Dá pra pensar...

Sabem quando fazem aquelas comparações como : rico é excêntrico, pobre é maluco...e coisas assim? Cada vez mais acredito nesse poço que separa por motivos menos claros, o aceitável ou não. Mas por outro lado, gente completamente desconhecida se auto-promove usando a táctica da excentricidade. Um meio bastante fácil de ter alguma projecção e notoriedade, nem que seja pelo senso de ridículo.

Até o senso de ridículo é discutível...senão vejamos: (in)felizmente já passei pela fase (a minha adolescência foi uma dor de cabeça para os meus pais e vice versa) de ir até ao quiosque da esquina, pra pegar logo de manhã a minha revista preferida da semana, apenas de T-Shirt , cuequinhas e chinelos  havaianas. Porque eu dormia assim, levantava assim e saía assim... meio acordada, descabelada e natural...
Tive aquela fase da adolescência em que eu estava me caga... para o que o mundo achava ou deixa de achar...e pra falar a verdade... nem ligava muito. Os donos do quiosque me conheciam desde que nasci, portanto achavam uma coisa natural.

Da mesma forma, o guarda nocturno me apanhou algumas vezes no portão de casa com o mesmo traje nas minhas crises mais agudas de sonambulismo. O coitado já sabia que não devia me assustar e devolver à quem de direito. Digamos que aprendi a não me envergonhar com o que vestia ou usava. Já tinha dado os meus espectáculos causados pelas mesmas crises diante dos amigos dos meus pais...um assunto que ainda hoje faz parte do anedotário familiar...
Então era assim, eu dava espectáculo, mas não cobrava bilhete, nem direitos de autor (porque eu falava cada cosia mais estranha durante o estado sonâmbulo que daria boas rábulas) e não me sentia com inclinações de pop star... só pedia aos céus e anjinhos não ser atropelada, ou até coisa pior. Mas pelo menos tinha uma boa desculpa.. era adolescente e ainda por cima com sonambulismo.Actualmente,mais crescidinha e mais consciente de que, se eu for despejar o lixo no meu habitual traje caseiro... seria internada e mal falada, mesmo achando que seria a coisa mais natural do mundo.. evito fazê-lo.

Agora no mundo da música, das "artes" é o pão nosso de cada dia...chamar a atenção é cada vez mais um exercício de imaginação. Desde aquela aberração do Marylin Mason, Amy Winehouse e agora a Gaga...venha o capeta e escolha.

Fala sério...se você ou eu saíssemos pra rua assim... qual seria o comentário da populaça? O que a sua família faria??

Juro pela minha saúde (pouca, mas muito acarinhada), que até aposto que muita menina ainda vai sair na rua assim, porque esta gaja meio lesada é "moderna" e dita a moda...Lady Gaga pode...
Mas se fosse eu.. meu santo Krishna.. nem quero pensar...se andar por aqui de calças rasgadas, me valeu uma vizinha me bater na porta, meio sem jeito me dar um par de jeans...que dizia que não serviam à neta...e se eu não me importava....ô meu...

Mas não é só gaja que faz o numero do pavão misterioso não...
E se a gente quer perder de vez a fé nos homens, é só olhar pra aquele clip do Mika, em que ele dança e canta em cuecão do tempo do meu bisavô...não acredito que haja uma gaja que ganhe pica vendo aquilo... é desmoralizante. mas chama a tenção quanto baste..e o rapaz solta mesmo a franga...mas tem mais

Embora não tivesse sido nenhuma surpresa, não deixou de ser um duro golpe aqui nas gajas...o facto do Rick Martin assumir a sua homossexualidade...mais não seja um desperdício e mais um que joga na concorrência...mas até isso poderá a vir servir de golpe para elevar os níveis de popularidade. Ajudado pelas cavalices ditas pelos mui dignos representantes do Vaticano...não há nada melhor que assumir sair do armário pra dar um novo impulso na carreira, ao mesmo tempo que mostra que isso de ser gay é cada vez mais um modo de vida...quando eu pensava que era uma opção de vida...



Mas, por outro lado, se um tio, primo ou mesmo alguma gaja que seja do nosso conhecimento tenha a audácia de assumir que gosta do mesmo sexo... iria ser o tema de fofoca, de má língua e de calúnias mil.
Se a gente se decide "soltar a franga" porque quer e gosta, mesmo não sendo famoso ou colunável, corremos imensos riscos. sabemos que há departamentos públicos onde não são permitidos piercings, decotes e até perfumes provocantes, seja isso o que seja.

Pra quem como eu, faz parte do ramo dos meros mortais desconhecidos, temos que andar nessa linha imaginária dos bons costumes, da inocuidade e do invisível na massa. O resto pode tudo...

Não dá que pensar?

Apareçam

Rakel.