Raparigas, moçoilas, mulheres e gajas, venho até vós para que esclareçam-me, se faz favor: qual a razão que vos faz pensar que o homem da vossa vida, a metade da vossa laranja, o grande amor ainda por viver, será encontrado no meio de um bar ou discoteca, abarrotada e com música que mal dá pra ouvir o que pensam e com montes de álcool?? Este será um dos meus grandes projectos de pesquisa destes próximos meses.
Como a conjuntura económica está na merda que vemos e sabemos, vi-me compelida a secundarizar-me, por outras palavras, um segundo emprego. Nesse caso, num bar com música ao vivo aqui do burgo. E uma outra fauna e flora surgiu diante dos meus olhos, numa perspectiva completamente nova, já que não sou cliente mas sim "caixa". Um mundo completamente novo de observações e pesquisa num multicolorido habitat deste nosso mundinho social. E encontrei mais motivos para continuar a fumar do que para deixar esse vício. E o que isso tudo encaixa com o parágrafo de começo de conversa? Passo a explicar:
É inevitável perceber que os rituais de acasalamento já não são como dantes, as mulheres são em número superior na competição e trocam descaradamente a sua posição de mistério para uma exposição avassaladora. Entram todas pinocas em cima de saltos de 10 cms, um cinto largo e descaído a laia de saia e um ar esfomeado quanto baste. Direi eu que não são moças, raparigas ou mulheres com seu quê? Seria estupidez da minha parte, mas vão literalmente remando no barquinho da descompensação no mar do desespero solitário. Qualquer coisa serve, desde que fale grosso e tenha calças.
Eles por outro lado... subdividem-se em várias classes: os putos que se largam na noite pra apanhar umas bubas e quem sabe apalpar e curtir umas gajas meio loucas. Invariavelmente, acabam vomitando na rua, com o cérebro em curto-circuito e querendo ir para casa curar a bebedeira. Há os engatatões de alta escola, mandam o seu piropo (do tempo que Noé fazia a corte à Noéma) logo que batem os olhos numa mulher, bebem que se fartam, grudam mais que carraça, chatos como a potassa e contam a mesma estória milhares de vezes. O recém- separado/divorciado/encornado, esse praticamente leva ao pescoço um plaquinha dizendo que é bom rapaz, faz desporto, tem emprego estável, até e caseirinho e tudo e está só ali para conhecer o lugar e ver como é. Esse é fácil de identificar: simplesmente não sabe o que fazer com as mãos, olha para todas as mulheres e fica logo entusiasmado e sorridente com qualquer mulher que chegue perto do balcão... nem que seja para ela fazer um pedido. Cara de desamparo e carência vista há quilómetros... e bebem para criar coragem ou para aliviar o ego depois de uma nega.
E é neste sistema ecológico que muitas mulheres pensam encontrar o homem da sua vida, aquele gajo com um bafo de alambique, olhos aquosos, conversa emborrachada e sem atinar bem o que há de fazer para que a sala fique parada e quieta. Mas estes rapazes "interessantes" ou "fortes probabilidades", representados no seu pior, onde a coragem de pugilato nasce por um motivo fútil, esses então que trazem à tona os seus lados intemporais de cavernícolas... esses são o vosso sonho ou a última tábua de salvação? Não sei, não sei... expliquem-me lá essa cena divertida da bebedeira homérica e transcendental, no valentão com os pés redondos, nesse provável condutor na noite... é o vosso sonho???
No mais, o sistemático é que, estes homens, putos, gajos... que desta forma etílica entram em modo de engate, sintam-se no direito de achar mal que alguém fume. Na minha pequena pausa de ir entre a recepção/caixa até ao balcão para buscar uma garrafa de água, aproveito a viagem para fumar um cigarrinho. E tem sempre um sujeito já na terceira dose, bafo de dragão e achando-se irresistível que diz sempre a mesma coisa e levando sempre a mesma resposta, seja ele puto, engatatão ou recém qualquer coisa:
"Tu fumas? Que pena... eu não gosto de mulheres que fumem..."
"Vejam lá a sorte que eu tenho, né?" (mas eu não sei se eles percebem a resposta)
Mas a sério, meninas, expliquem-me lá esta cena do homem encantado de beirada de balcão... é que ainda não vi lobo nenhum, só vira-latas...e por isso, cada vez mais sinto-me incentivada a não deixar de fumar... é que ajuda a afastar muita praga...
Apareçam
Rakel.
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