As vezes uma pessoa se pega em certos momentos, com estados de alma óptimos, daqueles que enchem o coração de uma calorzinho bom, de uma serenidade absoluta.
Mas em outras vezes, por dentro sentimos murchar, o coração se aperta no peito e nada parece ter solução. Quem por perto anda e repara, tenta encaminhar essa pessoa para uma ajuda profissional. Alguém dotado de qualificações para discernir o que nos vai na alma. Os Psis, gente diplomada, que escutam e perguntam a razão da nossas angustias. Há dos bons, e há dos maus, que na pressa de ir atendendo os clientes, deixam um rastro de caixinhas da farmácia, onde se procura uma solução mágica. E não há solução mágica.
Lembro de uma amiga minha, que por sinal morava nuns prédios mais abaixo de onde eu morava. Montes de problemas, uma depressão medonha, violência em casa...e totalmente drogada pelo Psi dela. Quando passava pelo trabalho dela, pra tomar uma bica e dois dedos de conversa, dava de cara com uma pessoa que de aparência me lemrava a Célia, tinha a roupa da Célia...só que a Célia não estava ali.
Olhos, e fala ausente, pensei eu. Um automato de olhos vazios, semicerrados, fala atabalhoada própria de um ébrio. Entristeceu-me. Porque não via melhoras em nada, via apenas como o Psi ia passando cada vez mais facilmente, medicamentos mais potentes e ela desaparecia.
Uma manhã, acordo pra fazer o biberão do menino, olho pela janela da cozinha e vejo uma verdadeira festa do pijama na rua. Mas tinha ambulância e carros da polícia. Pensei eu, que talvez alguém tivesse pegado fogo à casa...ou sei lá...alguém tivesse ficado do lado de fora da casa e daí aquele espectáculo que tão portuguesmente acontece, os mirones.
Só quando mais tarde, uma amiga minha me telefonou chorosa é que soube a verdade. A Célia, chegou em casa depois do trabalho, deu banho às duas filhas, deitou-as. O "companheiro" chegou a casa bêbado e foi directo pra cama. Ela tomou banho, vestiu a camisa de dormir, subiu até ao telhado do prédio pelas arrecadações e jogou-se lá de cima. Só foi encontrada no dia seguinte, naquela manhã de "festa do pijama". Nessa altura, a Jessy morava num prédio tão perto do meu, que algumas vezes telefonei pra avisar que ela estava se despindo no quarto com a janela aberta, dando espectáculo sem cobrar bilhete. Portanto, ela deve se lembrar dessa cena toda.
Isto tudo pra dizer, que apesar de nada ter contra os profissionais de saúde que tratam dos estados de alma, vejo que cada vez mais eles recorrem às caixinhas da farmácia antes sequer de se procurar o centro do problema. Encontrar formas activas de melhorar o modo de vida.
É tão fácil recorrer à caixinha da farmácia de cada vez que há uma dor, que a gente nem se apercebe que ela é um sinal que outra coisa vai mal. Quem já teve crise de fígado, sabe que começa com uma leve (mais ou menos) dor de cabeça, e toma comprimidos e mais comprimidos pra passar a dor. Seria muitos mais fácil e saudável fazer uma dieta leve até a crise passar, Mas não, a gente toma uma data de comprimidos pra dor de cabeça que ainda fazem pior ao fígado.
Acredito muito na análise, porque é uma viagem em que a pessoa procura ela mesma encontrar as respostas. Com a ajuda do analista procura o centro do problema ele é um espectador da nossa história. Não essa coisa nojenta, de uma pessoa se sentar, dizer como se sente e o Psi passar uma receita. Com se costuma dizer, Drunfar uma pessoa. E nada se resolve.
E agora um Psi, solta franga e desata aos tiros, matando gente. Quem raios confia num juízo de valores de uma pessoa desequilibrada assim?? E mais....quem será o Psi dele???
Apareçam
Rakel.
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