Há Coisas do Catano...


Embora possa correr o risco de ser novamente tachada de feminista e anti-machista (esta última tem imensa piada) vou falar de uma coisa que anda a me incomodar bastante.

Ora muito bem, em princípio, estamos no século XXI, de avanços tecnológicos e de mentalidades. Posso, embora não o faça, pagar minhas contas pela Net, fazer compras também por esse meio. Ao alcance de um voo  low cost posso visitar qualquer cidade europeia num fim de semana. Agora tenho um telelé (gentilmente oferecido) onde posso ler os meus ebooks, postar aqui, ouvir música, saber a minha actual localização, além das funcionalidades habituais de comunicação de todo telemóvel/celular.

Doenças que antes matavam, tem tratamento e se não tem cura, pelo menos oferece a possibilidade de os portadores conseguirem ter uma vida com alguma qualidade...
Os casamentos entre pessoas do mesmo sexo já existe, assim como a reprodução assistida, barrigas de aluguer e bancos de células estaminais e de demais secreções e partes nossas...
Há que admitir que estamos com a faca e queijo na mão pra fazer desta vida uma coisa que realmente valha a pena. Ok, temos os políticos que só nos fodem a vida, temos a igreja que não admite o uso do preservativo em áreas em que seria absolutamente necessário...e reclama de tudo, mas oferece poucas soluções.

Então, vamos pegar nesses dois pequenos, mas incontornáveis detalhes que são a política e religião, para que alguém me explique umas coisas, ou que me dêem uma luz.

Adultério, segundo li no dicionário, para o cometer, são preciso pelo menos duas pessoas. É um acto ilícito contra a fé e as leis conjugais. É trair o cônjuge com outra pessoa. Até aqui a coisa vai bem né?
Então me expliquem uma coisa apenas...

....A iraniana Sakineh Ashtiani,desde 2006 esta presa com a acusação de ter cometido adultério, APÓS A MORTE DO MARIDO, com dois homens. Por conta disso, tomou logo de caras 99 chicotadas. Se o marido já tinha morrido, o grande crime seria de fornicação, não de adultério, ou a Sharia (o tribunal de leis islâmicas) tem um só significado para este tipo de comportamento... SÓ  para mulheres...


Porque até agora, por mais que eu procure, vasculhe e tente saber, não só nem sei quem são os dois bofes com quem ela supostamente se enrolou, como qual foi a pena dada à cada um dos prevaricadores. Um puxão de orelhas? Ficar ajoelhado em cima de grãos de milho? Cortaram o pirilau fora?? Umas palmadas no rabo?? Nada de nada, por mais que procure não acho qualquer informação seja da identidade dos meliantes como da pena aplicada. Mas parece que não ficaram satisfeitos... queriam uma execução por lapidação. Para quem não sabe, lapidação é um nome bonito para apedrejamento, uma coisa que ainda existe nos dias de hoje e que, se o leitor desejar e tiver estômago para isso, basta ir ao Tube e ver essa nojeira. Todos os apedrejamentos que vi, que conheço as histórias... são para as mulheres. 

De momento, mesmo com o repúdio de todas as nações, de convites de asilo político rejeitados pelo estado do Irão, a guerra agora se tornou político/religiosa. É velha questão do Mundo Ocidental (pagão que merece a morte) contra o Mundo Islâmico (retrógrado e falso moralista) fazendo a sua guerra.
No meio disto tudo, estão mulheres que, apenas tiveram o azar de nascer num lugar onde apenas e tão somente, a visão de um cabelo ao léu, solto e bonito seja considerado um pecado tão grande... que mereça umas valentes chicotadas. Porque infelizmente, os gajos são básicos e tão frustrados, que não conseguem controlar seus instintos e pulsões. O que me faz pensar que são básicos ao ponto de funcionar como animais, não só pelo comportamento instintivo como pela incapacidade de raciocinar. Ou um brutal medo do poder feminino.

Medo ao ponto de mesmo com toda a hipocrisia, permitir e ainda por cima abençoar casamentos polígamos ( e assim arrebanhar uma data de mulheres e as controlar) no mesmo mundo que repudia, penaliza e culpa uma suposta infidelidade ao marido morto. Há coisas que a minha Marineusa e Ceiça não conseguem entender de jeito nenhum...

Apareçam

Rakel.

Comentários

  1. Antes de mais, em relação ao preservativo e a igreja: a igreja só pode regular (para quem aceitar, claro) aquilo que reconhece, ora se só aceita o sexo dentro de um casamento católico, é só este k é regulado, o outro para todos os efeitos não existe, logo não pode criar regras para o que não reconhece.

    Agora em relação ao apedrejamento, já há 2000 anos era para ter havido um e foi um Homem (k ao k parece era um corajoso porque não tinha medo de nós, mas foi dos poucos) que, com uma simples pergunta, o impediu. Também não me recordo de lá estar o senhor com quem foi practicado tão horrendo crime.
    Sabes que, enquanto ambos os sexos se respeitavam com as suas diferenças a coisa funcionava bem. O problema é quando há um quer dominar, mas apercebe-se que o outro tem caracteristicas e "poderes" que escapam ao seu dominio e entendimento. (coloquei poderes entre aspas porque não estou a falar do sobrenatural, mas da intuição que toda a mulher tem).
    E é por isso que andamos há tantos milhares de anos, e muitas continuam ainda a sofrer, porque temos caracteristicas que o homem, por mais que tente, não consegue entender, dominar ou até ususpar.
    O que eles não entendem é k também têm caracteristicas k nós também não possuimos, mas enquanto um quiser ser o mais forte ..., vai dar sempre nisto.
    Ainda a propósito dos muçulmanos no seu livro "Furia Divina" o José Rodrigues dos Santos coloca na boca de uma muçulmana a viver em Portugal com a personagem principal uma pergunta/afirmação "Mas elas andam practicamente despidas e com os cabelos descobertos e nem por isso se vêm os homens descontrolados a atacá-las". Como é óbvio, a resposta que obteve foi ... uma chapada. É a resposta de quem não tem argumentos.

    Jinho

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  2. Catekista...mais razões me dás ao fazeres esse comentário, que logicamente, sabia que o assunto ia fazer-te comentar. É verdade, a ignorância e a falta de melhores argumentos tem como resultados imediatos o insulto verbal ou à violência física. Quando digo que a repressão e o controle das acções deveria ser uma coisa apenas pessoal e não medida pelo pecado... levo respostas tortas. Mas na verdade, as frustrações acumuladas e o medo, o medo do tal poder que falas é que leva que, ainda hoje, nos dias que correm, muitas meninas ainda sejam vítimas da excisão, uma barbaridade que tem como fim controlar, mutilar a vontade feminina.
    Tive um prof. de Filosofia, completamente marado da corneta, diga-se de passagem, que falava umas coisas muito interessantes...

    Ele dizia que cada vez que a humanidade alcança um apogeu a nível intelectual,social e tecnológico...descamba numa decadência de valores e vivências. E voltamos à estaca zero e recomeçamos a subida.
    Me pergunto se não estamos entrando numa nova fase de queda...

    Bjos

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