Infelizmente, isto dos blogs anda murchinho e mal parado; no que há uma década atrás havia boa gente investindo, de maneira bastante pessoal nestes espaços de esbaldanço criativo, hoje contam-se pelos dedos os que teimam em continuar.
Sem dúvida isto das redes sociais e do fenómeno de dizer pouco e copiar muito tem atrofiado as mentes e facilitado um pouco o retorno da recompensa: os likes e partilhas.
No entanto, devo de dizer que ultimamente tenho-me lembrado de muitos que escreviam e publicavam coisas giras e interessantes e que agora saíram definitivamente do "ar".
Marla fechou os Crimes Perfeitos, o Artur do Me Permita nunca mais escreveu, assim como o Devil e o Rei Lagarto. O César e a sua teoria dos cogumelos e ervilhas como sendo vida extraterrestre que nos queriam dominar aposta apenas nas redes sociais e o tipo que não compreendia as mulheres que anda agora lá para leste e no maior desencanto.
Ficam paçocas, pipocas doces e salgadas a continuar num exercício de marca registada, com fraldas pelo meio e dando aquele sinal de conforto à quem gosta de voltar ao sítio onde não há surpresas e o boneco é sempre o mesmo, assim como as histórias. Bem hajam e muitas felicidades...
Um blog exige um bocadinho mais do que apenas colocar uma foto catita e meia dúzia de palavras. Pode ter um conceito minimalista ou profundo; pode apenas ser um testemunho de instantes da vida, provocador, jocoso, um boneco (personagem) bem montado, mas cabe sempre um bocado daquilo que somos e pensamos. Sempre.
Talvez por isso mesmo, é que eu sempre tentei não esquentar muito a minha cabeça com o que gera de opiniões sobre aquilo que escrevo e, principalmente, manter as coisas de modo simples e descomplicado. Há coisas muito mais sérias e importantes para andar a desgastar a minha cabeça do que em perrengas de blogs.
A minha intenção não é demover ou construir "mudanças" ou "despertares"; a coisa aqui é mesmo jogar conversa fora e apenas ginasticar ideias. Por isso mesmo que nunca tive inclinação para pespegar anúncios de qualquer espécie para ganhar dinheiro. Nem adicionar links de instituições ou movimentos (e perdoem-me os repórteres sem fronteiras por não colocar ali do lado o vosso link apesar da vossa simpatia e da minha por vós) que eu tenho algum respeito. Isso é um assunto particular, escolha minha apoiar ou ser apologista. Não me compete de maneira nenhuma estar aqui a tentar arrebanhar público para causas: as causas num mundo de informação de hoje é fácil de perceber e cada qual escolhe aquilo que mais lhe convém. Gosto do sarcasmo, de uma pontada de cinismo; isso sem dúvida alavanca uma série de possibilidades de escrita ou ideias.
Tomar a peito e deixar-me tomar de brios por causa de uma opinião divergente é no mínimo uma perda de tempo; ou então uma falta de encaixe e de maturidade extrema. Mas há quem exerça esse direito solene de fechar-se em copas quando as coisas não são de vento a favor. Fecham o estaminé ou limitam acesso, deixando apenas espaço para quem, como nas redes sociais, fazem likes e desfazem-se em elogios de circunstância. Mas lá está, cada qual come o que lhe convém e como tudo que incha, fatalmente há-de desinchar.
Lamentavelmente, os bons blogs e seus escribas estão aos poucos a deixar esse exercício criativo e dedicam-se ao fast food das palavras com brinde.
O que talvez acontecerá num futuro incerto, é que como todos os revivalismos e recuperações de hábitos esquecidos, enjoem dos piupius de 150 caracteres e instantâneos fotográficos e voltem a recuperar este vetusto hábito de se espalharem em inspirações e desenvolvimentos de ideias.
Tudo é um ciclo, não é?
Rakel.
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