Atitude

A conversa começou por causa de um jogo : NFS. Do jogo, passou ao facto de que qualquer gajo que tenha visto o filme "Velocidade Furiosa" agarre no seu Fiat Uno e tente transformá-lo num igual ao do filme. Esses, chamamos carinhosamente de Chunings (chunga + tuning), e vemos por aí a desfilar, com cores berrantes, má música muito alta e um verdadeiro atentando à estética.

Quando estávamos a falar das combinações horríveis que já tínhamos visto, lembrei de uma daquelas reportagens que dão do tipo: como estarão essas pessoas agora? Lamento, mas não lembro do nome de um dos personagens que me marcou pela positiva. Mas da reportagem lembro bem.

Num dos bairros problemáticos de Lisboa, um grupo de putos dedicou-se a fazer graffitis, aquelas pinturas em muros ou outras superfícies disponíveis ao efeito. O graffiti sempre foi um meio de protesto social, de arte e de chamada de atenção. Não se limitam a garatujar um : CAVACO FORA! ou um já batido A LUTA CONTINUA. Cores, formas, acção e uma mensagem sem palavras, fazem sem sujar o seu papel: dizer o que se pensa. Mas um desses putos, passados 12 anos, agora além dos graffitis nas paredes de infantários, empresas...pinta carros TUNING, mas a sério. Verdadeiras belezas de arte urbana, ao gosto do freguês, com um sucesso tal que chegou ao ponto do rapaz ter chamado mais 2 colaboradores.

Aí me lembrei de outra coisa, que me fez escrever este post : a Atitude.

Dizer que o grande problema destes bairros problemáticos (que os há em toda parte do mundo) é a falta de opção dos jovens, é lugar comum. Acredito que seja um grande impedimento para que consigam singrar na vida. Até porque muitos largam os estudos, não arranjam trabalho sem qualificação, se agarram ao rendimento mínimo e depois queixam-se amargamente que não encontram outra opção do que a criminalidade. Mas aí, eu olho pra esse rapaz... e outros tantos que mesmo contra tudo aquilo que tem contra eles, decidem não tomar o rumo mais fácil.

De uma paixão de jogar cores e um protesto mais ou menos velado nas paredes, chegou à empresário de sucesso. E isso, me deu um grande sorriso cá dentro. Lembrei então de outra coisa: Gabriel Pensador. Há uma música que anda martelando aqui dentro faz um par de dias, vou coloca-lo aqui no blog e peço muita atenção à letra. É absolutamente brutal e genial. Porque a pergunta que ele faz é: "Até quando?" Pois, até quando ficamos encostados ao muro do : não vale a pena o esforço, nada muda...é tudo uma repetição?



A letra do Gabriel foi feita pra realidade brasileira, mas não é só lá que tem favela, aqui são os bairros da lata. Não é só lá que tem traficantes, nem pobreza e desemprego...é geral!! Mas quando começamos a chegar ao fim da canção, mais perto estamos da mensagem. A mudança de atitude é que molda o nosso futuro. É fácil reclamar do governo, é fácil escrever no muro : FORA CAVACO, mas  mais fácil ainda é ir votar, não é com 60% de abstenção que um país muda. Não é com atitude derrotista que a vida avança, não é culpando os outros que nos desculpamos à nós mesmos. É mudando as nossas cabeças, não repetindo as mesmas atitudes estúpidas, nem esperando que a mudança caia no nosso colo.

O país está virado do avesso, as pessoas cada vez mais egoístas e reclamantes, mas uma coisa posso dizer: Desculpa de manco é a muleta. Antes de começar a reclamar do que tem do lado, olhe pra você mesmo, veja se a sua vida não vai melhorar com uma mudança de atitude. Depois olhe pra sua casa, aquela que você decidiu que seria a sua e da sua família. Mude o que está mal, aceite os factos que você pode mudar, mas apenas pode pedir mudança aos outros, não pode obrigar. Deite fora tudo aquilo que lhe faz mal, velhos hábitos e questões. Mude a mente.

Aí, sim, pense de que maneira pode ajudar a mudar o mundo pra melhor, sem se desculpar por falta de oportunidade. Mude de atitude.

Apareça

Rakel.