Uma pessoa acorda de manhã ouvindo um ribombar medonho vindo da rua e pensa: onde já se viu dizerem que as pessoas não se aplicam no trabalho se são apenas 7 e 30 da manhã e já vai esta chinfrineira toda acordar uma alma?? Relevando pra segundo plano os sons irritantes vou à casa de banho, abro a torneira e escuto um glu-glu estranho saindo dela ao invés de água... mau, mau...
Abro a janela da sala, olho lá fora e vejo um carro especificamente ligado às águas e tenho a resposta da torneira seca e faladora: obras. Entre tirar garrafões de água de reserva (já não me apanham desprevenida) da despensa, já tenho dois putos nas casa de banho aos gritos de : "NÃO HÀ ÀGUA MÃEEEEEEEE.... que só me alegra mais o dia. Depois das peripécias de despachar este par de aborrecentes pra escola, me dedico à higiene pessoal como se fosse uma Semana de Campo nos Comandos (um cantil tem que dar pra higiene pessoal,, beber, fazer comida e aí do desgraçado mal barbeado).
Saio directamente pra a Segurança Social, onde tiro o a senha nº 04 e o marcador electrónico tem o nº 54... isto promete... Falo com a funcionária que me desfia as novas ideias dos calhordas do Governo, os cortes e todas essas coisas boas a juntar ao estado de pré-falência do país. Saio de lá e vou ao supermercado para as invitáveis compras (porque embora muita gente pense que não, precisamos de comida, não dá pra viver de fotossíntese) e me passo de todo com as subidas de preços (vem aí o novo IVA,portanto aumentam um pouquinho os preços agora e depois com a chegada dos 23% dizem que não vão aumentar os preços para bem dos clientes...são uns gajos fodidos) e volto pra casa alegrinha que só.
Abro a caixa do correio com uma certa desconfiança... de uns tempos pra cá, as cartas de amor da EDP, Companhia das Águas, do Gás...tem sido duras e me levam às lágrimas. Não as abro logo, espero chegar em casa e estar sentada...vai que a tensão desce demais e ainda desmaio?
Isto tudo é apenas uma pequena amostra de um dia NORMAL...que quase nos leva à estados de alma nada sociais e saudáveis. É preciso dar uma parada, respirar fundo e encontrar algum refúgio bom dentro de nós. Pra evitar descarregar em quem não tem culpa, de ser menos correcto e mais ainda não se matar por dentro todos os dias.
Admito que me senti atraída pela filosofia Zen, a primeira vez que li sobre isso, foi lá pelos idos de 1983, num livro da Biblioteca que hoje já não existe em Santarém (além de acabarem com o verde, acabam com espaços necessários). Achei interessante e muito complicadinho... como é que EU, consigo ficar parada, sem pensar em nada ou ficar apenas calada durante um dia inteiro? Meditando, me respondem. Ahhh tá, comigo resulta na perfeição... Coloco-me numa posição confortável e fecho os olhos... e penso em nada... esvaziar a mente, me juntar ao todo... hummm...silencio... e a coisa se estraga toda...
...porque no meio do silencio e do vazio a minha neurónia Marineusa se lembra de um jingle de uma marca de groselha (Groselha vitaminada Millani é uma delícia, no leite no refresco e no lanche...) e fica cantando baixinho...aí a neurónia Ceiça se passa e faz um chiu!!! caluda!!! e a Marineusa que é uma capeta mostra a língua, e canta baixinho na mesma e intercala com a música das balas Juquinha... (tudo jingles de quando eu tinha praí uns 4ou 5 anos de idade) e começa a zorra no meu T-Zero. É escusado... não sou capaz de manter a cabeça em silencio, de me juntar ao todo, de ter algum sossego interior. Só recentemente descobri que esta capacidade de estar sem pensar em nada, em puro estado Zen, é uma capacidade apenas masculina, ou para mentes que sejam como as dos homens.
Quer a prova? Tá aí:
...e eu quebrando a cabeça tentando chegar ao nada e ao vazio...
Apareçam
Rakel.
Comentários
Enviar um comentário
Estamos ouvindo