Gaja Tem Memória Selectiva



Outro dia, quando tive que ir à um estabelecimento comercial e enquanto estava sendo atendida, chega uma senhora dos seus, mais ou menos, 70 anos.

Muito preocupada estava, pois tinha perdido no dia anterior os óculos de sol e procurava em todos os lugares que estivera para acha-los. Uma senhora distinta, com ar respeitável, tipo catequista.

Enquanto ela também era atendida a atendente começou uma conversa sobre os recentes DVDs que um certo jornal está a dar à sexta feira. Os tais filmes são dos primeiros filmes eróticos, daqueles dos glóriosos anos 70, onde sabe-se lá porque surgiram uns atrás dos outros. A foto aí de cima é de Sylvia Krystel, a que fez o primeiro filme Emanuelle.

E não é que aquela senhora de ar tão digno foi desfiando os que tinha visto?? Baralhou algumas datas, mas eu e ela fomos enumerando um por um: Emanuelle, O Último tango em Paris, Império dos Sentidos, A História de "O", Blue Velvet, Nove Semanas e Meia...e ela viu todos...no cinema...

Caramba!!! Ela até pode ter esquecido onde deixou o raio dos óculos de sol, mas lá esquecer os filminhos "motor de arranque".. isso ela não esqueceu!!

Daí que é a evidencia de como, nós gajas, seleccionamos aquilo que queremos lembrar ou não. É verdade que por vezes nos fazemos de esquecidas, outras não, essas tem mesmo memória de peixinho dourado...uns 3 minutos. Aliás nem memória é, apenas uma vaga lembrança.

Infelizmente, digo no meu caso, tenho uma memória paqueidérmica (tipo elefante) porque além de guardar tudo vai até tempos remotos. Não é toda gente que lembra do baptizado do irmão quando tinha dois anos de idade..mas eu lembro. Enfim.

Saí da loja, rindo pra dentro...pois achei espectacular duas coisas: primeiro, a memória selectiva da dita senhora e depois o à vontade dela, de discutir esse assunto assim, na frente de gente que nem conhece.

Bons tempos estes, que uma gaja já não tem que sentir vergonha de falar de sexualidade.


Apareça

Rakel.

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