Ter sentido de humor nos dias que correm é uma façanha. Então agora, com greves umas atrás das outras, só mesmo com muita imaginação e boa vontade é que a coisa vai pra frente.
Mas gosto de ver que, mesmo em tempos de agruras e de tombos, o povo vai fazendo das suas para se animar. É bem verdade que eu tenho uma apetência de fazer anedotas de tudo, sem contar com um gosto particular de dar alcunhas às pessoas. Muitas vezes em conversas em público, numa esplanada por exemplo, dá imenso jeito ter uma conversa cifrada em alcunhas, mais não seja para salvaguardar a identidade dos atingidos. E são sempre alcunhas inofensivas, mas com a sua piada. Mas como a conversa não é para conhecimento público, temos que ser correctos né?
E há toda uma gama de sentidos de humor, assim como as personalidades das pessoas.
Uma das coisas que mais achei interessante em algumas pesquisas que fiz, é que lá pros lados da Idade Média, ficava na boca dos que divertiam o povo, menestreis, bardos, saltimbancos a arte de rir, mas sempre de uma forma simples...mas velada...não vá haver a chatice de alguém do público ser o visado da farsa né? As peças de teatro populares, invariavelmente rondavam o marido traído, a mulher aparentemente impoluta e o cura que fazia um jeitinho de dar assistência técnica a dita senhora...a crítica popular ia mudando de época em época e daí oq ue era risível numa altura...perdeu a sua força noutra altura.
Mas o sentido de humor faz de nós mais humanos, porque nos rimos das nossas próprias falhas.
As peças de Shakespeare, aquela mistura de comédia e tragédia pegada é um reflexo da vida... não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe...são os nossos altos e baixos. Mas muita gente via nesse tipo de trabalho como uma arte menor. E não é... é difícil a arte de fazer rir, porque chegar à todos os tipos de humor é complicado.
Indo mais pra frente, o Bocage de língua solta, de escrita mordaz e contundente que diverte e faz sorrir....só muito tempo depois foi lhe feita justiça. Porque por detrás de toda piadinha...há uma farpa escondida.
Não faço muitos juízos de valores, mas gosto da piada descomplicada, que não se sustenta no palavrão fácil, que seja simples e directa. E muitas vezes é tão fácil como isto pra me fazer rir...
Em uma tacada conseguiu três coisas : mostrar um lado ecológico, que na simplicidade se diz mais... e que o povo anda sem cheta pra um quarto de hotel...
E são destas pequenas coisas, simples e banais que me arrancam uma gargalhada num dia que, mesmo com sol lá fora, está cinzento cá dentro. E que a imaginação não tem que se voltar para o vulgar ou chocante.
Se algum leitor deste blog achar alguma coisa deste tipo... agradeço que me envie.. o endereço do meu mail está lá em cima... colecciono estas pérolas da sabedoria popular.
Apareçam
Rakel.
Esqueceste a poesia dos simples. A rima que toda a gente entende, e que não deixa de ser bonita por isso.
ResponderEliminarAfinal, para que serve qualquer texto, não é para, além de nos expressarmos, ser lido e entendido?
Vou utilizar uma expressão de uma amiga minha
Fui
Catekista...a poesia simples... complicada? Acho ke tudo são formas de expressão, aliás nós nos expressamos na maneira falamos, no tom de voz, na nossa linguagem corporal...
ResponderEliminarTudo, simples ou complexo é uma forma de estarmos no mundo. Da mesma forma ke teimaram em chamar a música clássica de erudita (um clubinho de mentes mais avançadas) não deixa de ser música, outra forma de expressão. É esta nossa mania de catalogar as coisas, de estratificar por importância ke complica tudo...
Bjos
Não percebeste o comentário, não são três coisas que esta mensagem, mas sim quatro, mostrar a poesia dos simples. Que é uma das formas de expressão mais conseguida, por mais acessível, e nem por isso menos bonita.
ResponderEliminarAcho que estamos ambas a dizer a mesma coisa, certo?