Ambiguidades


Cara ou coroa, dia ou noite, seja o que for. A vida é cheia dos seus reversos, de lados positivos e negativos. A gente vê todos os dias, quem tem vontade de reparar, que as coisas não são só aquilo que a gente pemsa.
Um dos grandes mitos da humanidade é a constante luta do bem e do mal. Prefiro não ver como uma luta, mas sim nas inúmeras tentativas de equilíbrio.

Os momentos de luz e escuridão alternam-se durante as ascenções e declínios das várias civilizações, que uns chamam de extinção, poderemos chamar de evolução...mudança.
A Idade Média, que surgiu depois da Idade Clássica, foi considerada o Tempo das Trevas, onde a genialidade humana foi sufocada pela ignorância, pela superstição e a mão pesada da Inquisição. Diz-se que o pensamento foi tolhido e amarrotado num canto qualquer. Discordo.

Sempre achei que, mesmo que eu não pudesse declarar livremente o que penso, assim mesmo, cá dentro do meu T Zero... sou livre. E tanto se me dá que alguém  goste ou não, que aceite ou rejeite ou que seja condenável. No meu T Zero quem manda sou eu e ponto final.

A arquitectura da época, no tempo das catedrais ricamente trabalhadas...a poesia, a pintura foram tão marcantes como qualquer época com sua expressão artística. Até acho melhor do que ver latas de sopa fotografadas e tidas como quadros de arte geniais...mas pronto, conceito de arte é muito subjectivo. O que quer dizer que na Idade Média, o pensamento não foi sufocado... apenas mudou de forma. Alguém já viu os quadros do pintor Geronimo Bosch? As críticas sociais, os ataques velados feitos à igreja...pra mim, ele foi o primeiro cartunista. Criatividade, engenho e imaginação... é disso que são feitas as boas ideias. Que o diga Leonardo Da Vinci. No meio da chamada Idade das Trevas esse homem genial foi arquitecto, anatomista, engenheiro náutico e aéreo e um pintor de mão cheia. O pensamento não pode ser sufocado...foi a partir daí que a Terra deixou de ser plana, de que não somos o centro do Universo...o mundo mudou e o homem também.


Isto tudo pra dizer, que acredito sim senhora que haja o lado escuro como o da luz. Que para um existir depende do outro, porque não há um dia que surja sem começar a clarear a noite que finda, nem a noite surge para adormecer a luz sem razão...
O que me choca de verdade é o medo que alimenta as superstições, as ignorâncias numa época que deveríamos ter algum sentido mais prático da vida. Saber também que se deixam levar por coisas tão banais como são os problemas, para colocarem no colo do castigo, porque tem sempre que haver uma culpa. Não acho que as coisas venham de um castigo divino. Acho sim, que a natureza se encarrega de nos dar de volta aquilo que fizemos...uma acção leva à uma reacção. E levando isso em consideração, se fazemos algo de errado, mais tarde voltará para nós a reacção de tal acto. Nós tecemos, com as nossas mãos o nosso próprio destino.

Ninguém que constantemente é uma cabra ou cabrão há de ficar sem o retorno das suas canalhices. Pode demorar muito tempo, pode levar pouco tempo. Mas há de bater de frente com tudo que resultou desses actos. E não tem dedo divino, nem ponta do corno do capeta nessa historinha. Somos nós os responsáveis pelos nossos actos.

Nós somos os nossos próprios anjos e demónios, fazemos por viver no Paraíso ou no Inferno, e sacudir dos ombros as culpas, colocando nas imperfeições os resultados... é tão covarde que até dá dó.

Não foi deus que quis, não foram as tentações do demo... somos nós no nosso facilitismo ou na nossa pouca vontade que deixamos que as coisas fiquem piores ou melhores.

Apareçam

Rakel.

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