Embirração no sofá


Ando aqui, desde sexta feira a curtir uma areias nos rins, uma cólica renal light, mas ruim de aturar na mesma.
"Líquidos", dizem-me uns, "muita água do Luso" outros, "larga a porcaria das colas", me ameaçam outros...pronto. Aqui estou completamente hidratada internamente, sem que um bocadito de queijo entre pela boca, nada de colas, nada com gás, nem gelados...uma verdadeira dieta.

Aí na noite de sexta, ao invés de ter ido ver um espectáculo, andei aqui ás voltas com dores, uma ponta de febre e um mau humor de ter vontade de chutar as paredes. Só não o fiz, porque ando de chinelos e adoro os meus dedos do pé. Então me estiquei no meu mais recente pouso: o sofá.

Depois de ter acabado o livro que me tinham emprestado, num fôlego só, olhei pra T.V, esse aparelho que só uso pra jogar e ver uns DVDs. Aí, dou de caras com a publicidade de uma novela do canal 4, A indomável... acho eu e dou de cara com uma mocita, com espingarda na mão e cara de poucos amigos e apontando a arma pra um mocito. Na hora me bateu uma recordação e veio à minha memória uma das poucas novelas que vi. "Olha a Juma do Pantanal..."

Um clone mau parido, embutido à força toda na "nova" novela...tão nova como as séries clonadas a partir do Twilight ou da New Wave...enfim. Vai ser um "enorme sucesso", onde a trama gira em volta de uma colagem de um Romeu e Julieta, com direito a vilão, aos coitadinhos dos bonzinhos e todas essas coisas. Há muita crise de imaginação com toda a certeza. Cansei da T.V

Aí, lendo um livro de Chico Xavier, li uma frase que achei que explicava bem o meu momento actual, tão bem me explicava que resolvi colocar no meu muro no LivrodaTromba. A mensagem era esta:

"Embora ninguém possa voltar atrás para fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim"

A Stela começou logo por dizer as palavras de apoio que toda amiga costuma dizer, e respondi que embora acredite muito nisso, tenho os meus limites. Acredito também que há coisas, que finalmente consegui arrumar nas gavetas e fecha-las bem, que não são pra mim, não faz parte da minha programação. O que fui dizer...

As mensagens começaram a cair, do tipo : acredita, acredita que tudo é possível. E que mesmo que eu não acredite em deus, ele acredita em mim. Ok...obrigada.

Na última caminhada que fiz, a Stela me fez uma pergunta pequenina, simples,mas complexa ao mesmo tempo. A única resposta que consegui dar-lhe na altura, foi um sincero e muito honesto :"Não sei".

Mas a pergunta ficou me martelando na cabeça uma série de dias, me peguei a pensar nela, tirando e fazendo comparações com toda a minha vivência. Aí, um belo dia que estava a comer talhadas de melancia e olhando pros dedos dos pés, fez-se um Fiat Lux no meu T-Zero e achei a resposta. E quando achei a resposta, fiquei em paz comigo mesma, senti que tudo se encaixava e se arrumava no lugar certo. O complicado se descomplicou-se e fiquei bem.

Mudei o meu enredo, mudei algumas coisas, porque tenho a certeza que um final feliz não depende de repetir uma formula igual à de todos. Porque felicidade é uma coisa pessoal e relativa. Paz interior, não tem preço, acarinho muito e valorizo mais do que tudo. Neste momento, estou em paz. Mesmo com a porra das dores no rim, mesmo que esteja bebendo água como um camelo, mesmo que a minha história não seja uma fotocópia de uma novela batida.


Mas eu acredito em novos começos, acredito em finais felizes, se não fosse assim, como se encaixaria   a minha espiritualidade, meu modo de ver começos e fins já que acredito na reencarnação? Temos direito a novos começos, novas escolhas, estradas e caminhos diferentes.

Se escolhemos caminhos, que apenas nos dão uma falsa ilusão de realidade, apenas para adoçar um bocadito a vida... tudo bem.
Quem agarra com as duas mãos e esgatanha atrás do que quer, que luta pelo seu ideal, sem ilusões e enganos, os meus mais sinceros parabéns.
Quem encontrou a sua versão de felicidade, que a faz feliz, que não magoa ninguém e que se sente em paz...és uma pessoa feliz e fico feliz contigo.

A minha história agora... é outra história...só isso.

Apareçam

Rakel.

Comentários

  1. E ser feliz é isso, é estar em paz connosco mesmo. Nada de procurar a felicidade nos outros quando sabemos que nem almas gémeas existem. E se existem é como diz a escritora Elisabeth Gilbert, só servem para nos mostrar o caminho, mais nada.

    Elisabeth Gilbert defende que as pessoas acham que alma gémea é o encaixe perfeito, mas a verdadeira alma gémea é um espelho, a pessoa que mostra tudo que nos está prendendo, a pessoa que chama atenção para nós próprios para que possamos mudar a nossa vida. Uma verdadeira alma gémea é provavelmente a pessoa mais importante que nós vamos conhecer, porque ela derruba as nossas paredes e nos acordam com um Não. Mas viver com uma alma gémea para sempre? Não. Dói demais. As almas gémeas só entram na nossa vida para revelar-nos uma outra camada de nós mesmo e depois vão embora.

    ResponderEliminar
  2. Ana, nunca ninguém explicou tão bem algo ke eu sei, vi e senti.

    Bjos

    :)

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Estamos ouvindo