Há uns tempos atrás, um chimpanzé foi notícia...porque pintava quadros que foram confundidos por especialistas com grande nomes da arte. Depois de revelado o autor da obra, os cabisbaixos especialistas deram o seu sorriso amarelo e acharam interessante o facto de quem macaco tivesse tanto talento.
Da mesma forma, há aqueles que pintam através dos espíritos, de olhos fechados e com as mãos, em minutos colocam na frente de todos um quadro fresquinho e assinado não por ele, mas por Matisse ou outro desencarnado famoso.
A Arte é um assunto muito subjectivo. O próprio artista é controverso, porque criar é um acto íntimo e muito particular e arte uma forma enorme de expressão. Não se limita às telas e tintas, nem ao barro ou bronze. Salta os limites da culinária, corre pela moda, canta e dança, faz música e escrita, por tudo aquilo que a se reflicta a alma, os sentimentos e ao nosso pensamento. É um forma de comunicação maior, a expressão máxima do pensamento de quem vive. Falo isso porque até os macacos pintam, assim como elefantes.
Então, se expressão artística é um acto de tirar de si mesmo e mostrar ao demais, será então que o artista apenas o faz para se expressar solitariamente o seu eu, ou para ser reconhecido? Quer fama? Quer money? Aplausos e exposições? Autógrafos? Ou apenas criar só para si mesmo em nome da arte?
Foi uma destas discussões saudáveis que eu e o autor do site Paranoias tivemos há uns tempos. Ele dizia, que os verdadeiros artistas não ligam pra isso da fama e dinheiro, que fazem arte por amor à arte.
Realmente, é um pensamento bonito, embora ache muito lírico da parte dele essa visão. Porque acho que além de querer se expressar pelos diferentes meios que quiser, o artista antes de mais nada procura o reconhecimento da sua obra.
Isso não se consegue sem que para isso haja quem os veja, e o valor dado para cada desenho, quadro ou partitura só é dado quando se fixa um preço no talento no artista. O RECONHECIMENTO nasce quando não é a mãe ou a namorada que diz : "ai Juvenal...que coisa mais linda..."
É quando a crítica, os meios de comunicação e o público, esse ser volúvel, resolvem acarinhar e adorar quem cria arte. O talento é reconhecido pelos aplausos de pé, dos pedidos de "só mais um", as salas de cinema cheias, os quadros vendidos a preços proibitivos...ganhar nome, fama e fortuna.
Mas o César do Paranoias insistia, para o verdadeiro artista a arte é só o que importa...
Ok, aceito, mas e as contas da água e da luz? Viver de galões e pão com manteiga, sardinhas em lata...não me parece que seja o sonho de muita gente. E as tintas? E os materiais?? Como se pode criar sem meios? Certo, o vil metal, o maldito dinheiro...
Mas a gente tem que comer, pagar a renda, o mínimo do possível para ter uma vida digna de ser humano. Aí aparecem os mecenas, os que pagam as contas para deixar os seus protegidos criarem a vontade...até ao dia que as obras não são reconhecidas, que não há aplausos e que outro génio apareça e tome o seu lugar.
Qual produtor de teatro vai chamar para representar uma excelente obra ou texto um actor sem talento? Que leva tomates e ovos podres em palco com apupos e o "FORA!" do público? Nenhum, e como esse talento aparece? Quando ele vê a luz do dia? Quando se é reconhecido, quando as salas enchem, as bilheteiras esgotam...
Reconheço que a arte é mais do que um preço, mais do que a foto nas revistas e jornais...é aquilo que somos, o nosso cunho...o nosso eu. Mas tudo tem um preço, seja o do nosso esforço de reconhecimento, de quem veja o que o artista faz, se maravilhe, se encante ou sonhe...com as obras, seus feitos.
O César ficou na dele, do artista de sapato furado, vivendo com a arte e para a arte... e eu que sou mais pragmática vejo as contas pra pagar, ter que comer e que o artista... gosta de boa comida, uma casa confortável e seu espaço de criação. Cada um ficou na sua e nem por isso menos amigos.
Apareçam
Rakel.
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