Hoje estou em pleno funcionamento automático...dormi pouco. Isto de uma pessoa estar no desemprego tem seu lado ruim, deprê, mas como digo, há que fazer limonada com os limões da vida.
Varei a noite lendo, nada de intelectualmente elevado, Cisnes Selvagens, uma história sobre 3 gerações de mulheres na China, desde a Imperialista até os dias de hoje.
Sinceramente, a noite me rende mais. Meu relógio biológico funciona muito melhor de noite, aliás, com esta coisa do desemprego, aproveito na medida que posso viver na base do meu relógio biológico. Comer quando tenho fome, e não quando o relógio me indica que são horas de comer, dormir quando tenho sono e fazer o que quero fazer quando quero. Daí que vou levando as coisas de bom humor, tentando não me amargar.
A noite trás com ela surpresas, não pensem que é só silencio e calma. Um mocho que pousa nas grades da minha varanda e fica ali uns minutos observando de onde pode tirar o seu mata bicho, discussão no outro lado da rua que acaba com a mulher no 1º andar a atirar as roupas e demais objectos ao homem cá em baixo na rua...
No final da minha rua tem um bar gay, e por vezes os clientes que, dependendo da sorte da noite, ou saem cantando a plenos pulmões ou gritando que querem morrer. Como moro numa zona alta da cidade os sons me chegam mais facilmente trazidos pelo vento. São os rugidos dos leões do circo que chegam à cidade, a música tocada na rua em época de festas e a sirene dos bombeiros gritando urgências.
Umas noites atrás, estava sentada na cozinha às escuras fumando um cigarro (quando um nível de jogo me dá cabo da cabeça, paro e vou dar um rolê pela casa) quando sinto que ondulo em cima do banquinho...que raios... agora dei em ter tonturas?? Será que minha alma me abandona? (dramatismo) Ou um ser desencarnado resolveu pegar comigo??? (suspense) Não...foi apenas um abalo sísmico, que passou desapercebido por todo povo que roncava alegremente.
Da minha varanda a noite me mostra o espectáculo triste e fascinante dos incêndios na Serra, outro ali mesmo a poucas quadras da minha casa ou dos fogos de artifício. Cores, sons e situações que esmorecem diante da luz do dia. O dia é imediato, cronometrado e barulhento. Muito transito, gente apressada e de cara de poucos amigos.
Apareçam
Rakel
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