Vigilância 24 h...


Alguém já se deu ao trabalho de ler os pequenos anúncios que surgem nas páginas que a gente abre na Net? Na minha página da iol.pt aparece coisas que no mínimo posso dizer que são estúpidas.

"Saiba onde está a sua namorada através do telemóvel..." e depois explica que accionando um tal de um numero, pode-se saber o local exacto onde a dona do dito telemóvel está. Caraças... e tem gente que vai nessa, pensando que assim, com esse controle consegue manobrar uma relação. A tal da trela.

Uma coisa bem distinta é o interesse genuíno, que se traduz numa atenção simples do que a gente faz ou dos nossos estados de espírito. Outra bem diferente é o controle absoluto do que a gente faz, com quem fala, come e aonde vai.  E acho que ninguém gosta dessa marcação cerrada em cima do lombo.
Porque geralmente, quem faz controle não sabe avaliar os nossos estados de espírito, e confunde o cansaço de um dia cheio de pentelhices, entraves e assuntos pendentes... com outro tipo de cansaço.

" Isso é insegurança" já me disseram. Respondi que pra mim, insegurança é falta de papel higiénico. Só quem se viu nesse aperto é que sabe a insegurança que dá. Mas de qualquer modo, a insegurança não é base suficiente pra que nos revirem bolsos, malas, telemóveis, horários, chamadas incoerentes durante o expediente ou o PC analisado em pormenor. É ser um/a Grandessíssimo parvo/a. Pouca gente aceita a trela, a maior parte se debate e acaba por parti-la. Os que se habituam à ela, aproveitam as distracções pra dar uma escapadela.


E tem uma raça de mete-nojo , que além disso abre cartas, viola as passwords, faz-se passar por nós em conversas online e ainda esperam que isso só prove o quanto gostam de nós. Porque chamam a isso "cuidar do que é nosso". Me desculpem, isso é tudo menos cuidar...isso é nojento.

Pra já porque ninguém é dono de ninguém, e lá vem a tal da cumplicidade que dá espaço suficiente, uma abertura generosa de diálogo. Essa abertura convida à troca de ideias, de anseios e sonhos...mesmo pra quem diz que não sonha. E dá espaço para que uma pessoa tenha um lado que seja só seu e que, só mesmo por vontade própria, abra para quem quiser.

Esse síndroma de chifrudo/a, que vê cabelo em ovo, que encontra coisas e explicações onde não existem...é cansativo. Na maior parte das vezes, se ultrapassam os limites do conveniente, do socialmente e mentalmente correcto com essas atitudes. É como se estivessem sempre apontando o dedo às culpas que nem sequer sabemos que temos.

Mas o que se há de fazer, quando vivemos numa época em que ver o Big Brother é o ponto alto da noite, ver a vida dos outros escarafunchada nas revistas, esse voyerismo de trazer por casa ridículo...Nada né?

E a gente sabe... a gente conhece a malta que com a desculpa de querer saber... escarfuncha a vida dos pares, e por vezes acha... e aí?' Fazer o quê? O que é pior? Encontrar o que procurava ou então fazer conjecturas sobre detalhes mal interpretados? Ou então justificar essa mania de detective privado?

Será que tem gente que não sente vergonha de se expor ao ridículo??

Será que falta muita auto estima, auto preservação, que empurre a passar por cuscuvilheira/ro na vida dos outros??

Será que a gente quer mesmo saber?

Apareçam

Rakel.

Comentários

  1. Em cheio, minha amiga. Parece que há estados de alma que só conhece quem passa por eles, não é?

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  2. Bellona... a gente cansou a beleza nisso né??

    Bjos

    Aparece sempre

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