mundo tem a sua pontinha de maluquete bem disfarçada por detrás de uma fachada arranjadinha e socialmente correcta.

Eu assumo a minha.

Apareçam

Rakel.