Guerra de Vontades

Ela me chega assim, sem aviso, sem convite. Insinua-se em mim como uma música distante, uma fragancia que se sente no ar, insuspeita mas urgente.

Abro os olhos na noite escura e me apercebo que não posso ceder. A minha mente racional me diz que eu sou dona da minha vontade, do meu corpo e da minha mente. Fugiu o torpor e a mente alerta tenta encontrar uma solução. De mansinho me viro na cama e procuro uma posição confortável. Mas ela, a vontade, continua ali, senhora de si mesma pela força de quem é e só bastando  isso para ser poderosa.

Não cedo à pressão e deixo a minha mente vaguear por pensamentos contrários à vontade. E me deixo levar por cores e sons que me acalmam, me tranquilizam. Mas ela continua lá, num cantinho escondida, observando a minha luta interna, e meio no desafio, a vontade sorri para mim.




Aperto os punhos e me agarro na minha intenção séria de não ceder, porque não quero, não é hora...

O sono me chega então como fuga própria de quem foge das coisas que perturbam, porque no sonho tudo acontece, um faz de conta preciso da nossa imaginação. Me deixo levar nesse sonho leve e suave, no calor da cama, na maciez dos lençóis...mas ela não me larga... a Vontade.

Ignorar.. é isso, vou ignorar e tal qual uma criança faço de conta que a Vontade não está lá, que não me invade, me tortura e não me chama. Faço orelhas moucas e  começo a recitar uma ladainha.

Mas a Vontade, com a força dela não desiste de mim. Me reviro na cama, amasso a almofada e espreito as horas....tão cedo e tão tarde ao mesmo tempo. Mas não, não vou me deixar levar. Isto é uma guerra, entre mim e a vontade! Veremos quem sairá vencedor desta batalha!

E aos poucos fui ganhando terreno, a minha teimosia foi tomando espaço, foi ganhando força até que....

...o  imbecil do meu vizinho de cima se lembra de ir tomar banho às 4 da manhã pra entrar num novo turno... e o barulho da água, mais a cantoria desafinada (ele se acha um Carreras) tirou-me toda a concentração. E não tive outro remédio  Tanta água de chuveiro rimou com a minha vontade de um xixi inconveniente que me atormentava fazia um tempão!!!

Como eu odeio ter que levantar de noite da cama pra ir à casa de banho no Inverno!!!!!

Se eu pudesse, ia embrulhada no edredão e com uma botija eléctrica em cada pé! E agora corrijo um sonho meu: no dia que me sair o Euromilhões, além de fechar a FNAC do Colombo só pra mim, pra poder me encher de livros e CDs sem aporrinhação, vou construir uma casa com lareira nas casas de banho!!!

Affff.... como eu odeio o Inverno viu?!

Apareçam

Rakel

Comentários

  1. Por acaso tb estou com uma vontade dessas, entre outras...

    Beijo

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  2. Rakel, por acaso a menina é Brasileira ?!... Acho que vai ser muito engraçado, quando nos conhecermos ... e ainda te admiras porque a curiosidade está ao rubro ... Tu, consegues sentir o confortável que é ler-te !... És tão gira a escrever, um encanto, só podes ser igual ao vivo e a cores ... Parabens pelos teus momentos caligráficos. Quanto á vontade, esta deliciosa ao ser descoberta, mas pior que essa é outra a apoquentar essa ... Devinal, mesmo! esperimenta e não quererás outra coisa ... ah!!...ah!!..ah!! Beijo cheio de vontade ...

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  3. Por acaso a menina é brasileira sim...mas atenção...nada parecida com as brasileiras ke pululam na imaginação do povo.
    Sou tecnologia portuguesa produzida no Brasil, daí ke acabo por ter o ar de uma portuguesa qualquer... a cabeça é ke é um pouco diferente. Não fantasies...

    Bjo

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  4. Então Rakel brasileira com tecnologia portuguesa?? Que mistura!!! Será que há mais influencias???

    Não resisti
    Bjo

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  5. a minha vontade era acordar a meio da noite, com sede de amar, sorrir matreira e acordar o meu par, fazer dele a minha fonte, saciar-me com prazer, aninhar-me e adormecer feliz.

    a minha vontade... é não ter vontade

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  6. ô Catequista...tenho, claro...uma gotinha espanhola, uma gotinha italiana (tudo gente com pêlo na venta) e árabe...

    Eu sei que adoras me cutucar, mas eu sei que é por bem.

    Bjo

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