Os Olhos Verdes... do Ciúme


Tenho andado a protelar faz algum tempo este assunto, não por falta de argumentos ou permissão. Mas acho que tem hora certa para falar do assunto de uma forma mais directa. Até agora tem sido um tema debatido de forma velada, quase na brincadeira. Aqui quase sempre tentando conseguir que seja mais ou menos sério, no meu outro blog, o Não Há Verdades Absolutas, em jeito de anedota para aliviar o ambiente. Nele, uso a mitologia para explicar que nós, comuns mortais, herdamos as falhas dos deuses...

Só que com o passar do tempo, vem a se acumular um rol de histórias de vida onde o ciúme tem sido a palavra chave de muitas amarguras, mágoas e desentendimentos. Ontem pelas duas da madrugada soube de outra, que me deixou bastante chateada. É quando o ciumento/a em questão perde a sua dignidade e se expõe.

Posso compreender, mesmo que não entenda, que uma pessoa se sinta dono/a e senhor/a absoluto/a do seu par. Que queira mais dela do que aquilo que a pessoa em questão possa dar, mas não entendo, não compreendo e não aceito que nesse processo, o animal verde do ciúme tome conta da pessoa ao ponto de perder a sua dignidade. Não aceito isso, acho que raia os limites da insanidade...

A DIGNIDADE não se compra, não se vende, não se reforma...cuida-se da que tem, acarinha-se e dá-lhe o lugar que merece. Você se não está contente com a sua imagem, pode recorrer às plásticas, implantes de todo tipo. Se não está contente com a sua condição intelectual, pode procurar cursos e workshops para melhorar esse lado.

Mas para um dignidade derrubada, devassada, não há plástica ou workshop que lhe valha. E vejo muitas vezes, pessoas cultas, de bem, socialmente estáveis a darem pouco valor a si mesmas, perderem o pouco amor próprio, a não ligarem aos que lhes rodeiam e fazem da sua vida um eterno problema.


O ciúme não nasce de geração espontânea, tem pai e mãe. Geralmente a mãe é a insegurança, a falta desde o começo de bases sólidas de como se vê no mundo. Para complicar mais, ainda por cima há todos aqueles modelos que rabiscamos na cabeça, na tentativa de formar o nosso par ao nosso gosto. Junte a ideia de "Felizes para sempre" com "Até que a morte nos separe" e temos o caldo entornado. A frase correcta deveria ser: "Até que a morte do nosso amor nos separe", isso seria o mais justo para quem vai enfrentar a vida a dois com um contrato passado em cartório, ou mesmo uma vida em comum sem contrato. O pai do ciúme geralmente é a incapacidade de visão, a cegueira mental de quem procura, onde muitas vezes não há, motivos para se enciumar.

Aí é a vaculhação de bolsos, telemóveis, caixas de e-mail, ler com detalhe o estrato bancário, cheirar roupa e todas essas coisas que sabemos de cor e salteado e que já falamos aqui.

Mas há pior, há quem encontre um indício qualquer, um motivo, ou até mesmo uma prova e depois... perde a dignidade. Chegam ao ponto de mandar cartas anónimas, telefonemas, querer encontrar-se com a "vaca" ou "cabrão" em questão, ou expor aos quatros ventos a sua vida privada...

Dignidade minha gente, dignidade...

Quase 50% dos ciumentos tem o olho clínico de se apaixonarem por pessoas galinhas, aquelas que não se contentam com o que tem e procuram sempre pratos variados fora de casa. Seguram-se em desculpas esfarrapadas para sustentar uma relação, oficial ou clandestina, colocando valores familiares e sociais acima de tudo. A tal questão da imagem pública. Mentem para si, mentem para a família e se desunham de ciúmes. Foi por causa de um comentário feito no outro blog que escrevi sobre As Filhas de Hera. 

Os outros 50% se baseiam em nada para fazer negra a vida de quem tem como par. O simples facto de sorrir e falar é quase visto pelo ciumento como um convite lascivo, um algo mais... por aí. O alvo do ciume não entende, fica a nora e se perguntando de onde saiu o tiro... é cansativo, chateia, tolhe, castra uma pessoa. Até que chega ao ponto de "acabou, já chega" e aí o ciumento entra com o "Ahhhh!!! Tás a ver? Eu sempre tinha razão...há alguém!!!"

Há algo de muito errado na cabeça de alguém que esquece de si mesmo, da sua dignidade, da sua auto-estima para se descer tão baixo ao ponto de se humilhar publicamente.
Quem o faz, não sabe que o auto vitimizar não provoca simpatia... provoca pena. E não sei quanto à vocês, mas prefiro que me odeiem, que me tenham raiva do que tenham pena de mim.

Minhas senhoras e senhores, a dignidade tem que estar em primeiro lugar, amem-se primeiro, acarinhem-se antes de começarem a gostar de alguém. E não amem mais uma pessoa do que a si mesmos. Se passa do limite só vão se magoar. Porque há quem não ligue ao facto de passar por cima dos sentimentos das pessoas...mas se vocês tiverem um pingo de dignidade, essa pessoa jamais colocará um pé em cima deles. Porque vocês não deixam. Tenham tino!!!

Fiquem bem, leiam as linhas coloridas dos assuntos que escrevi antes...

Apareçam

Rakel

Comentários

  1. No seguimento do que escreveste, uma amiga nossa costumava dizer que "mais vale meter inveja do que dó".
    Há quem se sinta bem com o ciúme na medida certa (seja lá o k isso for) porque sentem que se alguém não tem esse ciúme é porque não gosta, não se importa (nem vou colocar aqui a hipótese da insegurança que isso representa).
    O problema é quando se esquecem de si próprios e vivem (ou controlam)só a vida do outro.
    Não se perde só a dignidade, mas também o amor próprio.
    Uma coisa que descobri já há alguns anos, eu que sou católica convicta (acho que nem se nota pelo nome) é que o segundo mandamento na qual se resume os dez mandamentos dados a Moisés é:
    "Amar próximo como a nós mesmos", e não, mais do que a nós mesmos!!!

    Bjo

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  2. Pois é, mas até prefiro não ser alvo de inveja, prefiro nem ser alvo de coisa nenhuma...isso atrai más energias...mas é verdade, as pessoas deixam de exigir de serem tratadas como iguais, se esquecem delas mesmas em nome de um amor que só maltrata...isso é amor?

    Bjos

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  3. Não, isso é doença!!!!

    O amor é querer o bem do outro, mesmo k longe!!!

    Pelo bem do outro e pelo próprio bem!!!

    Alguém que esteja contrariado, não faz bem a si nem a ninguém.

    Por outro lado, alguém que sofra do mal da posse também nãO faz bem, nem a quem ama, nem a si próprio!!!

    Jinho

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  4. Sou uma ciumenta em cura de olhos castanhos e tem horas momentos que do nada estao verdes.

    bjs
    ursinha

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  5. Ursinha, há uma certa dose de ciúme saudável, quando s gente se esquece da nossa dignidade e engole sapos boi, aí já não presta...

    Bjos

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  6. Catekista, concordo contigo em todos os pontos, ke gostas não significa perder algo de si, mas sim acrescentar algo mais. Qdo começa a ser perdas e danos...algo está mal

    Jinhos

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