Preto e Branco

Numa conversa que surgiu de um post anterior, sobre o Homem Ideal, o Pedro me diz que entendeu que as pessoas devem ser aceites como são. Acrescentei que se há que mudar, que seja pelo próprio bem estar de cada um, essa coisa meio egoísta, mas acho que muito salutar.

Aí ele me diz que fez algumas mudanças na vida dele, mais pra agradar aos demais, e nem foi muito por ele mesmo. Mas que mesmo assim, viu algumas melhoras na vida dele, e que hoje, já não vê a vida tão a Preto e Branco, mas sim com uma gama enorme de tons de cinza. E ele ainda nem chegou às cores primárias e já se acha confuso... mas até é normal.

Sempre digo que há uma altura na vida  que há assim um estaladão dado pelo cotidiano, um Fiat Lux pessoal que nos tira a venda dos olhos e que nos faz enxergar as coisas que antes, nem dávamos por elas...a gente acorda. Acho que todos nós já tivemos essa tomada de consciência, dessa necessidade de mudança, de uma evolução pessoal. E como disse ao Pedro... até as pedras rolam, mudam de sítio...

Mas aí ele me vem com o " Pois, há mudanças boas, mas e as más??... também acontecem!!" É verdade, mas mesmo assim mudar é melhor que estagnar, fossilizar. Quando a gente fica sentada em cima da perna, começa logo aquela dormência, picadelas nos dedos dos pés...desconforto. E aí a gente muda de posição pra que haja um bem estar necessário não é?? A vida acaba por ser mais ou menos isso. Mudar, mesmo que as coisas não corram bem, que venham coisas ruins é bem melhor que ficar nesse sonambulismo parvo de quem se acomoda às situações. E na fase das coisas ruins, sempre, mas sempre mesmo, aparece uma coisa boa.

E quem sabe não é bem melhor o lado menos fácil da vida, o lado que toda gente foge, que ele seja feito pra testar as nossas capacidades, o nosso poder de decisão?? Quem sabe a fase má não é apenas um teste?

Aprendi a não desprezar nada, porque acho que tudo tem o seu objectivo na vida. Já fui criticada por isso, porque viram nessa minha forma de pensar um fatalismo kármico. E justo eu que não acredito em Karma... é das poucas coisas dentro do budismo que não aceito. Já imaginaram quantas vidas eu vou ter que voltar em barata ou melga??? Quantas chinelada e estaladas, sem falar no Dum Dum...eu terei que passar pra pagar a enormidade de homicídios baratais e melgais que cometi?? Sem falar das vezes que ajudei nas matanças...de gado...adiante!!

Não vejo as coisas pelo lado fatalista, meio fadista da desdita e sina. Vejo pelo lado construtivo da evolução pessoal. E deixei de querer ver todas as coisas numa linha recta dentro da minha cabeça... apendi a jogar com as variáveis que cada cabeça diferente da minha proporciona.

E na verdade, e sem lamechices, são nos dias cinzentos que as cores do arco íris se destacam no céu...

Apareçam

Rakel