Falando Sério

Uma mulher vive numa constante armadilha. Posso dizer que não desgosto da minha condição feminina, do certo poderzinho que nela encerra, mais não seja aquele que me fez geradora, criadora de vida . Isso é um bem inalienável da minha vida, uma certeza. Mas de resto, tem muito que se lhe diga.

Não basta que seja honesta, minimamente capacitada de pensar, nem tão pouco que seja bem humorada e empreendedora. Não, e ainda nem vou pela metade, mas prefiro que os demais se apercebam. Mas inerente ao facto de ser mulher, carrego também uma quantidade de estigmas miseráveis e contundentes.

Sejamos francos, somos julgadas pela nossa aparência, pela posição que ocupamos nos postos de trabalho, da forma como resolvemos levar a vida. E não me diga todos os que lêem estas linhas que jamais fizeram isso. Porque não é verdade. Porque se mantemos uma certa distancia no convívio laboral, somos umas cabras frias. Se por outro lado somos mais brincalhonas e desinibidas, aí somos umas vacas que tentam ganhar alguma vantagem. O reino animal aqui se vê como nunca foi visto.

Quem já não viu pela rua ou no shopping uma moça pra lá de roliça, bamboleando numa mini saia e saltos altos? E que apesar de não a favorecer em nada, tá se cagando pros olhares? E quem nunca mandou um comentário venenoso, ou pelo menos a achou ridícula? Mas graças aos céus, ela se acha linda e gostosa e continua na dela. Infelizmente, e aqui tenho que ser honesta, a geração mais nova, a que anda na casa dos 18/20 anos é a mais machista, bota de elástico e antiquada. Criticam tudo numa base estética absurda, num código moral retrógrado. Estão aí as estatísticas... revelando que a agressão entre casais de namorados da faixa  de idade que citei é enorme. Se acham os descobridores da pólvora sem chumbo e os inovadores. E depois de ter visto na T.V hoje de manhã e de ter pesquisado este assunto, me dei conta de duas coisas:

1º - O mundo é hipócrita até ao tutano. Desmesuradamente ignorante, completamente baixo.

2º- Mais uma vez senti vergonha da minha nacionalidade. Palavra de honra que sim. Me perguntam constantemente se não tenho saudades do meu país. E eu digo sempre que tenho do que deixei há mais de 20 anos atrás, isso sim. O que ficou agora por lá...me dá pena. Estou bem onde estou, se é Velho Mundo, pelo menos ganhou a sabedoria de dar alguma abertura mental. Mas para um país, que se despe no Carnaval, que se despe nas capas de revista mostrando o "pipi", se gente das "artes" faz filme pornô, que se despe na praia assim...me saiu mais hipócrita que a encomenda.

Se uma mulher anda com um gajo mais novo, de certeza, a razão das más línguas é que ele tá com ela só por dinheiro. E quando isso acontece no mundo masculino é porque ele é muito charmoso...arre!!!!

Sei...só Matrona pode ter "namorado" mais novo, o resto das mortais não tem mais nada pra oferecer, a não ser dinheiro???? Meu, sinceramente, como é que uma gaja não há de se sentir ao ouvir isso??? Que opinião baixa não poderá ter de gajos, que se for esse o motivo, se vendem assim??

Minha avó paterna era dez anos mais velha que o meu avô e era uma professora primária aqui em Portugal, ele, sargento do exército português. Duas profissões onde se ganhava mal, e não foi por dinheiro que se casaram.

Me custa aceitar que as pessoas coloquem um ideal rígido e sem contemplações nas questões interpessoais. Será que realmente, quando se conhece alguém rotula-se imediatamente num escalão pré determinado do que é aceitável ou não??

Ser mulher tem que ser essa coisa tão difícil de levar??

Pensem bem, mas muito bem antes de dizer, que o que atraí na mulher é a inteligência,  humor, a sabedoria e a sua feminilidade. Nem sempre isso vem acompanhado de 86-62-86 e de sofisticação. Malta, acordem pra realidade, porque senão, estarão perdendo verdadeiras jóias do mundo feminino. E cuidadinho com o que dizem...

Pra não serem apanhados em falso. Isso no geral, sejam gajos ou gajas.

Apareçam.

Rakel.