Um dos vários clichés que estão a cair por terra entre gajas e gajos é aquela coisa estranha de que força é para homens e as mulheres são fraquinhas.
Nem vou entrar no conceito Wonderwoman, Catwoman, Xena e outras alegorias, nem na quantidade assustadora de mulheres que agora se dedicam ao culturismo, ganhando imensa massa muscular, mas perdendo por isso aquelas gordurinhas tão jeitosas que nos dão aquelas formas tão femininas.
É nessas horas, que olho para essas gajas cheias de músculos, que agradeço o facto de ter barriguinha, rabo grande e mamocas.
Devo de ser muito bota de elástico, mas não acho piada nenhuma em ser uma mulher assim, ainda mais que, já ouvi comentários que músculo não é sinonimo de força. Sou mais chegada à força do engenho, na capacidade do desenrascanço tão próprio de quem se vê em apuros. Dou mais valor a resistência do que força bruta, da capacidade de pensar numa solução, do que uma montanha de músculos esculpidos debaixo de horas e horas de treino, com o único objectivo de exibi-los.
É verdade que nem toda gente nasceu com o espírito do McGiver, aquele gajo que com um clip, 3 agrafos, 2 elásticos e um balde de lixo, consegue fazer uma M16...não, isso seria esperar demais. Mas na verdade, já me vi em apuros em que a única hipótese que tinha era mesmo desenrascar. Durante algum tempo houve uma luta entre a máquina de lavar roupa e esta que vos escreve. Ainda no tempo que meu puto mais velho era um bebé (por sinal muito mijão) e a dita máquina trabalhava bastante. Havia uma folga na borracha do tambor que invariavelmente, vez por outra, engolia uma meia, um lenço de bolso...coisas pequenas, mas que entupiam logo o filtro.
Para uma gaja, os sons das máquinas de casa são como a voz de uma pessoa, a gente reconhece o que se passa com elas. Mas, neste caso, de um lado para outro, não me dava conta que a maquina parava sem despejar a água, entupida e assim que abria a porta da dita...despejava para o chão roupa e água com fartura. Bom, entre palavrões e rogando maldições tinha duas opções: chamar um técnico e pagar uma deslocação pra resolver o assunto, ou eu mesma fazê-lo. Ora, o rais'parta! do tubo do filtro fica por baixo da máquina, teria que deita-la e fazer o serviço. Até aí tudo bem, mas a ruim da ciática não gostava nada de levantar pesos assim do chão após ter terminado o serviço.
Então a solução encontrada foi fácil, mas assustadora para quem via, a minha sogra uma vez me encontrou de gatas com a cabeça metida num espaço que a lata do café permitia, servindo de alavanca e escora nesse momento de arranjo. Agarrou-se logo à maquina e soltou um: "és mesmo maluca!", que até hoje me acompanha...
Mas o problema ficava resolvido, a custo zero e isso, era o mais importante de tudo. A roupa que estava a estender caía sem querer na corda do vizinho de baixo? No Problem...uma corda com um anzol atado na ponta, uns pesos para ajudar a corda não voar e voilá...resgate da roupa caída feito com sucesso!! Nunca esperei ninguém para trocar lâmpada, apertar parafusos, montar móveis, trocar botija do gás...troquei muito pneu. Sim, meu pai tinha SEMPRE uma crise de asma quando o pneu furava, embora eu também seja asmática, nessas horas nunca tinha e trocava o dito.
E hoje as mulheres, na sua condição de independência tem duas escolhas: se não lhes apetecem ficar de gatas tirando tubos dos filtros, com cola nos dedos consertando a mangueira do aspirador, ou a cata dos parafusos da porta desmontada do forno do fogão (limpar isso é um cano)...paga por isso. No meu caso, que detesto esperar que alguém se digne a vir fazer o conserto, me desenrasco. Esperei uma semana para que viessem instalar a placa de fogão...uma coisa que me tinham dito que era já amanhã.
E muitas vezes, o amanhã nunca mais chega...
Entre o talento do desenrasque e a força bruta...prefiro o engenho de quem sabe o que fazer do que dar murros na parede e fazer buracos. Na guerra de cérebro contra músculos...sou toda a favor de cérebro.
Deixo aqui dois exemplos de engenho:
Masculino
Feminino
....engenho contra força... 1X0.... :)
Apareçam
Rakel
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